a navalha de Ockham
Falo muitas vezes da navalha de Ockham como uma ferramenta que nos ajuda a pensar com clareza.
O David Erlich partilhou esta publicação no seu instagram sobre um mini-ensaio proposto à sua turma.
O tema era a Alegoria da Caverna e era possível levar material de consulta, ainda que com alguns limites. A saber: o material só pode ocupar a frente de uma página A5, tem de ser manuscrito e tem de ser único (ou seja, cada pessoa teria de levar o seu). Há um limite de 20 palavras e é recomendado o uso de esquemas, diagramas, desenhos ou ilustrações.
O que o professor de Filosofia pede aos seus alunos e às suas alunas é que apliquem a navalha de Ockham, ou seja, que escolham as palavras essenciais para a criação do seu material de consulta. Por outras palavras, está a pedir que se livrem das palavras acessórias. Trata-se de um exercício de síntese que exige que a pessoa se dedique ao estudo, dominando de alguma forma o assunto.
Ao solicitar que o material seja manuscrito e único há um apelo ao exercício da escrita (usando palavras e símbolos, como se vê pelas imagens) que ajuda a memorizar:
“Statistically most studies on the relationship between handwriting and memory [including ones conducted in Japan, Norway and the United States] show that people are better at remembering things that they have written down, manually than on a computer,” says Naomi Susan Baron, professor emerita of linguistics at American University in Washington D.C. and author of Who Wrote This? How AI and the Lure of Efficiency Threaten Human Writing. (via National Geographic)
Escrever à mão é algo que exige o nosso foco:
“Holding a pen with our fingers, pressing it on a surface, and moving our hands to create letters and words is a complex cognitive-motor skill that requires a lot of our attention,” says Mellissa Prunty, reader in occupational therapy at Brunel University London who hasresearchedthe relationship between handwriting and learning. “This deeper level of processing, which involves mapping sounds to letter formations, has been shown to support reading and spelling in children, Prunty says. (via National Geographic)
O uso de ilustrações ou desenhos vai ao encontro daquilo que Tony Buzan defende nos seus Mind Maps, que passa por usar imagens no lugar de palavras ou expressões:
Substituir uma imagem mais normal ou enfadonha por outra mais significativa aumenta a probabilidade de relembrar. Pode igualmente recorrer a símbolos tradicionais. (Saber Pensar, Tony Buzan)
Por vezes, nos diálogos filosóficos que dinamizo encontro pessoas muito palavrosas. Por vezes, peço à pessoa para resumir ou sintetizar a ideia numa só frase, estipulando um limite de palavras. Neste caso é muito mais fácil fazer o exercício por escrito, para podermos observar o pensamento escrito e ✂️ cortar aquilo que é acessório.
Aprendi este movimento com Oscar Brenifier, num dos seus seminários. Ao princípio, estranha-se. Depois... entranha-se.
____
A Fabiana Lessa defendeu em 2024 uma dissertação sobre o uso de Mapas Mentais
no ensino da Filosofia. Para saber mais, consulte a dissertação nesta página.