filosofia no quotidiano
o livro de Roger Pol Droit, 101 experiências de filosofia quotidiana, contém várias sugestões para praticarmos o filosofar. hoje partilho consigo uma dessas sugestões.
#77 - ouvir a sua voz gravada
- grave a sua própria voz, lendo uma página de um livro ou até este mesmo artigo e depois oiça a gravação.
Fica-se sempre espantado.“Esse sou eu?” A sua própria voz parece-lhe demasiado grossa ou grave, lenta ou rápida, mal colocada. A gravação reproduz, no entanto, correctamente a voz dos outros. Mas não a sua. (…) Nunca um ser humano, no mundo de outrora, podia ouvir a sua própria voz como os outros a ouviam. Tal como não conseguiam ver a própria imagem como os outros a viam. Esse descentramento, as máquinas tornaram-no possível, com a ajuda dos instrumentos, que a nossa intimidade é ignorância. A técnica ajuda a filosofia. Ela leva uma pessoa a interrogar que aparência reter: a que nos dá, de dentro, uma imagem de nós próprios ou a que parece objectiva e é gravada? O mesmo problema é válido no que se refere à cara, aos pensamentos, à globalidade dos comportamentos. E permanece indefinidamente sem resposta. E surpreende sempre. (pp. 167-168)