Quando as coisas desacontecem
de Alessandra Roscoe e Odilon Moraes (Alfarroba)
A Alfarroba publicou recentemente o livro Quando as coisas desacontecem, de Alessandra Roscoe e Odilon Moraes. O título captou a minha atenção, pois um dos meus livros preferidos de sempre é o Coisas que acontecem, de Inês Barata Raposo e Susa Monteiro (bruáa). Quando o encontrei na Festa do Livro em Belém não resisti e trouxe um exemplar comigo.
O verbo acontecer é fascinante. Usamos para indicar uma situação que foi provocada por uma certa acção ou para nos referirmos a um processo. Por vezes dou por mim a dizer "entretanto a vida aconteceu", como se fosse um processo que decorre fora de mim, um processo sobre o qual eu não tenho mão.
Outra expressão bonita é o "aconteceu-lhe um filho". Também já ouvi um "aconteceu-me um livro".
E quando usamos a expressão "vamos fazer acontecer"? O que queremos dizer com isso? Estaremos a assumir mão num determinado processo?
Regressemos ao livro de Roscoe e Moraes no qual encontramos esta citação:
"É preciso prezar a coragem das sementes. Apodrecer para inaugurar o futuro." (Bartolomeu Campos de Queirós)
O livro convida à observação e à escuta da natureza. O vai e vem das ondas é o elemento que provoca a pergunta na Gabriela: "O que acontece às coisas quando elas desacontecem?" A semente desacontece para se transformar num fruto. A pergunta desacontece para dar lugar à resposta. O silêncio desacontece para dar lugar à música. A vida desacontece para se transformar na morte.
Quando as coisas desacontecem é um livro perguntador, um trampolim para que perguntas aconteçam (e desaconteçam).
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Livros que dialogam com este livro:
🟨 Coisas que acontecem, de Inês Barata Raposo e Susa Monteiro;
🟠 Gato Comum, de Joana Estrela;
🟩 O Obstáculo é o Caminho, Ryan Holyday.
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