o livro "o museu do pensamento" está publicado na caminho e é da autoria de joana bértholo. as ilustrações estão a cargo de pedro semeano e susana diniz.
este livro já me acompanhou e inspirou no planeamento de oficinas de filosofia e já o levei à rádio miúdos.
motivada pelo desafio #12meses12portugueses lançado pelo perfil do João Oliveira, no instagram, resolvi voltar ao livro. voltar a ler um livro já lido é um exercício que gosto de fazer, pois é sempre uma oportunidade de descobrir algo de novo no livro.
para dar o mote ao desafio, partilho uma proposta para trabalho, em contexto de oficina de filosofia, a partir deste livro.
pensamento e beleza
tendo em conta que o livro é muito sumarento e provocador, vou escolher a p. 60: pensamentos feios, bonitos e as nuvens.
sugestão de trabalho:
* fazer uma leitura partilhada dessa página, com o grupo / a turma. como se faz a leitura partilhada? cada pessoa lê uma frase e depois passa-se a vez a outra. é importante definir a ordem da leitura antes de darmos início à mesma. este procedimento gera silêncio (se não ouvir posso perder o fio da leitura) e promove o respeito pelo ritmo de leitura de cada um.
* depois da leitura, dar tempo e silêncio para pensarmos sobre o que ouvimos.
* nesta fase podemos fazer uma das seguintes coisas:
- transformar a primeira frase da página numa pergunta. será possível?
"É importante poder escolher os pensamentos mais bonitos?"
e iniciar o diálogo com esta pergunta. os participantes podem responder sim, não ou não sei.
ou
pegar na afirmação "É importante poder escolher os pensamentos mais bonitos." e perguntar quem concorda e quem não concorda.
perguntar porquê será o passo seguinte.
(uma nota)
caso o grupo / a turma não tenha ainda desenvolvido a leitura, o texto poderá ser lido pelo aluno da sala.
imagino este texto a ser lido em sala da jardim de infância e a servir de base para um diálogo sobre pensamentos bonitos e pensamentos feios. ah! com um desafio no final: desenhar um pensamento bonito e desenhar um pensamento feio.
se por acaso levar a cabo esta proposta na sua sala (ou em casa, em família), diga-me como correu!
trata-se de uma ferramenta criada por Phil Cam e que nos permite gerar perguntas:
The purpose is to initiate and model the types of questions that can be used to produce in-depth discussion with communities just starting P4C. The Quadrant can be used to distinguish closed and open questions that relate specifically to the stimulus; or closed and open questions that stimulate intellectual curiosity. (North Lakes School)
no seu livro Creative Dialogue, Robert Fisher refere-se a esta ferramenta de pensamento, nas pp. 43-44:
Teachers report that the use of this tool improves the qualoty of critical thinking in your classroom. When the children have raised questions about the stimulus, they can use the Question Quadrant to identify which are the open-ended philosophical question.
as perguntas factuais são fechadas (requerem uma resposta) e as perguntas de conversação ou diálogo são abertas (têm várias respostas possíveis).
Peter Worley (The Philosophy Foundation) considera que as perguntas com maior potencial para o diálogo são aquelas que são conceptualmente abertas e gramaticalmente fechadas. numa conferência intitulada "How to corrupt youth" (online, 25.06.2020), Worley defendeu que os adultos e as crianças fazem os mesmos movimentos de pensamento, ainda que com níveis de sofisticação diferentes.
quando se refere à qualidade das perguntas que se perguntam, Worley sublinha que uma pergunta confusa e pouco planeada afasta os interlocutores da resposta.
perguntar é algo que se pode treinar e o quadrante das perguntas permite-nos realizar esse treino.
o Tomás Magalhães Carneiro enquadra o quadrante das perguntas na sua prática "espremedores de perguntas".
a versão de Laurance Splitter
em 2016, Laurance Splitter recupera o quadrante das perguntas e reflecte sobre o mesmo.
voltar a pensar nas perguntas já feitas
esta ferramenta, o quadrante das perguntas, permite-nos também "arrumar" as perguntas nessas quatro "gavetas" possíveis, num exercício de meta-pensamento, que nos leva a olhar para as nossas perguntas de uma outra forma. ou seja, podemos pegar em perguntas já elencadas pelo grupo (de crianças ou de adultos) e fazer o exercício, que consiste em arrumar essas perguntas no quadrante respectivo.
Parar para pensar – e para criar, DENTRO da caixa.
Eis o desafio destas oficinas, durante as quais os participantes terão oportunidade de dar largas à criatividade. Esta entende-se como algo que pode ser aplicado no quotidiano. O curso pretende dar ferramentas para que a prática da criatividade faça parte dos seus dias. Vamos a isso?
Durante estas oficinas vamos procurar pontos de criatividade no nosso dia-a-dia, desde a forma como organizamos o dia de trabalho ou uma reunião, ou a forma como criamos uma lista de comprar no supermercado. Apoiados em ferramentas da área da criatividade, vamos fazer pontes entre a teoria e a prática da criatividade, procurando tácticas que permitam tirar partido dessas ferramentas, na vida de cada um. O desafio: que cada um de nós olhe para o seu dia de uma forma nova, procurando gerir o tempo com um toque de criatividade. Aceita o desafio?
Autores de referência: Tony Buzan, Robert Fisher, Immanuel Kant e Edward de Bono.
TÓPICOS a) Caixa? Mas qual caixa? b) Mapear o pensamento c) Técnicas de criatividade para o dia-a-dia d) O diálogo como ferramenta de criatividade
Destinatários: adultos motivados para aprender e colocar a criatividade em prática
3 de junho, terça-feira, 18:30h - 21:30h 5 de junho, quinta-feira, 18:30h - 21:30h
Valor de inscrição: 25,00€
Com Joana Rita Sousa, Filocriatividade - Filosofia e Criatividade, formadora na área da criatividade, consultora na área da estratégia digital, filósofa e colecionadora de perguntas. __________ Inscrições: bit.ly/oficina-criatividade-
Parar para pensar – e para criar, DENTRO da caixa. Eis o desafio desta oficina, durante a qual os participantes terão oportunidade de dar largas à criatividade. Esta entende-se como algo que pode ser aplicado no quotidiano. O curso pretende dar ferramentas para que a prática da criatividade faça parte dos seus dias. Vamos a isso?
Autores de referência: Tony Buzan, Robert Fisher, Immanuel Kant e Edward de Bono.
TÓPICOS a) Caixa? Mas qual caixa? b) Mapear o pensamento c) Técnicas de criatividade para o dia-a-dia d) O diálogo como ferramenta de criatividade
Destinatários: adultos motivados para aprender e colocar a criatividade em prática
ONLINE | dias 19 maio e 21 maio, das 18:30h às 21:30h | 25,00€
Com Joana Rita Sousa, formadora na área da criatividade, consultora na área da estratégia digital, filósofa e colecionadora de perguntas.
a realidade (ir)real: pensamento criativo para o dia-a-dia - curso de 12h
Parar para pensar – e para criar: eis o desafio deste curso, durante o qual os participantes terão oportunidade de dar largas à criatividade. Esta entende-se como algo que pode ser aplicado no quotidiano.
O curso pretende dar ferramentas para que a prática da criatividade faça parte dos seus dias.
- oficinas de pensamento crítico e criativo, na livraria Culsete (em Setúbal)
"Vamos lá pensar!" é um ciclo de 5 oficinas de pensamento crítico e criativo com a duração de 2h por sessão e dinamizadas pela formadora Joana Rita Sousa.
A próxima oficina acontece no dia 28 de Fevereiro: Pensar (dentro e) fora da caixa
Público-alvo: Jovens a partir dos 14 anos e adultos
Um curso de dois dias que proporcionará ferramentas de criatividade com vista à análise e à resolução de problemas.
Seja na vida pessoal ou na vida profissional, as oportunidades para treinar o pensamento criativo surgem a toda a hora. Na teoria queremos fazer diferente, mas na prática faltam-nos ferramentas e algumas respostas a perguntas que começam por “como?”. Este curso pretende dar-te as ferramentas para que a prática da criatividade faça parte dos teus dias. Vamos a isso?
nesta oficina começámos por falar do papel do chefe da sala: o que faz? quais são as suas tarefas? descobrimos que o chefe da sala usa muitas vezes o chapéu azul, aquele que nos ajuda a organizar as tarefas e os pensamentos.
desta forma recuperámos o que já tínhamos visto sobre os seis chapéus coloridos que nos ajudam a pensar, a organizar o pensamento.
Bolinhas de Sabão
na companhia das Bolinhas de Sabão foi tempo de descobrir o livro Balbúrdia, publicado na Pato Lógico. o exercício foi simples, ainda que difícil: página a página vamos experimentar PERGUNTAR uma coisa sobre o que vemos ou DIZER uma coisa sobre o que vemos. as cartolinas coloridas ajudam-nos a anunciar o que vamos fazer e a ganhar consciência do pensamento. depois temos de ver se efectivamente o que dizemos é uma pergunta ou é dizer uma coisa.
nos passados dias 24 e 25 de janeiro estive em Faro, a convite da Biblioteca Municipal , para realizar oficinas no 1.º ciclo e oficinas para as famílias. pelo meio houve ainda uma formação introdutória à filosofia para crianças, destinada a professores, educadores, pais e agentes educativos.
o que é uma pergunta?
na oficina do 3.º ano estivemos a investigar "o que é uma pergunta?", procurando os critérios que fazem com que uma frase seja uma pergunta.
no final, uma das alunas disse: "quando vi o jogo pensei que ia ser fácil: é só ler uma frase e dizer. mas depois às vezes acaba por ser difícil."
neste jogo apressento uma série de cartas com frases escritas. temos de dizer se o que lá está escrito é ou não uma pergunta.
o que faz com que uma frase seja uma pergunta? para este grupo, isso acontece quando queremos saber uma coisa, quando queremos ter a certeza de uma coisa que já sabemos, quando há um ponto de interrogação, quando queremos saber da vida.
"eu concordo com a G., mas também não concordo"
já no 4.º ano estivemos a filosofar a partir de uma das propostas WonderPonder. a imagem passou por todas as pessoas presentes na sala e depois fizemos perguntas sobre o que vimos. o passo seguinte foi o de tentar juntar perguntas, de verificar se havia temas onde podíamos arrumar as perguntas.
houve momentos muito interessantes, nomeadamente quando a M. afirmou que concordava com a G., mas também não concordava. ao mesmo tempo! - o que trouxe uma oportunidade para analisarmos as razões que suportavam o concordar e o não concordar e verificar se podiam seguir juntas ou se eram incompatíves.
outro momento interessante aconteceu quando o R. disse: "eu não concordo com a G., e desculpa G., pois não é nada contra ti, é mesmo só com a tua proposta." - este momento serviu para sublinhar que nestas oficinas estamos a trabalhar com as ideias uns dos outros e por isso dizer "não concordo" não deve ser entendido como um ataque pessoal, mas sim à ideia.
FILHOsofia: filosofia para as famílias
com as famílias e as crianças (entre os 4 e os 7 anos) estivemos a trabalhar em torno de um dos meus jogos preferidos: "o que é uma pessoa?". uma vez que este jogo tem como base imagens/fotografias torna-se apelativo para esta franja etária. o objectivo é arrumarmos aquilo que vemos nas folhas numa de duas gavetas imaginárias: a gaveta da pessoa e a gaveta de não é uma pessoa.
no final da oficina para as famílias, falámos sobre o jogo que estivemos a fazer:
"foi giro nas coisas que tentámos descobrir"
"foi divertido e muito difícil"
"não gostei porque foi muito difícil"
"ajuda a reflectir em muitas coisas"
"foi muito divertido ver o que as coisas eram"
"foi muito curioso ver a resposta deles [das crianças]"
os porquês da palavra porquê
houve ainda uma oficina de introdução à filosofia para crianças e jovens, onde foram partilhados recursos de trabalho, exemplos de oficinas que permitem ilustrar que o diálogo que se pretende neste contexto é algo mais do que uma simples conversa. exige compromisso com o que dizemos, exige não ter pressa e não saltar passos no processo do pensamento, exige tomar consciência do que é dito, exige escutar os outros. sim, é muito exigente e, ao mesmo tempo, muito divertido.