o que devo fazer?
✏️ numa formação (*) surgiram perguntas bastante relevantes: o que devo fazer quando um aluno diz algo com o qual não concordo? ou quando diz algo que carece de informação? ou algo que parece ser o resultado de consulta de fontes duvidosas?
o que devo fazer?
✏️ resolvi demorar-me um pouco nestas perguntas e pensar no que faria eu naquelas situações.
✏️ note que são situações distintas: uma coisa é o aluno ou a aluna dizer algo que não está de acordo com um facto, outra é dizer algo com o qual não concordo.
✏️ em qualquer dos casos, julgo que é importante ter em conta o princípio da caridade: cada um de nós está, a cada momento, a interpretar e a pensar da melhor forma possível.
✏️ depois temos que suspender o juízo (epoché) e fazer uma ou outra investigação:
- solicitar as fontes: "hum, onde é que leste sobre isso?"
- agradecer a intervenção e dizer que em breve vamos abordar o tópico X e que talvez nessa altura seja bom retomar essa ideia para revisão ou verificação;
- pedir a justificação da sua posição, traduzindo-a para um argumento: uma conclusão suportada por uma ou mais premissas; avaliar a validade do argumento (é pertinente? é suficiente? é razoável?)
✏️ atitudes a evitar: precipitar o nosso discurso para algo como "não tens razão", ou "não vês que isso está mal" ou "dizes isso porque não sabes que X..." - vamos confiar que o aluno está a fazer o melhor trabalho que é possível na altura. convide-o a voltar a pensar no que diz, a rever, a examinar.
✏️ defendo que um dos pilares da pessoa pensadora crítica passar por evitar o julgamento precipitado:
A precipitação é algo que nos faz dizer isto ou aquilo sobre A ou sobre B sem sequer parar para verificar se a nossa opinião é verdadeira. Impera a vontade de dizer algo na hora, no momento, de dar a entender que se sabe, de manter uma postura de autoridade. (2 coisas que qualquer pessoa pode aprender com Descartes)
(*) o público da formação são professores e professoras.