tempo livre
na última semana de aulas não tivemos propriamente aulas. é verdade: final do 1º período, cansaço acumulado (da minha parte e dos pimpolhos) e toda uma energia canalizada para as férias e para as coisas mais natalícias.
houve dias em que o são pedro colaborou com bom tempo e acabámos por ir para o recreio brincar. levei alguns jogos (de mímica, eles adoraram) e combinámos que cada um poderia fazer aquilo que quisesse. houve quem jogasse à bola, quem apanhasse folhas caídas no chão, quem quisesse desenhar no caderno da filosofia... cada um podia escolher o que queria fazer.
nos dias em que o são pedro não colaborou - afinal, estamos em dezembro... é natural que haja frio e chuva! - ficámos na sala e as regras do tempo livre continuaram: podem fazer o que quiser, agradecendo que não corram nem joguem à bola. inventámos jogos, desenhámos, fizemos colagens. dentro daquele espaço que é a sala de aula, imperou a liberdade e a autonomia. e eu brinquei com eles.
a dada altura, o R. vem ter comigo e diz-me: "obrigada, joana, por nos teres dado este tempo livre todo". perguntei o porquê. a resposta: "andamos a aprender muitas coisas ao mesmo tempo, quase não temos tempo para descansar."
numa outra sala, um outro aluno confessou que "aprendemos tantas coisas com a professora [titular] que ficamos baralhados. e não temos tempo para pôr tudo em ordem."
falamos de alunos do 1º ano, do 1º ciclo, que já vão sentindo a pressão do tempo que não chega para tudo, dos TPC e de tudo aquilo que envolve o ambiente escolar.
a minha tarefa é ingrata: estou com eles entre as 16h30 e as 17h30 e por isso, dentro do que é a filosofia para crianças, opto por metodologias o mais lúdicas possível. afinal, já dizia o Heraclito qualquer coisa como: o tempo é uma criança que brinca e joga. brincadeira de criança."
que nunca nos falte o tempo para brincar.
que nunca nos falte o tempo livre.