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#FilosofiaAoVivo - Hipácia de Alexandria
24 de Abril - às 12h30
media partner: Rádio Miúdos
Aristocles, mais conhecido por Platão, foi um filósofo grego nascido em 428 a.C.
tinha 29 quando viu o seu mestre, Sócrates, julgado e condenado a beber cicuta por "corrupção da juventude". é através dos diálogos platónicos que conhecemos a figura de Sócrates, o ateniense que dizia "só sei que nada sei".
o primeiro texto que li, de Platão, foi o Fédon. o contexto? a cadeira de Filosofia do 12.º ano. todavia, já antes tinha lido a Alegoria da Caverna, que faz parte do texto A República, nas aulas do 10.º ano.
a Alegoria da Caverna é um texto clássico na iniciação à Filosofia, abordado nos programas de 10.º ano e que faz parte da obra A República, de Platão. ou de Aristocles, se preferirem!
a vida de Platão foi uma vida passada em diálogo: não são apenas os seus textos que o dizem . Platão fundou a Academia, uma escola filosófica.
"não entres aqui se não és geometra", podia ler-se na entrada da escola. esta destinava-se não só aos discípulos, mas também a todos aqueles que a procuravam. a Academia de Platão não era tanto uma escola de saber enciclipédico, mas mais uma escola de vida filosófica. o método de ensino passava pelo diálogo e talvez por isso na carta VII refere e sublinha a importância dos ensinamentos que ficaram somente pelo diálogo e que não foram escritos.
sabemos que Platão terá pretendido dedicar-se à política, todavia, perante a acusação e condenação do seu mestre, Sócrates, Platão terá recuado nesse intento:
"Vi que o género humano não mais seria libertado do mal se antes não fossem ligados ao poder os verdadeiros filósofos, ou os governantes do estado não fossem tornados, por divina sorte, verdadeiramente filósofos." (Carta VII, 325 c).
diz-nos Abbagnano que:
"o diálogo era pois (...) o único meio de exprimir e comunicar aos outros a vida da investigação filosófica. Ele reproduz o próprio andamento da pesquisa, que avança lenta e dificilmente de etapa em etapa; e, sobretudo, reproduz o seu carácter de sociabilidade e de comunhão, pelo qual torna solidários os esforços dos indíviduos que a cultivam."
o texto construído em diálogo é a melhor forma de se aproximar do discurso falado. trata-se de uma forma de envolver o leitor no tema do qual estamos a falar, na pergunta e na resposta, no vai e vem do discurso.
parte do livro A República trata daquela que é a tarefa do filósofo.
o filósofo ou a filósofa ama o conhecimento, no seu todo. o que entendemos por conhecimento?
"Aquilo que é absolutamente , é absolutamente cognoscível, aquilo que de nenhum modo é, de nenhum modo é cognoscível." (A República, 477 a).
a ciência corresponde ao ser. a ciência é o conhecimento verdadeiro.
a ignorância conhece correspondência no não ser.
entre um e o outro, ou seja, entre o conhecimento e a doxa, encontra-se o devir, onde encontramos a doxa (opinião). tanto a opinião como a ciência constituem o conhecimento humano; sendo que a doxa se refere ao conhecimento sensível e a ciência ao conhecimento racional.
quais são os graus do conhecimento, para Platão? Abbagnano apresenta-nos a seguinte leitura d'A República (livro VI, 510-11):
primeiro nível: eikasía [suposição ou conjectura], cujo objecto são as sombras e as imagens.
segundo nível: pistis [opinião acreditada, mas não verificada], cujo objecto são as coisas naturais, os seres vivos ou os objectos da arte.
terceiro nível: diànoia [razão científica], "que procede por meio de hipóteses partindo do mundo sensível" (Abbagnano) e cujo objecto são os entes matemáticos.
quarto nível: nòesis [inteligência filosófica], cujo objecto é o mundo do ser e que procede dialecticamente.
no nosso quotidiano encontramos muitas pessoas que, ainda que se encontrem no plano da eikasía, assumem que estão no plano da nòesis. são, na verdade, aqueles prisioneiros da caverna que se convencem que o que estão a ver é a realidade e não as sombras projectadas numa parede. não é fácil o papel de quem se liberta e enfrenta a luz do sol, fora da caverna, para caminhar no sentido do quarto nível de conhecimento.
este processo é doloroso, pois a luz provoca desconforto e faz-nos desejar a obscuridade de novo.
ao regressar à caverna, o prisioneiro que se libertou, é vítima de descrença por parte dos companheiros que permaneceram em "contemplação" das sombras.
ao reler a Alegoria da Caverna e a situação do prisioneiro que se solta não consigo deixar de encontrar paralelismos com a situação actual: a desinformação são as sombras projectadas na parede da caverna e os prisioneiros são aqueles nossos amigos e conhecidos que partilham "notícias", audios do whatsapp ou publicações sem verificar a fonte. esta verificação da fonte implica virar a cabeça, demorar-se um pouco mais na análise daquilo que nos rodeia e parar para pensar.
cada um de nós pode assumir este papel do prisioneiro que se solta, que se questiona pela origem das sombras e que lida com o desconforto da luz intensa. nos dias que correm e tendo em conta a infodemia que vivemos, eis os passos que podemos dar quando somos confrontados com uma "notícia" de origem duvidosa:
- verificar a fonte: é de um website? qual? o que é habitual ser partilhado por lá? é credível?
- verificar aquilo que é público no perfil de quem partilha: esta pessoa tem credibilidade perante a comunidade? que tipo de conteúdos costuma partilhar?
- pensar: esta informação é útil? vai ajudar alguém? quem?
e se não tenho tempo para fazer este processo, então é melhor não partilhar.
*
- Diané Collinson e Kathryn Plant, "Fifty Major Philosophers" - Routledge
- Platão, "A República" - FCG
- Platão, "Fédon" - Lisboa Editora
- Carlos H. do C. Silva, "Platão" - enciclopédia Logos
- Thomas Cathcart e Daniel Klein, "Platão e um Ornitorrinco entram num bar" - Dom Quixote
- Jostein Gaader, "O Mundo de Sofia" - Presença
para trabalhar com crianças curiosas: "A Aventura de Pensar", publicado na Edicare
#FilosofiaAoVivo conta com o apoio da Rádio Miúdos.
de segunda a sexta, às 16h, há emissões em direto com o João Pedro no estúdio e todos os miúdos do mundo que quiserem participar via telefone ou Skype ou WhatsApp, etc.
queres participar?
escreve para geral@radiomiudos.pt ou envia sms para o 965 191 518
o dia mundial da Filosofia comemora-se anualmente, na terceira quinta-feira do mês de Novembro. pode ler-se a seguinte mensagem, no site da UNESCO:
"Philosophy thrives on the human need to understand the world around us and identify principles by which to guide our actions. This ancient need is no less compelling today. Nearly 3,000 years after philosophy first emerged in China, the Middle East and ancient Greece, the questions raised in the pursuit of wisdom throughout the ages have lost none of their relevance or universality; in fact, quite the opposite is true.
In an increasingly complex world – one in which uncertainty prevails, societal changes and technological revolutions scramble traditional reference points, and we face huge social and political challenges – philosophy remains a vital resource. It allows us to step back and slow down and it lights the way ahead."
— Audrey Azoulay, Director General, Message on the occasion of World Philosophy Day
para assinalar esta data, eu e os miúdos da Rádio Miúdos preparámos um programa especial que pode ser ouvido durante o dia 21 de Novembro, às 10h e às 20h.
se souberem de actividades alusivas à comemoração deste dia, comentem ou enviem um e-mail para info@joanarita.eu - terei todo o gosto em divulgar!
uma vez por mês vou até aos estúdio da rádio miúdos, no bombarral, para gravar os programas "filosofia é coisa para miúdos".
nas últimas duas visitas fiz-me acompanhar de dois livros que, quanto a mim, são óptimas provocações para pensar: o livro dos grandes opostos filosóficos, de Oscar Brenifier, e a contradição humana, de Afonso Cruz. enquanto o primeiro foi concebido com intenção filosófica, entenda-se, faz parte da colecção de filosofia para crianças da Edicare, do professor Oscar Brenifier; já o segundo é um livro que sem ter sido redigido com esse propósito, apresenta um registo provocador, tal como se pretende numa oficina de filosofia para crianças e jovens.
a contradição humana talvez seja um dos meus livros preferidos do escritor e ilustrador Afonso Cruz. talvez não seja um livro para crianças e jovens: é um livro que os mais crescidos deviam ler no sentido de parar para pensar no que fazemos e dizemos, diariamente.
podem ouvir os nossos programas através da app ou aqui, no site da rádio miúdos.
a Rádio Miúdos é um projecto com o qual colaborei desde o primeiro momento. tenho muito orgulho nisso, devo confessar. é uma rádio feita para e por miúdos; é um projecto que influencia e muda a vida de quem passa por ele.
o empenho das "mini-'ssoas" é evidente na qualidade dos conteúdos que constroem, que partilham e também pelas emissões em directo que podemos acompanhar no site da Rádio.
e a filosofia também marca presença na programação. YEAH!
todos os meses rumo até aos estúdios da Rádio Miúdos para gravar o programa "a filosofia é coisa para miúdos".
podem ouvir tudo em radiomiudos.pt
sintonizem em www.radiomiudos.pt - também podem descarregar a app e ouvir onde quer que estejam
É um espaço para perguntas e respostas, para cultivar o espanto e o porquê. Aqui a filosofia é trocada por e para miúdos! Um programa de Joana Rita Sousa.
Terças e Sábados, às 4h00, às 12h30 e às 18h30.
Onde? Aqui mesmo, na Rádio Miúdos!
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