17 de Março, 2012
vergonha | Entre o amor de desejo e o desejo do amor.
joana rita sousa / filocriatividade
Realizado por Steve McQueen, “Vergonha” conta-nos a história de um homem bem sucedido, bem parecido, que foge à rotina do quotidiano através do sexo. Entre a sedução e a pornografia, entre o one night stand e a prostituição, Brandon (Michael Fassbender) vê-se encurralado pela visita “súbita” da irmã, Sissy (Carey Mulligan), que lhe “invade” o apartamento em Nova Iorque.
Brandon não vê para lá do imediato prazer. Acumula revistas pornográficas. Acumula vídeos no seu computador. Brandon é um ávido consumidor de sexo. De mulheres. De si mesmo. De homens. Do sexo pelo sexo. Sem emoção, sem compromisso, sem entrega que vá para lá daquela noite.
É entre um borrego mal assado e um copo de vinho que Brandon vislumbra algo mais do que o seu dia-a-dia de imediatez. É perante uma irmã vertiginosamente atraída para a destruição que Brandon sente a vergonha de simplesmente estar e não ser capaz de ser.
“Vergonha” proporciona-nos uma viagem ao interior de nós mesmos, à culpa que se sente no prazer, ao sentimento de finitude pelo prazer que rapidamente acontece e desaparece. Talvez Brandon procure a eternidade da vida num momento de prazer, que insiste em repetir noite após noite, dia após dia. Uma eternidade instantânea, à distância de uma troca entre corpos onde o amor se incompatibiliza com o sexo e vice-versa. Brandon procura sexo. E devido a essa busca desenfreada, o amor acaba por lhe fugir por entre os dedos. E aí Brandon também sente vergonha.
O filme estreou no Festival de Veneza e Michael Fassbender foi galardoado com o troféu de melhor actor. Em Portugal, “Vergonha” abriu o Fantasporto a 24 de Fevereiro de 2012.
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