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filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

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26 de Janeiro, 2017

coisas que acontecem nas salas de aula

joana rita sousa / filocriatividade

já partilhei por aqui muito do que se passa na sala de aula, quando estou a trabalhar filosofia para crianças em regime de AEC. o horário é aquele que todos "amamos" (atenção à ironia) e a presença das crianças ali tem várias motivações: os pais querem mesmo que os filhos vivam outras actividades que não se encontram no currículo (a filosofia, o yoga, o teatro), as crianças têm que ficar na escola até que os pais saiam do trabalho - entre outras, mais positivas ou mais negativas. 

com todos os prós e contras, a presença da filosofia, enquanto AEC, é uma forma de criar alternativas NA escola. 

 

há dias, numa turma de 1º ano do 1º ciclo deparei-me com um grupo muito agitado. tudo servia de motivo para se distraírem e não se focarem no trabalho do pensar (filosofia). pedi-lhes que se acalmassem com um exercício simples: largar o que tinham nas mãos e colocar estas em cima da mesa. fechamos os olhos e sentimos o silêncio. pedi várias vezes, num tom de voz "normal" = sem gritar. as vinte crianças à minha frente estavam noutro mundo. pedi, repetindo as mesmas palavras. e lá foram uns e outros acedendo ao pedido. 

e disse: "bom, estou a pedir a todos para nos acompanharem neste exercício, mas ainda há quem não esteja a ouvir. sem gritar, vou pedir de outra maneira."

e assim fiz.

"peço que larguem o que têm na mão e coloquem a vossa mão direita em cima da mesa, depois a mão esquerda. vamos fechar os olhos e ouvir o silêncio. e quem não fizer isto tem um recado na caderneta." 

acreditam que as palavras máginas "recado na caderneta" funcionaram? no sentido em que se seguiu um silêncio instântaneo. e lancei o desafio para pensarmos: por que razão vocês não acederam ao meu primeiro pedido e só o fizeram quando mencionei "recado na caderneta"? 

os meninos olharam uns para os outros. os seus olhos procuravam a resposta para algo do qual estavam a tomar consciência naquele momento. aproveitámos a calma instaurada para nos espreguiçarmos e tratar de arrumar o material: estava quase na hora do toque e não era oportuno começar ou sequer recomeçar os exercícios. 

 

apesar de dias menos bons considero que é possível levar este processo a bom caminho.

pequenos passos, todos os dias.

 

 

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