a leitura é uma competência básica: como motivar para a leitura?
Adam Grant dedica um capítulo do livro Potencial Escondido à educação. Na p. 207 do livro sublinha a importância da leitura como uma competência básica para qualquer uma das disciplinas; competência para a qual é necessária motivação intrínseca.
Surge a pergunta: como motivar para a leitura?
A resposta comum a esta pergunta é: em casa. É importante ter livros em casa, porém isso não é suficiente. Ter livros nas estantes não basta; é fundamental que haja conversas sobre os livros, que os livros nos acompanhem nas viagens de carro ou de autocarro e que se visitem bibliotecas. Outro elemento fundamental: é importante que as crianças tenham oportunidade de presenciar a leitura de livros por parte das pessoas adultas. Quando uma criança nos vê a ler, está a assimilar a ideia de que ler é algo ao qual damos valor.
Por isso pergunto: o seu filho ou a sua filha costumam observá-lo/a a ler? E também pergunto: os/as professores/as comentam com os/as seus/suas alunos/as sobre os livros que estão a ler?
Reading will seem more like chocolate cake if it’s something that parents themselves take part in happily and regularly. “When I’m sitting there on my couch, reading a book, and my kids are doing their own thing, I like to think, ‘I’m parenting right now—they can see me reading this book,’” Russo told me. Similarly, Paul said that if “right after dinner, the first thing you do is scroll through your phone, open up your laptop, or watch TV,” kids are likely to take note. Parents are constantly sending their children messages with how they choose to spend their free time. (Joe Pinsker)
Há uns meses a minha afilhada, estudante do 6.º ano, procurava um livro para ler e apresentar na escola. A minha afilhada não é uma criança muito motivada para a leitura, pelo que sugeri que apresentasse uma novela gráfica ou uma banda desenhada. Acontece que a professora não aceita trabalho sobre "esses" livros. Compreendo que a professora queira motivar para a leitura; creio é que pretende forçar uma certa leitura, de um certo tipo de livros. Talvez por não conhecer que as novelas gráficas e as bandas desenhadas têm qualidade. Talvez por ser inflexível na ideia que tem da "literatura ideal" para as crianças.
Com esta atitude (e outras semelhantes) podemos estar a matar a motivação intrínseca para a leitura. Importa dar oportunidade às crianças e jovens para ler aquilo que lhes interessa:
É um círculo virtuoso: quanto mais leem por diversão, mais se desenvolvem e mais gostam de ler. E quanto mais gostam de ler, mais aprendem e melhor é o seu desempenho nos exames. A tarefa de um professor não deve ser assegurar que os alunos leram o cânone literário, mas sim fomentar o entusiasmo pela leitura. (Adam Grant, p. 207)
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Sobre a temática da leitura e da promoção da leitura, Adam Grant sugere os seguintes livros e pesquisas:
- Why Some People Become Lifelong Readers, de Joe Pinsker;
- Joint Book Reading Makes for Success in Learning to Read: A Meta-Analysis on Intergenerational Transmission of Literacy, de Adriana Bus, Marinus H. van IJzendoorn e Anthony D. Pellegrini;
- Moving Educational Psychology Into the Home: The Case of Reading, de Daniel Willingham;
- Raising Kids Who Read, What Parents And Teachers Can Do, de Daniel T. Willingham;
- A Meta-Analytic Review of the Relations Between Motivation and Reading Achievement for K–12 Students. de Jessica R. Toste, Lisa Didion, Peng Pen e Amanda M. McClelland;
- To Read or Not to Read: A Meta-Analysis of Print Exposure From Infancy to Early Adulthood, de Suzanne E Mol e Adriana Bus.