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filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças | formação (CCPFC) | cafés filosóficos | mediação cultural e filosófica | clubes de leitura | filosofia, literatura e infância

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22 de Agosto, 2024

esqueça a perfeição. aposte as fichas todas na imperfeição.

- reflexões avulsas a partir do livro Potencial Escondido de Adam Grant

joana rita sousa

 

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Tenho aprendido muito com o psicólogo organizacional Adam Grant. Um dos meus livros preferidos é o Pensar Melhor que tem sido uma referência para mim nos cursos de pensamento crítico e criativo. 

Estou ainda a ler o Potencial Escondido e já tenho muitas notas registadas no livro, bem como em post its. Eis algumas dessas notas.

 

Recuar é essencial

Por vezes quando sugiro às pessoas formandas que apliquem as estratégias de diálogo em sala de aula, tenho a noção que as pessoas têm receio de falhar. Faz parte do processo de experimentar uma coisa nova. Nas pp. 134-135 o autor fala de recuar para seguir em frente. Recuar significa "descartar o nosso plano actual e começar de novo". É natural que a implementação de um método novo ou de estratégias novas provoque a sensação de que estamos a andar para trás. Já eramos bons naquilo que fazíamos e agora, à conta da inexperiência que temos com os novos processos, não somos assim tão bons. A regressão é importante pois permite dar lugar à melhoria (p. 136). Para que isso aconteça temos de abandonar a ideia de que recuar é desistir.

 

Os estilos de aprendizagem são um mito

"Precisamos de abraçar o desconforto de nos perdermos.", diz Grant. E eu engulo em seco, já que não sou nada fã da expressão sair da zona de conforto. Para mostrar como sou uma leitora atenta dos seus livros predisponho-me a voltar a pensar ou a pensar melhor sobre esta ideia de sair da zona de conforto. Na p. 44 Grant abala o mito da teoria dos estilos de aprendizagem que se tornou bastante popular. O autor não nega que as pessoas tenham um estilo preferido para aprender, ou seja, para aprender conhecimentos e competências. O que a investigação mais recente mostra é que essa preferência altera-se e que apostar numa aprendizagem focada somente nos pontos fortes fará com que não possa melhorar os pontos fracos: 

O modo como gosta de aprender é o que o deixa confortável, mas não é necessariamente a melhor forma de aprender. Por vezes, até aprende melhor num modo que o deixe mais desconfortável, uma vez que tem de se esforçar mais. Esta é a primeira forma de coragem: conseguir abraçar o desconforto e atirar o estilo de aprendizagem pela janela.

Enquanto pessoas educadoras temos de encontrar o método certo para a tarefa e não propriamente para a pessoa. Isso pode causar desconforto, o que não significa que não provoque aprendizagem. 

 

A imperfeição é a nossa melhor amiga

Apontar para a perfeição implica querer agradar a toda a gente. Quantas vezes não li o feedback das formações e ignorei 15 elogios por ter recebido um comentário negativo? Há algum tempo que tento contrariar isso repetindo para comigo: "Joana, não podes agradar a toda a gente, da mesma maneira." Claro que se das 16 pessoas formandas, 15 se queixarem... então aí algo está mal. Porém, um ou outro comentário negativo confirma a ideia de que sou imperfeita - e está tudo bem com isso.

Aprenda, então, com o resultado de oito esdtudos: as pessoas não julgam as suas competências com base num único desempenho. É o chamado "efeito das implicações exageradas." (p. 97)

Mesmo que durante a acção de formação haja uma sessão que corra menos bem, isso não condena o resto da formação.

De acordo com Grant, uma pessoa imperfeccionista mantém "a disciplina ao decidir quando pressionar para conseguir o melhor e quando se contentar com o suficientemente bom." (p. 83)

A imperfeição é a nossa melhor amiga, até porque nem todas as pessoas podem ser como a Beyoncé.

 

"Ainda não estou preparada." Então e quando vai estar?

As minhas formações sobre pensamento crítico começam com tarefas simples e que deixam as pessoas desconfortáveis. Oiço algumas vezes as pessoas a dizer: "Ah, mas eu não estou confortável com isto, não estudei o suficiente." Não há problema. As minhas formações são espaços de prática e, com o tempo, as pessoas vão substituindo o conforto pelo desconforto:

Poder começar a criar código no primeiro dia, a ensinar no primeiro dia, a dar treinos no primeiro dia. Não precisa de se sentir confortável antes de poder praticar as suas competências. O seu conforto cresce à medida que as pratica. (p. 59) 

Por vezes as pessoas dizem: "Ah, mas não me sinto pronta para começar a fazer isto em sala de aula." E Adam Grant responde: "Se esperarmos até nos sentirmos prontos para abraçar um novo desafio, talvez nunca comecemos a persegui-lo."

 

*

Para já, estas são as notas e reflexões que fiz a partir deste livro. Julgo que voltarei a falar deste livro aqui no blog.

Boas leituras!

 

Potencial Escondido / Autor: Adam Grant / Tradutor: Leonardo Cascão / Vogais