o que acontece quando nos escutamos
🎒 levei a mochila bem atestada de provocações para pensar com 4 grupos do jardim de infância com os quais iria estar para oficinas pontuais. pensei nalgumas possibilidades de trabalho, preparei temas e ponderei perguntas e caminhos.
🎒 tínhamos pensado fazer as oficinas na rua, mas tendo em conta o calor decidimos procurar um refúgio fresco numa sala gigante onde me sentei à espera das crianças e das educadoras.
🎒 chegou o primeiro grupo. sentámos em círculo e partilhei o bom dia em língua gestual portuguesa. "olá, o meu nome é Joana."
🎒 "há outra Joana aqui!!
🎒 "a minha mãe é Joana!"
🎒 "a minha tia é Joana!"
🎒 uau! há tantas Joanas no mundo! eu pensava que o meu nome era muito especial, assim único. e agora? será que posso fazer alguma coisa para ter um nome único no mundo?
🎒 "hummm, mudas o nome!"
🎒 a partir daqui explorámos ideias de nomes que podiam ser únicos no mundo. difícil! parece que há já muitos nomes que pertencem a várias pessoas. como descobrir um nome único? "se tu pensares um nome da tua imaginação!"
🎒 pedimos ajuda à imaginação e surgiu o nome Florinha. uau! um nome único no mundo.
🎒MAS... surgiu-me um problema que partilhei com o grupo: quando saí de casa eu era Joana e disse "até logo" às pessoas que me conhecem como Joana. agora vou regressar a casa com o nome Florinha. será que as pessoas ainda me vão conhecer?
(...)
🎒 as minhas propostas ficaram dentro da mochila e o diálogo seguiu em torno das questões da identidade (quem sou eu?) e da sociedade (eu e os outros).
🎒 o que acontece quando nos escutamos: abandonamos as propostas e os planos e desenhamos o diálogo a partir dos contributos que são dados no momento. citando Marina Santi, it's all about jazz.
[oficina com crianças de 3 e 4 anos, junho 2023]