ainda sobre a DESocupação dos tempos livres
👉 recebi feedback muito positivo sobre a DESocupação dos tempos livres.
👉 a ideia surgiu-me depois de ler sobre criatividade e aborrecimento e de um diálogo provocado pelas cartas #EuPensoEuEscolho (The Happy Gang).
👉 nesse diálogo falámos sobre uma escolha: estar sempre a fazer coisas? ou ter tempo para me aborrecer?
👉 fugimos do aborrecimento a sete pés, como se fosse um monstro papão ou a jovem do exorcista com um ar aterrador.
🚨 BREAKING NEWS: não devíamos fugir. não devíamos encher os dias de coisas só para ocupar o tempo livre.
[se ocuparmos todo o tempo livre, o tempo livre deixa de ser livre? #agorapensa]
👉 posto isto, sugiro a criação do movimento DESocupação dos tempos livres.
👉 para se juntar ao movimento só precisa agendar tempo para fazer nada, deixar-se aborrecer com o passar do tempo e não enfiar as crianças em actividades de segunda a domingo.
👉 reserve tempo para poder decidir na hora o que fazer: um passeio? ler um livro? fazer um desenho? criar um diário de perguntas? ficar no parque a observar os pássaros? conjugar o verbo pausar?
Praticar o “fazer nada”
Neste ponto, o autor de Four Thousand Weeks cita Pascal, referindo-se à incapacidade do ser humano em ficar quieto no seu quarto. Desta incapacidade deriva a infelicidade, defende Pascal.
Burkeman considera que para abraçar estas semanas de tempo e de vida é essencial praticar o fazer nada. Segundo o autor, se não conseguimos suportar e lidar com o desconforto de fazer nada, é muito provável que façamos escolhas pobres quando temos de decidir o que fazer com o tempo. Fazer nada é tecnicamente impossível: se estamos vivos, estamos a respirar, estamos sentados ou em pé ou encostados à parede. Assim, fazer nada significa muito mais treinar a tentação de estar sempre a fazer algo, de estar sempre agitada/o com isto ou aquilo. (4000 semanas: uma reflexão sobre o tempo e a finitude)
Oiça também a reflexão de Gonçalo M. Tavares via CCA.