Como trabalhar perguntas filosóficas com o seu filho?
- um artigo de Lukasz Krzywon, traduzido por Joana Rita Sousa
O que é a felicidade? O universo tem um fim? O que é a vida?
Alguma vez investigou as grandes questões da vida com o seu filho ou a sua filha? A filosofia, que significa "o amor pela sabedoria", faz estas perguntas há mais de 2500 anos. Desde os primeiros filósofos gregos até agora, a curiosidade dos seres humanos não parou de crescer. E quem é mais curioso do que uma criança?
A disposição natural das crianças para se espantar precisa ser cultivada e encorajada para que possa florescer. Ainda que haja professores fantásticos por aí que inspiram os seus alunos, no geral as escolas não são sempre o lugar fértil para a investigação e para o espanto, mas sim para a repetição e para o aborrecimento. Os professores apresentam as suas respostas prontas que precisam ser memorizadas. Frequentemente, é a necessidade de seguir um programa que se torna a prioridade sobre a necessidade de exploração e de espanto de uma criança. Mas há um lugar para esta prática, algures...
Lembra-se da história do Robin Hood? Seria ele uma boa pessoa? Pode um ladrão ser uma boa pessoa? O que significa ser boa pessoa?
Por ser um praticanete apaixonado da investigação filosófica com crianças, gostaria de partilhar algumas sugestões que ajudam a avançar quando se encontra perante as grandes questões e ideias que a sua criança partilha, em casa.
1. Encontre uma pergunta que queira investigar. Assim que tiver a pergunta definida, enquanto pai, pode fazer esta pergunta à noite, no momento de leitura de uma história, ou mesmo durante o juntar - mas lembre-se que é frequente as crianças identificarem estas perguntas por si mesmas. As perguntas podem ser inspiradas por livros, filmes ou situações da vida, mas no campo da filosofia, procuramos as perguntas que não têm respostas simples, mas que nos levam a aprofundar a compreensão de algumas grandes ideias - a justiça, o bem, a beleza e a coragem, para mencionar algumas.
2. Convide a criança a explorar e trabalhar a sua resposta. O que queres dizer quando dizes isto...? Podes dizer-me algo mais sobre o assunto?
3. Peça e investigue exemplos. Podes dar-me um exemplo de uma pessoa que é boa? É justo comer metade do bolo quando o vais partilhar com mais dois amigos?
4. Recue no processo e foque a criança na pergunta à qual estão a tentar responder. Então... (inserir a pergunta principal)?
5. Peça argumentos e razões. Pergunte porquê. Podes dizer-me porquê? Porque é que pensas isso? Porque é que pensas que é assim? Porque é que é importante?
6. Faça de advogado do diabo. Tente discordar da criança de uma forma muito óbvia para testar o argumento e deixe que a criança prove que você está errado.
7. Pergunte à criança, como é que pode discordar de si mesma ou o que diria uma pessoa que pensa o contrário.
Recentemente conversei com Jason Buckley (The Philosophy Man, UK) que partilhou comigo esta metáfora. Filosofar com os nossos filhos é um pouco como fazer de conta que estamos a lutar com eles. Nós queremos que eles sejam resistentes no processo de luta, mas não queremos que fiquem oprimidos. Adopte uma postura lúdica e tire o melhor partido das conversas mais profundas. As crianças são capazes de nos surpreender e no final quem será que aprende mais?
Se procura alguma inspiração para investigar algumas perguntas filosóficas visite a série YouTube Thinking together at home, onde eu e os meus dois filhos (de 5 e 10 anos) fazemos algumas perguntas a partir dos nossos livros infantis preferidos. Gostaria muito de saber o que pensa sobre as nossas conversas.
Lukasz Krzywon - How to ask your child philosophical questions?
tradução de Joana Rita Sousa