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filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

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27 de Dezembro, 2024

parar para pensar: "o que significa ser humano?"

joana rita sousa / filocriatividade

O Maior Processo de Delegação Cognitiva da História Está em Curso – E Quase Ninguém Está a Prestar (a devida) Atenção!

 
Estamos a transferir capacidades humanas fundamentais para sistemas de inteligência artificial. Memória, raciocínio, previsão, decisão, sao tarefas que estão a ser delegadas a algoritmos.
Mas há um silêncio ensurdecedor. As instituições educativas continuam a operar como se estivéssemos no século passado, ensinando competências que os sistemas de IA já executam com maior rapidez e precisão.
O que está em causa não é aprender a usar a tecnologia, mas sim redefinir o que significa ser humano num mundo onde a cognição é partilhada com máquinas. Se as escolas não reagirem, estaremos a formar pessoas para competir com a IA em vez de as ensinar a trabalhar com a IA.
As instituições educativas deveriam ser o primeiro fórum de discussão e conexamente o bastião da resposta. Em vez disso, estão presas no ciclo do currículo intocável e de análise de décimas numa folha de cálculo ou num gráfico da OCDE.
É urgente fazer mais do que adaptar o currículo, precisamos de uma discussão devidamente estruturada do conceito atual de educação.
Não se trata apenas de preparar para empregos futuros, mas de garantir que o humano não se perde no processo.
O que mais pode ser delegado? O que nunca deve ser? Como garantimos que a humanidade não se dilui na eficiência algorítmica? Como impedir que a aprendizagem seja apenas uma "simulação cognitiva"?O que significa "ser inteligente" num mundo onde a IA faz cada vez mais e melhor?
Estas são as questões que deveriam dominar as conversas nas escolas, universidades e ministérios. Mas não dominam.
 
(Marco Neves, via facebook)
26 de Dezembro, 2024

12 desejos para 2025

joana rita sousa / filocriatividade

12 desejos 2025

"Joana, que desejos tens para 2025?"

Vou responder a esta pergunta do ponto de vista daquilo que desejo para a(s) escola(s) deste país. Tenho a oportunidade e o privilégio de poder visitar muitas escolas e de conhecer muitas turmas com o meu projecto #filocriatividade.

Foi com base na observação que faço das diferentes escolas, de Norte a Sul do país, que pensei e escrevi esta lista de desejos.

 

#1 desejo que a Língua Gestual Portuguesa seja uma realidade em muitas escolas, e não só nas Escolas de referência para a Educação Bilingue

#2 desejo que o chiuuu abandone as salas de aula das escolas portuguesas e seja substituído por formas menos ruidosas de solicitar que o silêncio aconteça

#3 desejo que a noção de participação em sala não seja associada somente ao gesto de "pôr o dedo no ar para falar". desejo que se comece a falar em envolvimento, em vez de participação.

#4 desejo que os recreios sejam espaços apelativos para a brincadeira e onde o risco possa ser experimentado e gerido 

#5 desejo que as crianças e os jovens possam ser escutados com seriedade por parte das pessoas adultas

#6 desejo que as pessoas sejam hábeis na distinção entre "perguntar" e "dizer uma coisa" (comentar)

#7 desejo que a formação contínua de professores tenha uma oferta de qualidade nas áreas do pensamento crítico e criativo 

#8 desejo que haja mais espaços de diálogo onde as crianças, os jovens e as pessoas adultas possam estar lado a lado, praticando a humildade e a honestidade intelectuais

#9 desejo que as bibliotecas escolares sejam espaços de leitura, de brincadeira, de diversão - e não de castigo

#10 desejo que as pessoas deixem de escolher as melhores turmas para as oficinas #filocriatividade: escolham as piores, pois talvez sejam essas as turmas que mais precisam de treinar as competências de #PararPensarEscutarDialogar

#11 desejo que as crianças e os jovens não deixem de sair da escola e de ir a uma actividade na biblioteca (ou noutro espaço) só porque está a chover. dito de outra forma, desejo galochas e impermeáveis para todas as crianças e os jovens

#12 desejo que o conceito de sala de aula se amplie para lá das quatro paredes da sala de aula

 

 

Feliz Ano Novo!

 

25 de Dezembro, 2024

livros que dialogam: O que a chama iluminou e O que é que eu estou aqui a fazer?

joana rita sousa / filocriatividade

livros na mesa de cabeceira

Tenho vários livros na mesa da cabeceira. Por vezes, a mesa da cabeceira é também a mesa da sala ou outro canto qualquer da casa. Dizer que tenho livros na mesa da cabeceira significa que estou a ler vários livros ao mesmo tempo. 

Em Outubro, durante o FOLIO, comprei o livro O que é que eu estou aqui a fazer?, uma conversa entre João Francisco Gomes e Ricardo Araújo Pereira. Li uma boa parte nos dias do FOLIO, mas depois perdi o ritmo da leitura. Recentemente comprei o último livro do Afonso Cruz, O que a chama iluminou, que me fez voltar a abrir o livro-conversa sobre deus, a fé, o humor e a morte.

 

diálogos entre os livros

Estes dois livros dialogam entre si. Aqui e ali, há pedaços de um livro e do outro que conversam, que perguntam e que respondem, que trocam ideias. Nem sempre se trata de um excerto, mas sim da leitura que eu faço daquilo que encontro no livro e que interrompe a leitura que está a acontecer:

Roland Barthes dizia que lhe interessavam os livros que fazem levantar a cabeça, isto é, que interrompem a leitura. (Afonso Cruz, O que a chama iluminou, p. 83)

O livro de Afonso Cruz convida-nos a pensar sobre o fim, sobre a morte. Também este é um tema presente na conversa entre João Francisco Gomes e Ricardo Araújo Pereira: "(...) nós somos seres que vão a caminho da campa e que têm essa informação." (p. 131). Creio que esta seria uma boa forma de responder à pergunta: "o que é um ser humano?". O ser humano é o único ser terrestre que sabe que vai morrer. 

 

a vida e a morte

Pensar a vida é pensar a morte. Também no FOLIO fui confrontada com a seguinte observação: "a joana é uma filósofa da morte." É curioso notar como falar sobre a morte traz esta ideia de obsessão com a mesma. Recuperando a leitura que António de Castro Caeiro faz da palavra filosofia, entendendo-a como uma obsessão pela transparência, assumo essa obsessão. A morte é algo que nos surge como profundamente opaco - e isto é algo que digo também sobre a vida. Entendendo a morte e a vida como dois lados da mesma moeda, diria que a obsessão pela morte é a obsessão pela vida. 

Neste diálogo a par, entre dois livros, há ainda outra camada de diálogo: no livro de João Francisco Gomes e de Ricardo Araújo Pereira encontro algumas notas que registei de palavras do José Luís Peixoto durante uma conversa que teve lugar no FOLIO. Partilho aqui esta nota da fala de Peixoto: "O absoluto não é para nós. A perfeição não é para nós." 

Estes livros entrelaçam-se na leitura que me provocam. Abrir o blog e escrever qualquer coisa sobre isso é uma forma de registar alguns dos ecos dessa minha leitura. Aproveito e recomendo a quem me lê que faça esse exercício, de se permitir provocar e/ou escutar diálogos entre os livros que tem na sua mesa de cabeceira.

 

Boas leituras. 

 

 

19 de Dezembro, 2024

O Pai Natal não vive no Pólo Norte

de Afonso Cruz, com posfácio de Joana Bértholo (Fábula)

joana rita sousa / filocriatividade

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Caso tenha lido o livro Para onde vão os Guarda-Chuvas irá certamente reconhecer este livro de Afonso Cruz. O Pai Natal não vive no Pólo Norte é o capítulo 1 da Primeira Parte do romance editado pela Alfaguara, em 2013, intitulada “História de Natal - para crianças que já não acreditam no Pai Natal".

Trata-se de uma história resgastada de um livro imenso que li numa viagem de ida e volta aos Açores. Na altura lembro-me de ter registado que viajar de Lisboa para São Miguel demora cerca de 186 páginas do "para onde vão os guarda-chuvas” e que o regresso é 43 páginas mais rápido.

O resgate deste conto permite que esta História de Natal chegue ao público infantil, coisa que dificilmente aconteceria a partir do Para onde vão os Guarda-Chuvas.

Sou uma fã assumida da escrita de Afonso Cruz e é essa postura enviesada que me faz dizer que este livro é o meu conto de Natal preferido. Quero muito ler esta história a crianças e às pessoas adultas que não leram o Para onde vão os Guarda-Chuvas, e às que leram, para que se lembrem.

Tal como refere Joana Bértholo no posfácio, este livro encerra um paradoxo “entre o discurso e a situação, ou entre as expectativas e os resultados” que é comum em vários momentos da nossa vida quotidiana. Afonso Cruz já nos habituou a livros com esse tom paradoxal. Recorda-se d'A Contradição Humana?

Confesso que não gosto particularmente da época natalícia. Sinto que a grande maioria das pessoas faz de conta que é muito boa, dá presentes e ajuda associações. Durante um mês somos muito bonzinhos e solidários. Durante o resto do ano seguimos a nossa vida como se nada fosse.

Parece que a solidariedade tem uma data de início (quando se acendem as luzes de Natal nas cidades e há decorações natalícias nas lojas) e uma data de término (quando se desligam as luzes e acaba o prazo para trocar os presentes de Natal nas lojas).

Depois há ainda a ideia passada de geração em geração que só as crianças bem comportadas é que recebem bons presentes. Outra ideia: os bons presentes têm de ser sempre maiores e melhores do que aqueles que recebemos no ano passado. E os membros da família que competem entre si para ver quem dá a melhor prenda à neta?

Gosto muito do Natal, como já deu para perceber.

Gosto ainda mais de perguntas (e digo isto sem ironia).

 
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Recomendação de leitura: Why you shouldn’t lie to your children about Father Christmas, according to philosophers

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18 de Dezembro, 2024

11 livros para quem trabalha na área da educação

joana rita sousa / filocriatividade

Se está à procura de um livro para oferecer a uma pessoa que trabalha na área da educação, então tome nota, pois tenho sugestões para si.

Se trabalha na área da educação e pretende começar 2025 com um olhar novo sobre a prática educativa, então tome nota, pois estas sugestões também são para si. 

 

livros filocriatividade .png

Escolhi 11 livros para 2025 - e não 12, para que tenha um mês de folga para ler outras coisas ou simplesmente não ler e dedicar-se a outras coisas. 

 

🟨 Pensar Melhor, de Adam Grant (Vogais)

🟩 A Arte de Fazer Perguntas, de Warren Berger (Vogais)

🔴 Somos Animais Poéticos, de Michèle Petit (Kalandraka) 

⬜️ A Arte de Gostar de Ler, de Carlos Nuno Granja (Livros Horizonte)

🟥 Falar Piano e Tocar Francês, de Martim Sousa Tavares (Zigurate)

🟠 Ler o Mundo, de Michèle Petit (Kalandraka) 

🟣 Caderno A4, de Manuela Castro Neves (Kalandraka) 

🟦 Educar através da Arte, de Vicente Blanco e Salvador Cidrás (Kalandraka) 

🟧 Teaching to Transgress, de bell hooks (Routledge)

🟢 Onde é que nós íamos?, de Isabel Minhós Martins, Dina Mendonça e Madalena Matoso (Planeta Tangerina)

🔲 Jardim de Infância para a vida toda, de Mitchel Resnick (Penso)

 

 

🟠 Estes livros também podem ser requisitados nas Bibliotecas Municipais ou Escolares. Se não os encontrar por lá, deixe a sugestão para que o possam adquirir. Quem trabalha nas Bibliotecas terá certamente gosto em saber o que é que as pessoas procuram e têm interesse em ler. 

 

Boas leituras!

 

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🟣 consulte a agenda de formações 

🟪 subscreva a newsletter filocriatividade

 

17 de Dezembro, 2024

Como criar um espaço e um tempo de escuta em sala de aula

joana rita sousa / filocriatividade

 

Even if the teacher has the ability to listen, there is a natural tendency to quickly interpret remarks from one’s own perspective. By their own silence teachers need to leave open a space for speech so that students can articulate exactly what they mean to say. Respectfully listning to student’s opinions not only supports thoughtful conversations but is highly valued by students. Students’ most valued teacher behaviors have included the observation that the teacher “listens to you”, “allows you to have your say” and “really cares about your opinion.” (Topping, Trickey e Cleghorn, A Teacher’s Guide to Philosophy for Children, p. 23)

 

curso escuta 2.ª ed.

 

🟠 2.ª edição: Como criar um espaço e um tempo de escuta em sala de aula / online (25h) // CCPFC/ACC-123042/24 

🟢 início a 13 de Janeiro de 2025

🔵 inscrições abertas junto do CFAMM

 

17 de Dezembro, 2024

Handbook of Children and Screens: Digital Media, Development, and Well-Being from Birth Through Adolescence

joana rita sousa / filocriatividade

 

Handbook of Children and Screens

 

This open access handbook synthesizes the current research about the impacts of digital media on children across development. Drawing on the expertise of scientists and researchers as well as clinicians and practitioners, the book summarizes research through interdisciplinary expert reviews. First, it addresses the cognitive, physical, mental, and psychosocial impacts on infants, children, and adolescents. Next, the book explores how media influences relationships, family, culture, and society. Finally, it examines the impacts of specific digital domains pertinent to youth, including education technology, video gaming, and emerging technologies. Chapters employ a parallel structure, including background on the topic, summary of the current state of the research, future research directions, and recommendations for relevant stakeholders. The volume examines the timely issue of optimal child development in an increasingly digital age, offering innovative approaches to establish a solid and robust scientific foundation for this field of study as well as evidence-based action for adults who support positive youth development.

acesso livre, disponível AQUI

16 de Dezembro, 2024

pensar sobre a vida e a morte

Online SOPHIA Network Meeting – 18 January 2025

joana rita sousa / filocriatividade

sophia network meeting online life death

This year, we are holding the inaugural online meeting on January 18th from 13:30 to 17:00 CET. The theme will be The Unity of Opposites, same as this year’s gathering.

We are very excited about having two speakers lined up based on conversations we have had online since the meeting.

Pablo Lamberti – Philosophy as a way of living

Ellen Duthie – Philosophy as a way of dying

There will also be an opportunity for our network announcements and for people to go into break-out rooms to have meta discussions about what we heard or any other business. We hope you can join us.

Please read more about this event at SOPHIA network website.

 

 

12 de Dezembro, 2024

neste Natal ofereça Livros Perguntadores

joana rita sousa / filocriatividade

livros perguntadores

 

Aqui ficam algumas sugestões de Livros Perguntadores para oferecer neste Natal. 

 

Mafalda para Miúdos, de Quino (Iguana)

No livro Mafalda para Miúdos encontramos as inquietações das crianças, pela voz da Mafalda e dos seus amigos: o Filipe, a Susanita, o Manelito, a Liberdade, o Gui e o Miguelito. A partir do quotidiano das crianças, na escola ou em casa, Quino provoca-nos com perguntas diversas sobre sopa ou dentes de leite, sobre a crítica construtiva e os planos para o futuro.

 

Flicts, de Ziraldo (Tinta-da-China)

Flicts é um poema visual ímpar. Raro, incomparável, inimitável. Num grafismo revolucionário, Flicts pinta o mundo, arco-íris, bandeiras e a(s) lua(s) como ninguém o conseguiu fazer.

 

La bella Griselda, de Isol (Fondo de Cultura Económica)

Quem é Griselda? Quem é a bela Griselda? Uma Griselda tão bela que faz com que as pessoas á sua volta percam a cabeça. Mas perdem mesmo. Sim, isso mesmo: as pessoas que olham para Griselda ficam sem cabeça. "Y no es sólo un decir." E não é só uma maneira de dizer.

 

A história mais pequena do mundo, de Lia Ferreira (edição de autora)

O livro é uma história muito, muito curta e atrevida. "Porque é que a pessoa escreveu uma história tão pequena?"

 

Por exemplo, uma rosa, de Ana Pessoa e Madalena Matoso (Planeta Tangerina)

O livro Por exemplo, uma rosa inicia com o espanto de que há coisas, muitas coisas. Essas coisas, essas muitas coisas, têm formatos diferentes, fazem coisas diferentes, umas magoam, outras balançam, outras são matrioskas de outras coisas. O que as une? Têm um nome e por haver tantas coisas, há tantos nomes e tantas palavras. 

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🟦 Pode encontrar sugestões de #LivrosPerguntadores nas seguintes Livrarias: Culsete (Setúbal), Arquivo (Leiria), Ave Azul (Porto), Companhia dos Brinquedos (Entroncamento), Doninha Ternurenta (Ovar), Gatafunho (Oeiras) e A União (Ponte de Lima).
 
🟥 Boas leituras e boas perguntas!
 
 
Os Livros Perguntadores são uma iniciativa de joana rita sousa e Júlia Martins.
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