(mais) 10 livros para trabalhar nas oficinas de filosofia (para crianças e jovens)
o livro é um objecto que estimo e que não dispenso. gosto particularmente do gesto de abrir o livro e ir descobrindo as suas páginas.
e o cheiro dos livros?
há mais alguém fascinado com o cheiro dos livros, por aí?
depois do artigo 10 livros para trabalhar nas oficinas de filosofia (para crianças e jovens) surge a sequela, onde apresento um outro conjunto de 10 livros. garantidamente, continuarei a escrever sobre o tema e a fazer recomendações sobre os livros provocadores.
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- A Máquina dos Ses - Peter Worley, Edições 70
o Peter Worley pertence à The Philosophy Foundation e tem bastante trabalho publicado na área da filosofia (para crianças e jovens). este é um dos seus livros que me acompanha na construção de jogos e de propostas para filosofar. já tinha a versão original e fiquei bastante contente com a decisão das Edições 70 em publicar a tradução portuguesa.
- A Contradição Humana - Afonso Cruz, editorial Caminho
para mim, enquanto leitora, os livros do Afonso Cruz são sinónimo de provocação. enquanto facilitadora de oficinas de filosofia (para crianças e jovens), o sentimento é o mesmo. A Contradição Humana é um livro com várias histórias, que podem ser trabalhadas individualmente, pelo grande grupo. também podemos dividir o grande grupo em grupos mais pequenos e cada um trabalha uma história, para partilha posterior.
as possibilidades de trabalho são várias e o processo pode ser uma verdadeira descoberta de contradições que nos fazem humanos (demasiado humanos?).
- 29 histórias disparatadas - Ursula Wolfel e Neus Bruguera, Kalandraka
foi o título que me chamou a atenção para este livro. histórias disparatadas parece-me provocador, em si mesmo. ao abrir o livro confirmei a minha intuição: que delícia de livro! não quero ser spoiler, por isso não vou contar os disparates das histórias. digo apenas que dão que pensar.
- A Grande Questão - Wolf Erlbruch, Bruaá Editora
o que mais gosto neste livro? não tem perguntas e chama-se "a grande questão". é bom para fazer um exercício de "rewind": que pergunta pode ter dado origem a esta resposta? qual é, afinal, a grande questão?
- Uma Mesa é uma Mesa. Será? - Isabel Martins e Madalena Matoso, Planeta Tangerina
este livro apresenta-nos uma diversidade de perspectivas sobre um objecto tão comum como uma mesa. afinal, o que é uma mesa? o que pode ser?
- O livro negro das cores - Menena Cottin e Rosana Faría, Bruaá Editora
o título fala por si. a descoberta deste livro, por parte das crianças, é uma experiência que vale a pena.
- O Livro da Avó - Luís Silva, Edições Afrontamento
não são muitos os livros infantis que eu conheço que falam da morte e o livro da avó consegue fazer isso de uma forma belíssima.
- A história que acaba bem, a história que acaba assim-assim, a história que acaba mal - Marco Taylor
o Marco Taylor provoca-nos a escolher o final de uma mesma história. dá mesmo muito que pensar este "acaba bem", este "acaba mal" e o assim-assim. estou com muita vontade de trabalhar este livro (ou este 3 em 1) em oficina de filosofia. já estou a preparar oficinas nesse sentido.
- O dia em que os lápis desistiram - Drew Daywalt e Oliver Jeffers, Orfeu Negro
há já alguns anos que este livro me acompanha. recordo-me de uma oficina de filosofia em que fizemos a leitura do livro, eu e uma turma de 2.º e 3.º anos do 1.º ciclo e a conversa durou várias semanas. o que aconteceria se os nossos lápis de cor desistissem? que razões apresentam eles para desistir: são razões válidas?
- O que vês, o que vejo - Inês Marques e Madalena Moniz
este livro não será propriamente um livro, no sentido clássico do termo. encontrei-o por acaso, pois a edição foi limitada. trata-se de um livro que permite uma abordagem diferente da própria leitura e que ajuda a responder e a experienciar a pergunta: quantas formas há para ler um livro?
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[para as famílias] sugestão de trabalho a partir de um livro:
- leitura partilhada do livro: cada pessoa lê uma página do livro, por exemplo;
- no momento seguinte, cada uma das pessoas da família constrói um mapa mental da história. os mind maps - tal como Tony Buzan os concebe - devem ter desenhos e símbolos, pelo que se recomenda a prática do "dar asas à imaginação".
nota: vão precisar de folhas lisas (A3 ou A4) e de lápis de cor ou canetas de feltro.
depois de terem os mapas mentais individuais, podem partilhar com todos, para ver quantas perspectivas sobre a história existem.
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tem sugestões de livros infantis que sejam filosoficamente provocadores? partilhe nos comentários.
aproveite para ler o artigo Como trabalhar perguntas filosóficas com o seu filho?
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