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filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

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12 de Março, 2023

sobre as diferentes formas de participação nos diálogos

joana rita sousa / filocriatividade

 

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"gostava de ter ouvido todas as pessoas"

"tenho pena que não tenha havido mais pessoas a participar"

"só falaram três pessoas" 

 

liberdade para não tomar a palavra

quando termina uma oficina de diálogo (ou oficina de filosofia) é comum haver uma observação sobre a quantidade de pessoas que participa. há a expectativa de ter toda a gente a levantar a mão para falar, bem como a expectativa de que a pessoa facilitadora faça uma espécie de chamada para que cada pessoa participe (seja criança, jovem, adulta).

a minha posição assenta na ideia de que as oficinas de filosofia são espaços de liberdade: para pensar, para escutar, para dialogar. nessa ideia de liberdade está implicada a liberdade para não tomar a palavra e permanecer à escuta. 

considero que fazer uma pergunta ou dar uma ideia pode significar uma grande exposição para algumas das crianças, jovens ou adultas que estão numa oficina. por isso, pode trazer algum desconforto ou pode ser necessário tempo para que a pessoa ganhe confiança. 

 

entender a participação de outra forma 

a participação não se reduz a colocar o dedo no ar para falar. Ellen Duthie menciona neste artigo alguns exemplos que nos ajudam a compreender outras formas de participar.

o exemplo da criança que não toma a palavra durante o diálogo e depois fala imenso sobre o diálogo em casa é algo com o qual já me deparei.

outro exemplo: a criança que fica em silêncio à escuta e toma a palavra no final da oficina, no momento de avaliação. 

no artigo referido, Ellen sublinha a importância de respeitar o ritmo de pensamento de cada um. nem todas as pessoas têm algo a dizer no momento da oficina, enquanto decorre. por vezes, a vontade de dizer algo sobre as perguntas ou sobre os temas surge mais tarde. já me aconteceu receber e-mails de pais e de mães a falar da forma como a oficina produziu bons diálogos em casa, algum tempo depois da oficina acontecer. 

Creio que o fundamental é criar um ambiente de partilha, agradável, estimulante e seguro para dialogar. Sem correr. Sem pressionar. Sem forçar. Dar tempo. E desfrutar desse tempo durante o qual paramos para pensarmos juntos. 

(Ellen Duthie)

 

para a pessoa que está a moderar o diálogo, a forma como chamamos ou não chamamos as diferentes pessoas à participação não tem uma receita única e pronta a aplicar.

depende do número de pessoas em sala, da intensidade das participações de dedo no ar que ocorrem, dos caminhos que o diálogo está a seguir e do tempo que temos para a oficina. é um desafio que se repete em cada oficina, com cada grupo e com cada pessoa que participa.