14 de Dezembro, 2023
Educar todos, com todos e para todos - Lipman e a filosofia no secundário
joana rita sousa / filocriatividade
A metodologia de ensino da filosofia concebida por Lipman visa proporcionar às crianças o
desenvolvimento de competências cognitivas, emocionais e sociais que lhes permitam responder aos problemas do quotidiano, interpretando-os enquanto seres humanos reflexivos - Pensar para agir.
Estes princípios cruzam-se com a estrutura metodológica do Desenho Universal da Aprendizagem, que preconiza a existência de diferentes meios de (auto) Envolvimento (o “porquê” da aprendizagem), de apresentação/representação (o “quê” da aprendizagem) e de ação e expressão (o “como” da aprendizagem), com vista a atender à diversidade de alunos que povoam as escolas na atualidade e às características individuais de cada um. Assim, é possível chegar a todos os alunos e garantir o sucesso e participação ativa e efetiva dos mesmos. Operacionalizar metodologias, estratégias e instrumentos de recolha de informação de um modo refletido e fundamentado, ver a aprendizagem não como um produto a alcançar, mas antes um processo contínuo de autorregulação e interação de todos os seus atores, garantindo o princípio justo da equidade.
Educar todos, com todos e para todos, com vista à formação holística dos alunos, tal como é protagonizado pelo Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória – diversidade de competências equitativas. Foi com base nestes princípios e metodologias que planifiquei, ao longo de dois anos, as aprendizagens essenciais da disciplina Filosofia de 10o e 11o anos de escolaridade, em colaboração com a docente de educação especial, Helena Dias, para aplicar a um aluno de medidas adicionais.
Em função das aprendizagens, atitudes e valores esperados no âmbito dos diferentes temas abordados, aplicamos diversas metodologias e ações estratégicas (e.g. leitura de histórias, visionamento de documentários/vídeos, exploração de imagens, produção de materiais diversificados, entre outras), tendo como objetivos primordiais a participação ativa do aluno em todo o processo de reflexão filosófica e a obtenção de uma resposta refletida e pessoal, consentânea com as preocupações pessoais e societais do mesmo.
Destarte, considerando o perfil do aluno e a suma importância da componente afetiva na sua motivação para as aprendizagens, procuramos, através do diálogo, o seu autoenvolvimento pela partilha de saberes e experiências do seu universo pessoal e, preferencialmente, das suas áreas de interesse, apresentando-lhe um problema sobre o qual deveria refletir, proporcionando-lhe, para o efeito, diversos materiais e instrumentos como formas de representação da informação. Quando o aluno dava por concluído o ato de refletir, escolhia o modo que melhor lhe convinha para expressar a sua resposta ao problema apresentado, optando, frequentemente, por ferramentas digitais como o PowerPoint ou o Canva, respeitando-se a sua autodeterminação e promovendo-se a sua autonomia pessoal e social.
Todo o processo de aprendizagem filosófica, decorrido ao longo dos 10.º e 11.º anos de escolaridade, teve como premissa promover a efetiva presença e participação do aluno em todas as atividades e projetos da turma, sempre com o objetivo de respeitar e valorizar as diferenças e contribuir para o debate participativo e democrático.
Ana Antunes e Helena Dias
Agrupamento de Escolas de Tondela Cândido Figueiredo