como educar um filósofo - scott hershovitz
“You are not the boss of me,” Rex said.
“Yes, I am.”
“No, you’re not.”
“F*ck you.”
That’s it. That’s the whole story. Except I didn’t say “F*ck you.” Except in my head. And my dreams. Because nothing is more frustrating than a kid who won’t put on his shoes when it’s time to leave the house.
“Put on your shoes.”
Silence.
“Put on your shoes.”
Maddening silence.
“Rex, you need shoes.”
"No shoes.”
“Rex, you have to wear shoes. Put them on.”
“No shoes.”
“Put on your shoes.”
“Why?”
Because they protect your feet. Because they keep you clean. Because the whole world has a sign that says no shoes, no service. But also: Because I said so.
“No shoes.”
“Fine. We’ll put them on when we get there.”
(Parenting 101: Does “Because I Said So” Ever Really Work?)
*
📍 Nasty, Brutish and Short - adventures in philosophy with kids foi recentemente traduzido para língua portuguesa e editado pela Lua de Papel com o nome Como educar um filósofo.
📍 Conheci o livro e a edição inglesa num dos encontros da comunidade #P4Cthursday, um grupo internacional de formadores e facilitadores de filosofia para / com crianças e jovens.
📍 Chamou-me a atenção o humor das propostas para pensar que Scott Hershovitz apresenta no livro. Além disso, Como educar um filósofo convida a pensar tópicos que algumas pessoas considerariam difíceis: vingança, castigo, autoridade, sexo, género.
📍 A abordagem aos tópicos é pontuada pelas conversas entre Scott e os seus filhos, Rex e Hank, os pequenos (e grandes) filósofos que podemos conhecer através da leitura do livro. Para Scott, qualquer pessoa pode filosofar e todas as crianças o fazem. "If a kindergartner can do philosophy without reading Locke, we can too." (p. 6). Como?
The simplest way is: talk to your kids and encourage them to think deeply, all throughout childhood. Ask them questions and question their answers. The questions don’t have to be complicated, and you don’t need to know any philosophy to ask them. In fact, a set of stock questions will get you through most situations.
- What do you think?
- Why do you think so?
- What do you mean by . . .?
- Can you think of a reason you might be wrong?
- What is [punishment, justice, fairness—any idea will do]?
(Treat Your Kids Like the Little Philosophers They Are)
*
📍 O livro de Hershovitz encontra-se divido em três partes: making sense of morality, making sense ourselves, making sense of the world. Em cada uma dessas partes há temáticas distintas e profundamente filosóficas. Recomendo o capítulo 1 (rights) onde o trolley problem é abordado.
📍 O facto de Scott ter desenvolvido uma forte sensibilidade filosófica devido à sua profissão (o Scott é filósofo!) e de ter o hábito de dialogar sobre estas temáticas com os seus alunos (o Scott é professor) terá contribuído para que conseguisse sintonizar a qualidade filosófica das perguntas e das ideias dos seus filhos.
📍 Scott está verdadeiramente interessado naquilo que as crianças têm para perguntar e comentar. Essa disponibilidade e interesse muda a forma como encaramos as crianças e a infância. A infância não é apenas uma fase ou uma preparação para sermos pessoas adultas. A infância é um processo em si mesma.
📍 As crianças pensam e perguntam o mundo. como diz o Scott, não têm medo de serem consideradas ridículas. As crianças estão dispostas a arriscar uma pergunta ou uma explicação e se essas perguntas ou ideias não tiverem sentido, abandonam e pensam noutras perguntas e explicações. Isso é algo que cada um de nós pode aprender com as crianças e praticar no seu quotidiano.
Para quem quer saber mais sobre o livro, recomendo alguns podcasts disponíveis nesta playlist que criei sobre filosofia para / com crianças e jovens. Aproveite para conhecer outras pessoas que se dedicam a esta área, como Jana Mohr Lone.
[se pretende comprar este livro considere fazê-lo na wook, entrando na livraria online através do meu link afiliados. desta forma está a apoiar a filocriatividade e os conteúdos que aqui partilho. obrigada.]