Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

27 de Junho, 2024

quem é que faz as perguntas no ambiente da sala de aula?

joana rita sousa / filocriatividade

 

WhatsApp Image 2024-05-30 at 08.33.03 (1).jpeg

 

O monopólio do perguntar

No livro A More Beautiful Question, o perguntólogo Warren Berger afirma que: "The issue of “who gets to ask the questions in class” is one that touches on matters of purpose, power, control, and, arguably, even race and social class." (capítulo 3).

Nas salas de aula há um certo monopólio da pergunta por parte dos/as professores/as, nomeadamente de um certo tipo de pergunta, a pergunta de verificação. Afinal, queremos garantir que os/as alunos/as sabem as respostas para as perguntas que fazemos e que vão sair no teste. Porém, este monopólio bem intencionado tem um efeito perverso:

Dan Rothstein and Luz Santana of the Right Question Institute say it’s no mystery what’s going on: Even in the most progressive schools, questioning is still primarily the domain of the teacher. “Questions are used a lot in the classroom but it’s mostly one way,” says Rothstein. “It’s not about the student asking, it’s about the teacher prompting the student by using questions that the teacher has formulated.” By taking this approach, Rothstein says, teachers “have inadvertently contributed to the professionalization of asking questions—to the idea that only the people who know more are allowed to ask.” (Warren Berger

 

Focar naquilo que não sabemos 

Considero que há lugar para outro tipo de perguntas por parte dos/as professores/as e que as perguntas dos/as alunos/as devem ser acolhidas e, de certa maneira, provocadas. 

Como? 

A minha recomendação é simples: o/a professor/a deve escutar mais e falar menos, deve propor exercício para geração de perguntas e/ou iniciar as crianças e os jovens aos conteúdos através da recolha de perguntas. Por exemplo, antes de abordar o conteúdo X, perguntar aos/às alunos/as o que não sabem sobre aquele assunto. Não foi engano. Perguntar o que não sabem sobre X dá-nos pistas para trabalhar aspectos que suscitam interesse às crianças e aos jovens, além de encorajar à prática da curiosidade. 

Quando a atitude do/a professor/a passa por estar mais interessado/a naquilo que os/as alunos/as não sabem, ao invés de só se focar naquilo que sabem, tudo muda. 

 

Perguntamos pois percebemos que não sabemos. Temos consciência da nossa ignorância: “é uma forma de consciência mais elevada que não só nos separa do macaco, como também separa a pessoa inteligente e curiosa do idiota que não sabe nem quer saber." (Warren Berger, A Arte de Fazer Perguntas, p. 27)

 

As perguntas podem meter-nos em sarilhos? 

Outro ponto interessante referido por Berger relaciona-se com a ideia de que as crianças de famílias com melhores rendimentos são incentivadas a fazer perguntas. Por sua vez, as crianças das famílias com rendimentos mais baixos são desencorajadas a fazê-lo pela família, pois podem "meter-se em sarilhos":

Jessica McCrory Calarco found that the students from families with higher incomes were more likely to be encouraged by their parents to ask questions at school, whereas children from modest backgrounds were encouraged by their parents to be more deferential to authority—and to try to figure things out for themselves, instead of asking for help. “Even very shy middle-class children learned to feel comfortable approaching teachers with questions, and recognized the benefits of doing so,” Calarco reports. “Working-class children instead worried about making teachers angry if they asked for help at the wrong time or in the wrong way, and also felt others would judge them as not smart if they asked for help.” These differences, Calarco found, stemmed directly from what “children learn from their parents at home.”

Deborah Meier, however, bristled at those findings. “The study makes it sound as if those lower-income parents are wrong, but they’re not wrong,” she said. “They know that if their kids ask questions, they might get in trouble. They’re telling their children to be careful in school.” The middle-class kids are in a different situation, Meier notes. “They go to school feeling safe.” And because they feel safe, they can take the risk of raising their hands. (Warren Berger

 

Quem é que pergunta? Quem é que responde? 

Termino com uma pergunta que poderá colocar diariamente no final das suas aulas: quem é que fez as perguntas? Tome nota da sua resposta e esteja atento/a a quem pergunta (e o quê), dia após dia. Se o monopólio for seu (estou a assumir que desse lado do écran se encontram pessoas da área da educação), o passo seguinte será pensar: como é que posso abrir espaço para as perguntas dos/as alunos/as? 

 

 ⚠️ novo livro: Como desenvolver o pensamento crítico das crianças - Parar, Pensar, Escutar, Dialogar

27 de Junho, 2024

Jornadas Bibliotecas Escolares - Entre o Douro e Vouga

joana rita sousa / filocriatividade

1.png

A convite do Carlos Nuno Granja, tive oportunidade de rumar até São João da Madeira para dinamizar uma oficina de 6h "os porquês da palavra porquê". A oficina destinava-se a professores/as bibliotecários/as, tendo sido integrada nas Jornadas Bibliotecas Escolares de Entre o Douro e Vouga - 24 e 25 de Junho.

 

 

Entre filosofia para/com crianças e jovens, diálogo, escuta e perguntas houve ainda tempo para falar sobre #LivrosPerguntadores.

Muito obrigada a quem participou na oficina pela sua disponibilidade em #PararPensarEscutarDialogar.