Enquanto vamos sobrevivendo a esta doença fatal
- a importância dos diálogos sobre a morte -
[a água em vez da cicuta]
Em entrevista ao podcast Pergunta Simples falei da pergunta que me apoquenta: a finitude. De vez em quando lembro-me da (filosófica) ideia de que filosofar é um treino para morrer, à boa maneira do Sócrates que bebeu a cicuta com a leveza com que eu acabei de beber uma caneca de água. A cicuta de Sócrates aproximou-o da morte; a água que bebo procura afastar-me dela, manter-me viva e hidratada.
Enquanto vamos sobrevivendo a esta doença fatal é um livro sobre a morte, assinado por Nelson Nunes para quem a morte se apresenta como um grande ponto de interrogação. Nelson pergunta pela morte, conversa com outras pessoas sobre a morte, pensa sobre a morte, escreve sobre a morte. A morte. Essa palavra que só parece bonita quando se fala em "morrer de amor".
[a morte e a filosofia]
Assim que li que o Nelson Nunes tinha conversado com o professor António de Castro Caeiro, corri para encontrar esse capítulo. É um dos muitos capítulos onde encontramos diferentes conversas e pontos de vista sobre "aquela cujo nome não podemos pronunciar."
Partilho um excerto:
Em grego, "filósofo" significa "o que é obcecado pela transparência". Ou seja, por defeito, estamos numa situação de opacidade, de falta de transparência, de ignorância. Ao reconhecer isso, a pessoa que filosofa procura obter esclarecimento e entender a sua própria situação. A morte corresponde a essa opacidade, a esse encobrimento. (p. 227)
Um pouco mais à frente, Caeiro fala-nos da filosofia como um encontro entre quem está a viver o mesmo que nós. Entre conversas e perguntas, faz-se filosofia para que a opacidade possa ser menos opaca e mais transparente.
[perguntar e conversar sobre a morte]
O livro de Nelson Nunes é necessário para que possamos abrir o diálogo sobre a finitude. Diria que este livro pode ser precioso para quem pretende ganhar confiança e falar sobre a morte junto de crianças e jovens.
Our findings are in line with previous research, according to which adults often find talking about death and dying to be a challenging endeavor and choose to avoid the topic altogether or use euphemisms such as resting (...) or being in heaven (...).However, the adults’ confusing messages about death may lead to unintended conse-quences. For young children, for whom biological death is a phenomenon to be explored and understood, cultural narratives that adults consider reassuring or emollient can be mis-leading and worrying. Euphemism such as "he has gone to heaven’, ‘left us’,‘ laid to rest’, and‘ what are they doing up there?’ may for a child imply that the dead can return. Previous research on how children understand death suggests that discussing death and dying in biological terms is the best way to alleviate fear of death in young children’ (Slaughter and Griffiths 2007, 525). Our examples show that children neither avoid talking/asking about death norfind death a sensitive topic. Thus, child centered pedagogy and dialogic teaching could be used as a way of teaching about biologic death.One of the prerequisites for purposeful teaching about death is a didactic awareness in designing the content. Early childhood education would benefit from the findings within cognitive research on young children’s understanding of biologic death and the implications of trying to protect children from the realities of life.
_ The Skull, de Jon Klassen
_ e o livro ainda por publicar ¿Así es la muerte? de Ellen Duthie , Anna Juan Cantavella e Andrea Antinori.