- uma oficina de filosofia para imaginar possibilidades e dar razões
a proposta passa por pensar "e se...?", admitindo possibilidades e alternativas, por escolher entre o bom e o mau e apresentar razões para a escolha.
neste exercício os participantes na oficina do Platão, uma oficina de filosofia para crianças dos 7 aos 12 anos, tinham de "arrumar" algumas ideias no frasco das boas ideias ou no frasco das más ideias, explicando porquê. as ideias estavam escritas em cartas que seriam arrumadas num ou no outro frasco.
uma curiosidade: quando escrevi a ideia "ouvir os pensamentos dos outros" pensei na possibilidade de ouvirmos o que cada um pensa, sem necessidade de falarmos. como se fosse possível "espiar" os pensamentos das outras pessoas. um dos participantes fez uma leitura muito dentro do que se pretende no diálogo filosófico: "é bom ouvir os pensamentos dos outros, para sabermos o que pensam e podermos conversar com eles sobre isso." foi a única pessoa a interpretar dessa forma o que nos fez repensar nas ideias que estávamos a considerar.
nesta oficina trabalhamos habilidades de pensamento crítico e criativo, cumprindo com as regras do pensamento colaborativo: falar um de cada vez, respeitar o tempo do outro e pensar antes de pedir a palavra.
(oficina adaptada para o formato online, a partir da proposta de Sarah Stanley, capítulo Creating Philosophical Thinkers, no livro Why Think?, p. 91)
nota: em Abril continua a programação regular de oficinas online, aos sábados, para crianças e jovens. a oficina do Platão e a philoTEEN continuam em formato online.
numa das oficinas de filosofia destas últimas semanas falámos sobre sentimentos positivos e negativos. um dos participantes falou do arrependimento:
(joana) o arrependimento é um sentimento positivo ou negativo?
(d.) hummm é negativo. quer dizer, é um pouco dos dois. o arrependimento é bom, quer dizer que fizemos uma coisa mal e que queremos pedir desculpas.
(e.) eu já pedi desculpas sem estar arrependida.
(joana) já vos aconteceu haver assim um conflito, uma chatice entre dois meninos ou meninas e depois aparece o adulto e diz para pedir desculpas. nesse caso será que estamos mesmo arrependidos?
(f.) não, essas desculpas são só para o adulto nos deixar em paz ou para não sermos castigados. acho que não estamos mesmo arrependidos!
[oficinas do Platão, para crianças dos 7 aos 12 anos - inscrições disponíveis neste formulário]
o que acontece numa oficina de filosofia para crianças?
nestas oficinas é feito um convite para a prática do parar para pensar.
partimos de um tema ou de uma pergunta. por vezes é uma situação vivida pelos participantes que vai criar o ambiente de curiosidade ou um jogo proposto por mim.
a partir daí trabalhamos e exercitamos os músculos do pensamento (crítico, criativo e colaborativo).
pensamos com as nossas ideias e com as ideias dos outros, promovendo a escuta e a troca.
quanto tempo dura a oficina?
as minhas oficinas de filosofia têm entre 45 minutos a 1hora. depende das idades dos participantes. com os mais novos (jardim de infância, entre os 3 e os 5 anos) costumo apostar em oficinas de 45 minutos. com os mais velhos crio oficinas de 1h. se estivermos a falar de adolescentes ou adultos podemos manter a oficina durante 1h30, por exemplo .
as oficinas de filosofia online funcionam?
desde o verão 2020 que estou a dinamizar oficinas online. primeiro, estranhei. depois, entranhei. se pudesse escolher, manteria as oficinas de filosofia no formato presencial, pois há uma leitura inteira da presença de cada um: vemos o corpo todo, mexemos nos jogos, tocamos uns nos outros.
em ambiente #covid19pt não tem sido possível estar em roda com as crianças - ou com os adultos, à volta da mesa para um café filosófico.
o formato online tem sido uma surpresa: pela adaptação que exige em termos de preparação da oficina, pelo facto de permitir ter em sala crianças de Gaia, de Coimbra, do Porto, da Madeira, dos Açores e também do Brasil.
desde que consigamos garantir que os participantes estão à vontade com a plataforma, é possível fazer acontecer o diálogo e a escuta no formato online.
o meu filho nunca participou numa oficina de filosofia. como lhe explico o que é?
quando inicio uma oficina de filosofia com crianças que estão pela primeira vez, tenho por hábito perguntar o que pensam que vai acontecer e/ou o que é que os pais ou as mães contaram sobre a oficina. há pais que dizem só "vais ter uma oficina de filosofia" e não acrescentam mais. outras pessoas nem usam a palavra filosofia.
uma das formas de explicar o que se passa é dizer algo como "vais participar numa oficina onde poderás conversar com outras pessoas a partir de jogos ou de uma pergunta. também pode acontecer que haja um livro ou uma história."
as oficinas são um espaço de diálogo e de escuta - e procuro que haja um lado lúdico de forma a envolver os participantes. criar jogos para praticar o pensamento crítico e criativo, bem como o colaborativo, é um desafio para mim enquanto dinamizadora / facilitadora destas oficinas.
as crianças gostam?
nem todas as crianças gostam. quando isso acontece, há pais que insistem para ver se a criança se envolve com o processo de diálogo. há outras crianças que não voltam - e note que aqui o contexto a que me refiro são oficinas como aquelas que dinamizo em bibliotecas ou em espaços online, nas quais as pessoas se inscrevem.
quando trabalho em jardim de infância ou nas escolas, em trabalhos de continuidade, tenho a oportunidade de trabalhar com crianças que não gostam do diálogo e de procurar envolver essas crianças no diálogo.
as oficinas #filocri acontecem só para crianças?
as oficinas #filocri acontecem para miúdos e graúdos.
neste momento estou a dinamizar as seguintes oficinas online:
de muitas coisas: de limões, de felicidade, da possibilidade de mudarmos de nome, do que significa ser invulgar, do tempo e das memórias. oiça AQUI a reportagem da TSF.
para informações e/ou inscrições, contacte-me através do formulário.
no passado dia 27 de Fevereiro estive à conversa com a Mariana no programa filhos & cadilhos, no Porto Canal. falámos um pouco sobre as oficinas de filosofia para crianças e sobretudo sobre a oficina do Platão, para crianças dos 7 aos 12 anos.
as próximas oficinas já estão agendadas:
* 6 de março, às 11h
* 20 de março, às 11h
* 3 de Abril, às 15h
* 17 de Abril, às 15h
a oficina do Platão tem a duração de 1h e acontece aos sábados e de forma online.
- oficina do Platão para crianças dos 7 aos 12 anos
a felicidade
pretendia trabalhar o tema da felicidade, inspirada pelo livro Enciclopédia dos Verbos Felizes, de Marco Taylor. este livro fez-me ir à estante buscar um outro que também aborda a felicidade e a simplicidade: Selma, de Jutta Bauer. pensei em ler um ou outro no início da oficina, mas dei por mim a fazer uma agenda de discussão com exemplos de coisas que nos deixam felizes.
a leitura do capítulo Hapiness, no livro de Marietta McCarty, Big Little Minds, reforçou a ideia do trabalho em torno da simplicidade e das coisas que nos deixam (ou não felizes). este livro de McCarty é uma boa fonte de ideias para oficinas de filosofia, encontrando-se organizado por temas. a autora faz várias referências a filósofos. no tema da felicidade as referências são Epicuro e Charlotte Joko Beck; desta forma a autora procura dar suporte filosófico ao tema e também apresenta sugestões de trabalho com crianças e jovens.
mais uma vez, o quantos queres
listei oito exemplos de coisas que nos deixam felizes (ou não) e escrevi esses exemplos no interior de um quantos queres. estava desenhada a oficina:
- apresentar o livro Enciclopédia dos Verbos Felizes como inspiração para pensarmos sobre a felicidade e para a criação do jogo;
- apresentar o jogo do quantos queres: uma pessoa diz um número para brincar com o quantos queres, outra pessoa escolhe cor, eu leio o que está lá dentro e depois temos um tempo para pensar se aquilo que li é uma coisa que nos deixa felizes ou não e porquê.
o que é uma enciclopédia?
assim que li o título do livro do Marco Taylor eis que surgiu a questão. o que é uma enciclopédia?
pois é... não é claro para todos o que é uma enciclopédia. é parecido com um dicionário? é diferente? o que se procura lá? que aspecto tem? e foi nesse contexto que um dos volumes da LOGOS apareceu nesta oficina.
uma vez esclarecido este ponto começámos a jogar ao quantos queres.
não ter telemóvel - é uma coisa que te deixa feliz?
"depende" - foi uma das respostas ouvidas. depende do quê, exactamente? esta resposta foi bastante útil para explorarmos um pouco o que é que o "depende" quer dizer, já que é uma resposta comum. será uma forma de fugir à resposta? será que significa indecisão? será que é uma forma de pedir contexto para poder definir um posicionamento?
toda a oficina girou em torno do "não ter telemóvel". além de termos falado do modo como "usamos" o depende no diálogo, abordámos a questão do tempo que dedicamos à tecnologia, das coisas que o telemóvel nos dá, das coisas que o telemóvel nos tira - e da felicidade que isso nos dá (ou não).
a lista de coisas
uma vez que dedicámos uma hora inteira a pensar naquela ideia, no final partilhei as outras coisas que estavam no quantos queres:
- arrumar o quarto
- fazer os trabalhos da escola
- o cheiro de um bolo acabado de fazer
- a felicidade de um amigo
- não ter telemóvel
- crescer e tornar-me adulto/a
- apanhar chuva no passeio com o meu cão
- ter uma boa nota na escola
voltei à Enciclopédia dos Verbos Felizes para partilhar o livro com o grupo. abri página a página e partilhei as ilustrações do Marco. do outro lado houve sorrisos e também acenos com a cabeça, como que a dizer "não, não, isso não é algo que me deixa feliz". já não houve tempo para explorar concordo / não concordo nem as razões.
ficou a sugestão de cada um dos participantes fazer um quantos queres em casa para pensar sobre estas coisas (ou outras) .
hoje a oficina de filosofia para crianças e jovens terminou com a avaliação figuroanalógica. esta proposta de Angélica Sátiro consiste em usar imagens ou objectos no momento de metacognição, de pensar sobre o pensamento.
escolhi quatro objectos (ver fotografia).
um dos participantes escolheu o pisa-papeis pois é pesado e a oficina foi pesada.
perguntei porquê?
"porque estivemos a pensar muitas coisas e isso pesa na cabeça".
[ESP]
hoy finalizó el taller de filosofía para niños y jóvenes con una evaluación figurativoanalógica. esta propuesta de Angélica Sátiro consiste en utilizar imágenes u objetos en el momento de la metacognición, de pensar el pensamiento.
elegí cuatro objetos (ver foto).
uno de los participantes eligió el pisapapeles porque es pesado y el taller fue pesado.
¿Pregunté por qué?
"porque estábamos pensando muchas cosas y eso pesa en la cabeza".
[EN]
today the philosophy workshop for children and young people ended with a figuroanalogical evaluation. this proposal by Angélica Sátiro consists of using images or objects in the moment of metacognition, of thinking about thought.
I chosed four objects (see photo).
one of the participants chose the paperweight because it is heavy and the workshop was heavy.
I asked why?
"because we were thinking a lot of things and that weighs on the head".