a filosofia está de volta ao jardim de infância
chegou o dia do regresso: eu e a mochila da filocriatividade voltámos ao jardim de infância (JI) para mais um ano lectivo de porquês, de perguntas e de respostas. desta vez temos a companhia das crianças da sala do balão mágico e da sala da amizade.
o foco da 1.ª visita
nesta 1.ª visita a minha preocupação passa por conhecer as crianças e também a equipa de cada uma das salas. neste momento e por já colaborar há vários anos com este JI, as pessoas educadoras e auxiliares já me são familiares. tenho o trabalho facilitado pois também as equipas já conhecem o meu trabalho e há uma série de coisas que já temos articuladas entre nós.
para conhecer as crianças imaginei um jogo simples: dizer uma coisa que gostamos e uma coisa que não gostamos. pensei em perguntar logo o porquê, porém quis dar tempo para escutar se as crianças iriam dar razões ou se alguma das crianças teria curiosidade em saber o porquê. acabou por acontecer e foram as crianças que foram "pedindo" o porquê umas às outras.
fazer uma pergunta: cuidar e colaborar
neste jogo, também se pratica o acto de perguntar: as crianças são convidadas a perguntar umas às outras a coisa que gosta e as coisa que não gosta. levo uns cartões coloridos e com smiles para ajudar a perguntar. há crianças que se levantam da roda e vão mesmo para perto do amigo ou da amiga para fazer a pergunta. outras perguntam sentadas e perguntam para o outro cantinho do tapete. neste jogo treinamos a escuta e a espera pela nossa vez e praticamos assim o pensamento colaborativo e cuidadoso (cuidativo).
pensamento crítico e pensamento criativo
de que forma se trabalham as dimensões do pensamento crítico e criativo num jogo como este?
escutando as coisas escolhidas por cada uma das pessoas: há coisas de que muitos gostam? é possível que a mesma coisa seja aquela de que uma pessoa gosta e a de que outra pessoa não gosta? ouvimos bem: a J. adora fazer desenhos e o M. não gosta de fazer desenhos? perguntamos pelas razões de cada um para compreender.
também é possível que haja uma mesma razão para gostar de coisas diferentes. escutando e observando as falas de cada um podemos exercitar o pensamento criativo e ser convidados a pensar o mesmo de forma diferente.
enquanto facilitadora trabalho estas dimensões de pensamento a partir daquilo que acontece no diálogo. neste caso nem foi preciso eu insistir com o porquê, pois ele foi "pedido" pelas crianças que manifestaram curiosidade em saber mais sobre as ideias umas das outras.
pensar, escutar e falar (peter worley)
citando Peter Worley no seu mais recente livro Corrupting Youth, pensar, escutar e falar constituem o movimento básico para que a filosofia e o diálogo filosófico possam acontecer.
esse é o convite triplo lançado às crianças da sala do balão mágico e da sala da amizade: pensar, escutar e falar. sem pressa: temos um ano lectivo pela frente!