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filocriatividade | filosofia e criatividade

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

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10 de Fevereiro, 2016

sobre as escolas "a tempo inteiro"

joana rita sousa

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o meu feed do facebook estava ao rubro com ESTA notícia. abordei o assuntoao de leve, no twitter.  

"isso, miúdos na escola das 8h/17h. mas com coisas giras p fazer. e ñ p estar sentados numa cadeira a ouvir a prof do Charlie Brown ..."

 

esse é o problema essencial, para mim. o tipo de escola que temos, as condições logísticas e acústicas que nelas encontramos. já trabalhei em escolas que eram casas e que foram adaptadas. há escolas onde não há um espaço livre para trabalhar com os alunos, uma sala para onde se possa ir e fazer actividades diferentes. noutras nem sequer há biblioteca. e o ginásio, o espaço para fazer educação física em segurança e com qualidade? nem se fala. há TANTO para fazer neste sentido, da  manutenção e da recuperação das próprias estruturas das escolas. 

 

(também há escolas públicas onde os crucifixos ainda se encontram na parede, por cima do quadro. mas isso são outros quinhentos, como diz o povo!)

 

depois surgiu este esclarecimento: 

"A tutela dirigida por Tiago Brandão Rodrigues esclarece que, “embora pareça que é uma coisa obrigatória, não é” e dá como exemplo as já existentes atividades de enriquecimento curricular (AEC), que os pais já fazem usufruto conforme a sua vontade.

“A única que é obrigatória é o horário efetivo da escola até às 15h30 e o horário letivo curricular, por assim dizer”, esclareceu fonte do ministério, indicando que a suposição em contrário “é uma redundância porque qualquer tipo de atividade extracurricular que a escola oferece é sempre uma opção”."

 

e começam as conversas em torno das AEC. e sobre o extracurricular e a necessidade da filosofia fazer parte do currículo. claro que a filosofia deveria fazer parte do currículo - a começar no jardim de infância - para mim, isto é muito claro. também é claro e importante que há necessidade de regulamentar tanta e muita coisa no que à filosofia para crianças diz respeito. ando há muitos anos a trabalhar nesse sentido, assim como outros amigos que trabalham nesta área, têm formação contínua, desenvolvem projectos e fazem investigação académica. todavia, enquanto esse dia não chega, opto por deixar sementes em todos os lugares onde as portas se abrem para acolher a filosofia. AEC, centros de estudo, ginásios, sociedades recreativas, livrarias: onde haja crianças e pais com vontade de descobrir os "trabalhos do pensar" que a filosofia pode promover junto de miúdos e graúdos - é aí que estarei, assim haja vontade e condições para o fazer.

 

nem sempre encontro as condições ideais para a prática, é certo. a verdade é que todos os dias faço o melhor que posso. neste caminho, tenho que lidar com situações como esta ou aquela. mas também com a mãe da J. que me diz: "sabe, eu pensei muito se devia deixar a minha filha frequentar as AEC, afinal já são muitas horas na escola... mas depois vejo que é a única forma deles terem actividades diferentes, o teatro ou a filosofia. e prefiro que ela fique e aproveite para conhecer outras coisas".

 

além disso, há isto. e outras coisas que me enchem o coração e das quais vos vou falando por aqui.