oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri
oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri
Era uma vez um campeonato de crueldade é a última das quatro oficinas de filosofia visual do mês de julho.
gostaria de poder contar CONSIGO (recordo que as oficinas são intergeracionais, para pessoas a partir dos 8 anos) e por isso vou oferecer a participação a quem se quiser juntar ao grupo. para o efeito só tem de me enviar o seu endereço de e-mail para receber o link zoom (escreva-me para joana @ filosofiaparacriancas ponto pt).
a partir do perguntário ¿hay alguien aí? (Ellen Duthie - Wonder Ponder) navegamos entre perguntas e respostas sobre... a humanidade.
não são só os seres bíbopes que têm curiosidade sobre a humanidade, a humanidade também tem curiosidade sobre si mesma
como surgiu esta oficina de filosofia, pensada para famílias com crianças entre os 7 e os 11 anos de idade?
o contexto do livro ¿hay alguien aí?
o livro de Ellen Duthie é todo ele comporto por perguntas. estas foram lançadas pelos seres bíbopes que, tal como os seres humanos, são muito curiosos e querem muito fazer perguntas.
ora, como criar uma oficina de filosofia a partir de um livro cheio de perguntas?
antes de mais, li o livro atentamente para servir de guia à possibilidades de perguntas que se podem fazer sobre a humanidade. neste livro, surgem áreas temáticas também elas identificadas em termos de perguntas, por exemplo: como é a vossa relação com outros seres terrícolas? / os seres humanos são boas pessoas? / como é ser um ser humano? / como sabem aquil que sabem?
esta leitura atenta fez-me perceber que seriam muitas as áreas filosóficas que poderiam surgir neste diálogo caso o grupo decidisse ler algumas perguntas do livro para responder. ora, como me posso preparar para tudo?
não posso. como sou já uma facilitadora experiente e tenho formação na área da filosofia, não fiquei demasiado preocupada com esta questão. porém, recomendo que uma pessoa facilitadora que esteja a dar os primeiros passos invista tempo na preparação da oficina passe por uma preparação também ela filosófica, no sentido de nos dar uma noção dos conceitos, dos pensamentos que cada área apresenta.
recordo que o conteúdo filosófico, ou seja, o pensamento que outras pessoas filósofas já pensaram, não é o foco da oficina de filosofia. pretendemos que se pratique o filosofar durante a oficina. cabe à pessoa facilitadora estar preparada para reconhecer elementos filosóficos no diálogo.
pensei: hum, será que esta oficina de perguntas poderá transformar-se numa oficina de respostas? será que tem de acontecer assim?
pensar a oficina e a proposta de pensamento
talvez a oficina possa ser um perguntário e um respondário, no mesmo espaço e tempo. por esse motivo, fiz uns cartões com P (de pergunta) e R (de resposta) para que as pessoas participantes pudessem escolher o que queriam fazer. decidi não impor nem uma coisa nem a outra e deixar que as pessoas decidissem o que fazer, em conjunto.
o meu plano passava por começar a oficina com uma breve partilha do livro, contando que os seres bíbopes nos tinham visitado numa nave em forma de donut e que tinham deixado este perguntário dirigido aos seres humanos.
perguntário ou as perguntas que os seres humanos presentes numa certa oficina de filosofia para famílias fizeram sobre a humanidade
"o que podemos fazer? vamos ler as perguntas do perguntário sobre os seres humanos e dar respostas? ou vamos fazer o nosso perguntário sobre os seres humanos?" - perguntei.
uma das crianças disse: "penso que podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo, é o que costuma acontecer na filosofia." esta participante tem sido uma presença assídua nas minhas oficinas online e já tem alguma experiência em diálogos filosóficos. as outras pessoas na sala estavam a participar pela primeira vez num diálogo deste género.
as outras pessoas participantes concordaram com a ideia e foi aí que distribuí os cartões com P ou R para que pudessemos usar ao levantar o braço para falar.
a dinâmica aconteceu da seguinte forma: podíamos escollher P ou R, podíamos responder às perguntas uns dos outros, podíamos perguntar a partir das perguntas uns dos outros.
acabou por ser bastante orgânica a forma como lançámos perguntas, algumas sem relação entre si, movidos pela curiosidade. nalguns momentos, voltámos atrás nas perguntas para avançar com respostas ou dialogar sobre as mesmas.
eis algumas das perguntas do nosso perguntário, partilhadas pelas crianças e pelas pessoas adultas na sala:
porque é que não há máquinas para substituir o cérebro?
como é que a pele foi criada?
porque é que temos sentimentos e como?
de que é feita a água?
como é que o ser humano apareceu?
há algo de especial no ser humano?
quando pensamos em animais, pensamos no ser humano ou nos leões?
será que o leão sabe que é um leão?
será que nós sabemos que somos nós?
como é que o mundo apareceu?
quem foram os primeiros pais de tudo?
como é que o buraco negro apareceu se havia nada?
se não houver ninguém para ouvir um barulho, esse barulho existe?
dizer pessoa é o mesmo que dizer ser humano?
os Homens das cavernas eram pessoas?
qual foi o primeiro planeta de todos?
como é que os filhos podem ser pais?
há cães que têm uma profissão?
porque é que o livro tem um cão na capa?
há piadas que só nos fazem rir a nós e a mais ninguém?
curiosamente, estas perguntas variam entre questões sobre o mundo (na expressão de uma das crianças, do mundo planeta terra e do mundo universo) e sobre a origem das coisas. passámos algum tempo a tentar imaginar quem teria sido o primeiro ser de todos, no planeta terra.
se havia nada como é que começou a haver alguma coisa?
*
esta é uma das possibilidades de trabalho em oficina filosófica pontual (isto é, com um grupo com o qual não terei trabalho de continuidade) a partir do livro de Ellen Duthie.
se pretende mentoria para criar um projecto de filosofia para / com crianças a partir de recursos como este, contacte-me.
este artigo foi útil para si? apoie a filocriatividade através do buy me a coffee para que eu possa continuar a criar conteúdos destes e a partilhar no blog e nas demais redes sociais.
desta vez a partilha da ferramenta aconteceu num projecto de continuidade desenvolvido com a biblioteca escolar - centro de recursos poeta josé fanha.
a ferramenta foi apresentada numa turma do 9.º ano no sentido de procurarmos trabalhar a pergunta.
o trampolim para este projecto com a turma do 9.º ano foi o livro coisas que acontecem (de Inês Barata Raposo e e Susa Monteiro - bruaá editora). assim, os exemplos que levei para exemplificar a ferramenta com a turma partiram da história do livro. depois escolhemos um tema do interesse do grupo para exercitar as perguntas nos vários quadrantes.
os quadrantes do quadrante de perguntas
quadrante superior esquerdo: as perguntas de compreensão ou cujas respostas "estão lá" (no texto, na imagem, no diálogo, na série... e cujas respostas são consensuais ou aceites)
quadrante inferior esquerdo: as perguntas factuais ou que cabem aos especialistas (e às quais se obtêm respostas consensuais ou aceites)
quadrante superior direito: as perguntas que abrem para possibilidades (e para as quais se procuram respostas razoáveis)
quadrante superior esquerdo: as perguntas que convidam à investigação em conjunto e em diálogo (e para as quais se procuram respostas razoáveis)
(figura: Splitter, L.J., 2016. The dispositional ingredients at the heart of questioning and inquiry.
sobre a razoabilidade das respostas ou a observação habitual de que "a filosofia não tem respostas certas ou erradas", fica o convite para ler ou voltar a ler este artigo.
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se pretende trabalhar esta e/ou outras ferramentas de geração de perguntas, considere fazer parte do #ClubeDePerguntas.
as últimas duas semanas foram agitadas e sobretudo viajadas. tive a oportunidade de estar com crianças e jovens dos mais diversos contextos de ensino: jardim de infância, segundo ciclo e secundário. viajei até Torres Novas, Molelos, Venda do Pinheiro e Odivelas.
estas viagens incluíram projectos de continuidade e também oficinas pontuais de filosofia. há algo comum nestes trabalhos e que tem a ver com a razão para eu viajar até Torres Novas ou até Molelos: as pessoas. a mãe que me recomendou por acompanhar o meu trabalho na internet ou a professora que frequentou uma das minhas formações e sugeriu o meu nome. numa palavra: recomendação. que precioso que é o passa palavra!
e que precioso que é ouvir a professora Ana a dizer que a minha newsletter é muito útil e que tem aproveitado várias das sugestões nas suas aulas.
a filocriatividade foi um projecto itinerante desde o 1.º momento e essa característica tem-me permitido conhecer várias escolas, diferentes práticas, muitas pessoas (miúdas e graúdas) e também cidades, vilas e aldeias um pouco por todo o país (continente e ilhas).
nos últimos anos tenho viajado muito através do zoom, o que é igualmente enriquecedor.
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a quem recomenda o meu trabalho: muito obrigada!
[se pretende saber mais sobre uma eventual visita da filocriatividade à escola dos seus filhos, na biblioteca municipal ou noutros espaços, peço que preencha este formulário]
- oficinas #filocri de comemoração do #centenarioSaramago
joana rita sousa, 23.03.22
de janeiro a março as oficinas #filocri celebraram o #CentenarioSaramago.
na oficina do Platão (dos 7 aos 12 anos) trabalhámos a partir d'A Maior Flor do Mundo e nas oficinas philoTEEN (dos 13 aos 17 anos) trabalhámos a partir de palavras de José Saramago compiladas no livro Nas Suas Palavras.
jardim de pensamentos (e de pokémons)
uma das oficinas pensadas a partir d'A Maior Flor do Mundo, jardim de pensamentos, teve como ponto de partida uma miniestufa (ou waffle estufa, como foi chamada por um dos participantes).
se fosse possível semear palavras ou pensamentos, que palavras ou pensamentos gostarias de semear? que flor ou fruto iria crescer? e porquê semear essa palavra ou pensamento?
vários foram os pensamentos e as palavras que semeámos na miniestufa: alegria, o bom dia, os amigos, as amigas, tristeza, espectacular, ideia das hipóteses, viva, saudade.
nesta oficina trabalhámos a escuta, de forma a apurar se os pensamentos se assemelhavam de alguma fora, justificámos as escolhas e até discordámos. algumas pessoas não concordaram com a ideia de semear a tristeza por ser algo associado a maus momentos, outras consideram que esta faz parte da vida e temos de saber que existe, para aprender a lidar com ela.
uma nota
a oficina sofreu uma variação nas duas vezes que aconteceu: numa das oficinas pedi para semear palavras, na outra pensamentos. porquê a diferença? para compreender se o ponto de partida (palavra / pensamento) provocava mais ou menos dificuldade no processo. foi curioso que pedindo palavras ou pensamentos, os participantes eram muito sintéticos na sua escolha: indicavam uma palavra apenas ou três (como "ideia das hipóteses").
o que fazem ali os pokémons?
também falámos de pokémons, mas esta foi uma conversa paralela à oficina. temos fãs de pokémons na sala zoom e eu tenho um conjunto de tazos pokémons. é quando os participantes se repetem que vou tendo possibilidade de conhecer um pouco melhor os seus interesses e assim vou criando relação com estas crianças que só conheço via zoom.
até onde chega a oficina do Platão?
tenho pedido às pessoas que se inscrevem nas oficinas online para partilhar o local onde se encontram e desta forma compreender o alcance geográfico destas oficinas. até à data de hoje já participaram crianças de vários pontos do... mundo!
em Portugal: Lisboa, Porto, Coimbra, Bombarral, São Miguel, Braga, Maia, Almada, Cascais, Montemo-o-Novo, Vale de Cambra, Mafra, Oeiras, Vila Nova de Gaia, Oliveira de Azeméis, Sintra e Oeiras.
fora de Portugal: Luxemburgo, Brasil (Belo Horizonte), Cabo Verde (Praia).
a experiência das oficinas online tem permitido levar a filosofia junto de crianças que estão distantes umas das outras, aproximando os seus pensamentos e criando diálogo. que bela aventura!
estas oficinas #filocri / #CentenarioSaramago estão disponíveis para viajar até ao centro de estudos, à biblioteca escolar e municipal. para o efeito, basta que me contacte através deste formulário.
🧠 é com muito gosto que participo em actividades promovidas pelas bibliotecas (escolares e municipais). a biblioteca é um espaço onde me sinto acolhida e onde estou rodeada de objectos que adoro: os livros.
📚 para iniciar a semana da leitura estive na biblioteca escolar da EB da Venda do Pinheiro para dar seguimento ao projecto ler a pensar, pensar a ler. em parceria com a professora Jacqueline temos proporcionado momentos de encontro entre os alunos, os livros e os diálogos.
📚 hoje de manhã a webex levou-me até Almada onde me encontrei com duas turmas (5.º e 9.º anos) para duas oficinas de diálogo em torno do mundo, tecnologia e trabalho.
🗓 no sábado, dia 12 de março termino a semana com uma oficina de filosofia online, a oficina do Platão, para crianças dos 7 aos 12 anos. até ao final de março estas oficinas celebram o #centenarioSaramago. ainda há vagas (espreite AQUI).
☕️ 14 de março, 18h30-20h30 [online] café filosófico em parceria com a Bertrand Livreiros - para jovens e adultos
👉 oficina dialogar em sala de aula (filosofia para / com crianças e jovens) [online] início a 15 de março - informações junto da Bertrand Livreiros
👻 oficinas de filosofia para crianças (dos 7 aos 12 anos) e jovens (dos 13 aos 17 anos) [online], sábado dia 19 de março - informações: oficina do Platão e oficina philoTEEN
☕️ 28 de março, 18h30-20h30 [online] café filosófico em parceria com a Bertrand Livreiros - para jovens e adultos
💬 oficina de filosofia para famílias e café filosófico para jovens e adultos - parceria com a Malaposta (Odivelas) [presencial] 26 e 27 de março - informações AQUI
inventar o que já existe foi uma oficina que me surgiu após a leitura do livro A Maior Flor do Mundo, de José Saramago. li e voltei a ler o livro várias vezes para poder criar as oficinas que pretendem celebrar o #centenarioSaramago.
talvez por estar constantemente a estudar processos criativos, surgiu-me esta frase: "inventar o que já existe". a partir dela criei um jogo para o diálogo, que passava por espreitar a Inventolândia ou Museu das Invenções (São Paulo, Brasil).
a verdade é que nem tive possibilidade de apresentar o jogo, pois assim que apresentei o nome da oficina houve alguma estranheza quando à afirmação: inventar o que já existe não faz sentido. se já existe, vamos inventar o quê?
o diálogo começou assim, com esta estranheza e com outras perguntas: já inventaste alguma coisa? e como foi essa invenção? foi uma coisa nova ou foram coisas que já existiam?
descobrimos que o P. inventou um trompete a partir de materiais recicláveis, que o G. inventa desenhos, que a A. inventou um jogo novo, mas com um nome que já era de outro jogo.
arriscámos um entendimento do que é a invenção:
uma invenção é um conjunto de materiais que juntos formam uma coisa diferentee que podem ajudarou prejudicar a sociedade.
a partir daí fomos verificar se as nossas invenções cabiam neste entendimento. o primeiro problema: a L. inventou uma palavra nova, a partir de duas palavras que já existem. formou uma coisa diferente, é certo. mas as palavras não são materiais, já que materiais para nós são coisas que podemos tocar.
outras questões que surgiram: quando não temos a escova de dentes e lavamos os dentes com o dedo, estamos a inventar alguma coisa? inventar é uma coisa que vem do nada?
nesta oficina tentámos compreender o que era uma invenção e a partir desse entendimento verificámos se os nossos exemplos de invenção "cabiam" nesse entendimento - ou se precisamos de rever o nosso entendimento.
há dois tipos de invenções: aquelas que tiramos da nossa cabeça e surge do nada e aquelas que vimos num vídeo,por exemplo, e tentamos recriar.
durante o 1.º semestre de 2022 é possível frequentar acções de formação na área do diálogo filosófico, pensamento crítico e criativo, filosofia para/com crianças e jovens [parceria Bertrand Livreiros]: