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30 de Outubro, 2023

abordar o tema da morte com as crianças

💀 falar sobre a morte é vital

joana rita sousa / filocriatividade

💀 a propósito do feriado que se aproxima convidei a Ana Santos para nos permitir parar e pensar na morte e nas formas de tratar a morte junto das crianças.

💀 a Ana é Psicóloga Clínica, Especializada em Intervenção no Luto (FMUL), Especializada em Psicoterapia com crianças e adolescentes (APTTCi); é uma das pessoas fundadoras da InLuto e Psicóloga no Serviço de Pedopsiquiatria do Hospital Fernando da Fonseca.

 

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395434360_10159727848181512_8760513692965477427_n-ilustração: Andrea Antinori para o livro  ¿ASÍ ES LA MUERTE?, de Ellen Duthie e Anna Juan Cantavella

(Wonder Ponder, em pré-venda

 

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Dia de todos os santos. Halloween. Dia dos mortos. Dia de não ir à escola porque é feriado… E, porque não, dia de educar para as emoções, para a vida e por isso (sim!) para a morte.

 

Aproveite este dia, as notícias na televisão, a azáfama das floristas e até das idas ao cemitério para explicar que em todos os países as pessoas encontram formas de pensar nas pessoas que já morreram. Porque o normal é terem saudades! Podem ter fotografias em casa, podem ir para um sítio que era especial, podem levar flores ao cemitério… E até podem, agora, ir juntos procurar que tradições existem noutras culturas!

 

Ora, em Portugal, o cemitério é um lugar especial para muitas pessoas, pois é o lugar onde se pode guardar o corpo das pessoas que morreram.

 

Sim, corpo. As crianças entendem melhor assim, do que se dissermos as pessoas morrem, vão para lá e para o céu. “Que confusão, como é que vão para dois sítios aos mesmo tempo?”.

 

E, na verdade, na morte, o nosso corpo deixa de funcionar. É como com as árvores, as flores, os animais… quando morrem significa que deixam de poder funcionar. Porque são seres vivos.

 

E, por isso, se estas pessoas foram sempre tão importantes para nós, queremos guardar num lugar especial (talvez numa caixa especial). “Então quero lá ir, posso?”. “Claro. A tua opinião é importante, deixa-me ajudar-te a pensar”. E descubram juntos como é esse espaço, como são os rituais fúnebres, o que vai ver, o que pode fazer se quiser vir embora… Dar espaço a participar e escolher é com dizer à criança “tu importas”, “tu estás segura”, “eu ouço-te”.

 

“E é possível voltar a viver?”. “Não, porque morrer não é dormir, estar doente ou desmaiar.” E ainda bem! Assim as crianças podem continuar a dormir e ver alguém doente sem temerem imediatamente a morte. Podem relativizar e ganhar controlo. Morremos quando o nosso corpo está muito, muito, muito doente ou com um problema muito, muito grave que não se conseguiu resolver ou tratar. É importante acentuar com as palavras para que a criança possa diferenciar e saber que quando estiver com febre, não significa que vai morrer.

 

“Mas isso é muito injusto… alguém morrer, tu também vais morrer?”. “Sim, é mesmo. É muito triste que morram pessoas de quem gostamos muito. Os adultos também ficam tristes e àsvezes assustados. Como toda a gente! É normal. E sim, todos os seres vivos vão morrer um dia. Mas sabes o que eu quero mesmo? Viver muitos anos contigo, brincar, ralhar, aprender, cuidar de ti e quando eu for velhinha quero que me desligues a televisão quando já adormeci no sofá.”

 

Resumindo, adultos: as crianças estão a viver a vida, a descobri-la com tudo o que faz parte e por isso podemos escolher se as queremos deixar sozinhas a pensar sobre as dores e dificuldades da vida ou queremos acompanhá-las nas perguntas, nas emoções e nas experiências de dor. Connosco estão mais protegidas se formos honestos e simples. Quanto mais pequenas forem, mais respostas concretas (nada poéticas, como ir directamente do hospital para o céu e transformar-se em estrela… Como assim? Como é que se faz isso?).

 

E quando não souber o que dizer, ou quando a emoção for muito intrometida, pode dizer isso mesmo “desculpa, não sei essa resposta”, “preciso de tempo para pensar”, “vou procurar”, “se isso é importante para ti eu vou descobrir e dizer-te”.

 

Ana Santos

Psicóloga Clínica  / Especializada em Intervenção no Luto (FMUL) / Especializada em Psicoterapia com crianças e adolescentes (APTTCi) / Membro fundador da InLuto / Psicóloga no Serviço de Pedopsiquiatria do Hospital Fernando da Fonseca

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