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filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

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20 de Maio, 2024

Matilde: vamos decidir juntos!

joana rita sousa / filocriatividade

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"Garantir a efetiva participação das crianças implica saber escutá-las." (Mary Katherine Martins e Silva)

 

O David Erlich é um professor de filosofia e um amigo que muito estimo. Por esse motivo estou atenta às suas crónicas semanais na Sábado. A crónica da semana passada toca um assunto que preocupa todas as pessoas que se encontram no contexto da educação: o uso do telemóvel na escola. 

"Numa iniciativa de louvar, quis a direção do agrupamento em que trabalho auscultar a comunidade sobre medidas a adotar quanto ao uso de telemóveis nas escolas." (David Erlich, Sábado)

Concordo com o David: a iniciativa é louvável, pois convida a comunidade a pensar sobre as medidas a adoptar. Quis saber que comunidade é esta que foi chamada a pensar sobre o tema. Percebo que os docentes fazem parte da auscultação. Até arrisco dizer que o pessoal não docente também terá voto na matéria. E as crianças e os jovens?

Perguntei ao David se as crianças e os jovens foram convidados a pensar e a propor ideias sobre essa gestão do telemóvel na escola; o David respondeu que não sabia se isso teria acontecido. Caso venha a ter notícias sobre a participação das crianças e dos jovens nesta tomada de decisão actualizarei o artigo. 

*

Esta situação provocou-me algumas perguntas:

Afinal, que comunidade escutamos numa escola?

Que pessoas queremos incluir no processo de tomada de decisão?

Qual a razão para que as vozes das crianças e dos jovens não sejam contempladas e encaradas com seriedade? 

 

*

 

A propósito desta questão da escuta e da decisão, lembrei-me de um livro que tenho aqui na estante: Matilde: vamos decidir juntos! A Matilde teve uma ideia para o jardim da escola, partilhou-a a com a Lara. Decidiram apresentar a ideia na reunião com os colegas e a Sara. Trata-se de um momento do dia para decidir "o que queremos fazer hoje". Nesse dia, Matilde assume que vai dedicar-se ao desafio de pensar na sua ideia: uma cozinha de lama no jardim. 

A ideia vai amadurecendo e há colegas que se juntam à Matilde e à Sara para imaginar essa cozinha de lama, para perceber como é que o projecto seria implementado e que materiais seriam necessários. Iriam envolver os pais, as mães e até outras pessoas da comunidade para que a ideia ganhasse forma. Antes disso, a ideia teria de ser apresentada em Assembleia para ser votada.

Esta história é um elogio às ideias e à participação das crianças no espaço da escola, bem como um lembrete de que as pessoas adultas devem dar espaço e tempo para essa participação. Diz-nos a autora do livro:

"Criar espaço para partilhar opinião, mesmo que as opiniões sejam divergentes, é importante para que a criança desenvolva a capacidade de olhar para os acontecimentos criticamente, de argumentar em defesa das suas ideias, negociar, escutar a opinião dos outros (respeitando-a), ampliando ferramentas que lhe vão servir durante toda a vida."

 

*

 

Voltando à questão do uso do telemóvel nas escolas e assumindo que não tenho uma posição fechada sobre o assunto, pergunto: vamos escutar as crianças e os jovens nessa tomada de decisão? Há boas razões para o fazer? Como vamos realizar essa escuta? E o que vamos fazer com os resultados dessa escuta?

 

*

Matilde é uma colecção da autoria da Mary Katherine Martins e Silva, publicada na Fábula (Penguin), destinada a crianças dos 2 aos 6 anos. O livro inclui um Guia da Leitura para Pais e Educadores que aborda de forma muito clara a importância da escuta das crianças, com algumas recomendações sobre como fazê-lo. 

 

 

 

20 de Maio, 2024

Gato Comum, de Joana Estrela

joana rita sousa / filocriatividade

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Gato Comum faz parte da colecção Dois Passos e Um Salto da Planeta Tangerina, pensada para adolescentes e "outros leitores mais crescidos".

Trata-se de uma das minhas colecções preferidas de sempre e cujos livros me têm acompanhado em vários Clubes ou Comunidades de Leitura.

Joana Estrela é a autora deste livro que nos fala do Manel, o gato da família que vai adoecer e exigir da família uma decisão difícil.

Quem já teve animais domésticos, cão ou gato, certamente já passou pela decisão difícil de eutanasiar ou não um animal em sofrimento. Nesses momentos somos confrontadas com a ideia que temos de qualidade de vida e com a ideia que temos de sofrimento, bem como com aspectos práticos relacionados com o processo da eutanásia em si.

É mais fácil ou mais difícil quando o gato é jovem? Como acontece a eutanásia? O gato sofre? O que fazemos com o corpo do animal? Devo estar presente nesse momento ou sair do gabinete da veterinária?

São várias as perguntas que surgem quando a veterinária nos diz que não há nada a fazer ou que já esgotámos as opções medicamentosas sem sucesso. Somos confrontadas com a morte e acresce que somos convidadas a decidir entre a vida e a morte. 

O Manel tem a mesma idade da narradora da história, a Cristina. Aos 17 anos, Manel é já um gato idoso; já Cristina encontra-se na flor da idade. É uma adolescente que viveu sempre no mesmo quarto e que se vê confrontada com o desacordo dos pais face à decisão de eutanasiar o Manel. 

Gato Comum faz parte dos meus livros que permitem o diálogo sobre o tema do luto e o tema da morte, além do tema da eutanásia.

Falar da morte é falar da vida. 

*

Foram várias as perguntas que este livro me perguntou

- Como se prepara alguém para a morte?

- A morte é uma solução?

- A morte é um problema?

- Com que idade estamos prontos para morrer?

- Com que idade estamos prontos para viver?

- O sofrimento é necessário?

- Celebrar a morte é celebrar a vida?

 

Gato Comum, de Joana Estrela tem o "carimbo" dos #LivrosPerguntadores.