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filocriatividade | filosofia e criatividade

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

30 de Maio, 2023

ainda sobre a DESocupação dos tempos livres

joana rita sousa

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👉 recebi feedback muito positivo sobre a DESocupação dos tempos livres.

👉 a ideia surgiu-me depois de ler sobre criatividade e aborrecimento e de um diálogo provocado pelas cartas #EuPensoEuEscolho (The Happy Gang).

👉  nesse diálogo falámos sobre uma escolha: estar sempre a fazer coisas? ou ter tempo para me aborrecer? 

👉  fugimos do aborrecimento a sete pés, como se fosse um monstro papão ou a jovem do exorcista com um ar aterrador.

🚨  BREAKING NEWS: não devíamos fugir. não devíamos encher os dias de coisas só para ocupar o tempo livre.

 

[se ocuparmos todo o tempo livre, o tempo livre deixa de ser livre? #agorapensa]

 

👉  posto isto, sugiro a criação do movimento DESocupação dos tempos livres.

👉  para se juntar ao movimento só precisa agendar tempo para fazer nada, deixar-se aborrecer com o passar do tempo e não enfiar as crianças em actividades de segunda a domingo.

👉  reserve tempo para poder decidir na hora o que fazer: um passeio? ler um livro? fazer um desenho? criar um diário de perguntas? ficar no parque a observar os pássaros? conjugar o verbo pausar

 

Praticar o “fazer nada”

Neste ponto, o autor de Four Thousand Weeks cita Pascal, referindo-se à incapacidade do ser humano em ficar quieto no seu quarto. Desta incapacidade deriva a infelicidade, defende Pascal.
Burkeman considera que para abraçar estas semanas de tempo e de vida é essencial praticar o fazer nada. Segundo o autor, se não conseguimos suportar e lidar com o desconforto de fazer nada, é muito provável que façamos escolhas pobres quando temos de decidir o que fazer com o tempo. Fazer nada é tecnicamente impossível: se estamos vivos, estamos a respirar, estamos sentados ou em pé ou encostados à parede. Assim, fazer nada significa muito mais treinar a tentação de estar sempre a fazer algo, de estar sempre agitada/o com isto ou aquilo. (4000 semanas: uma reflexão sobre o tempo e a finitude)

 

Oiça também a reflexão de Gonçalo M. Tavares via CCA.

29 de Maio, 2023

sugestões para o dia da criança

joana rita sousa

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sugestões INCRÍVEIS para o dia da criança

 

- ofereça tempo

tempo para estar com as crianças:
para escutar o que pensam,
o que perguntam, o que sabem
e o que querem saber.
 

- ofereça experiências

a experiência de ir à biblioteca requisitar um livro.
a experiência de caminhar pelo campo.
a experiência de viajar de comboio ou de metro.
a experiência de comer um alimento novo.
a experiência de sentar à beira do rio e observar os patos.
 

- ofereça um caderno

crie um diário de perguntas.
diariamente (ou sempre que possível) registe uma pergunta nesse caderno.
no final de cada mês revisite as perguntas anteriores e arrisque respostas.
as perguntas podem ser desenhadas ou escritas.
também podem ser ilustradas com colagens.
 

- inscreva a criança na DTL

a DTL (Desocupação de Tempos Livres) passa por criar momentos de tempo verdadeiramente livre: sem actividades agendadas, sem inscrições.
tempo para decidir o que fazer ou decidir fazer nada.
cultive o aborrecimento - na medida certa é o combustível necessário
para sermos pessoas criativas.
 
 

É, pois, importante que todos os que lidam com crianças, em particular, os que têm “peso” em matéria de orientação, pediatras, professores, psicólogos, etc. assumam o brincar como uma das “guide lines” para a sua intervenção.

Os mais novos vão gostar e faz-lhes bem. (José Morgado)

 
 
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28 de Maio, 2023

TODOS CONTAM, de Kristin Roskifte

joana rita sousa

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O senhor carteiro aqui da aldeia trouxe-me este tesouro: TODOS CONTAM, de Kristin Roskifte (Lilliput), ilustradora e autora de livros ilustrados. O livro foi traduzido do norueguês para português por João Reis.


A capa do livro está cheia de rostos: apresenta-nos pessoas bastante diferentes revela-se um verdadeiro tesouro de perguntas e de possibilidades para imaginar vidas. Que vidas? As nossas, as das pessoas que conhecemos, as das pessoas com quem nos cruzamos, as das pessoas que nunca vamos conhecer.

 

Página a página a contagem vai aumentando: partimos do zero para um número gigante no qual parecemos só mais uma pessoa. Mas não somos. A forma como o livro nos permite avançar nessa contagem faz-nos pensar como cada um de nós tem uma vida única e irrepetível. Todos contam e cada um de nós conta. Somos únicos e temos muitas coisas em comum, muitas perguntas em comum. 

 

Todos temos uma história. E todas as histórias são importantes. (Penguin)

 

TODOS CONTAM é um livro delicioso e  provocador, um livro perguntador, que nos faz pensar e querer olhar o mundo à nossa volta. Um dos elementos que me agrada no livro são as páginas grandes e ilustradas e a pequena legenda no fundo de cada página. Podemos observar atentamente a ilustração sem considerar à legenda e permitir-nos pensar e imaginar as vidas daquelas pessoas ali representadas. 

Num vídeo partilhado pela Penguin, podemos ouvir a autora que nos fala do seu interesse em livros de contar. Kristin deixa ainda uma sugestão de leitura curiosa: podemos seguir as pessoas que vão aparecendo, página a página, para ver o que acontece nas suas vidas. 

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O livro permite leituras distintas: podemos ler página a página, seguindo a contagem dos números do menor para o maior; podemos fazer o caminho inverso e partir do maior para o menor (o que nos fará ler o livro da última página para a primeira). Também podemos abrir uma página ao calhas e viajar a partir daí. 

Se avistar este livro nalguma na estante de uma livraria ou bibllioteca ou até na feira do livro... é parar e espreitar. Perguntar e imaginar. Inventar. E contar. TODOS CONTAM. 


(obrigada pelo apoio à #filocriatividade, Penguin Livros PT ❤️)

 

[se pretende comprar este livro considere fazê-lo na wook, entrando na livraria online através do meu link afiliados. desta forma está a apoiar a filocriatividade e os conteúdos que aqui partilho. obrigada.]

25 de Maio, 2023

sobre o direito à opinião - e o dever de a fundamentar

joana rita sousa

Quando descobrimos que podemos estar enganados, a defesa-padrão é: "Tenho direito a ter a minha opinião". É uma coisa que eu gostaria de modificar: sim, temos direito a ter opiniões na nossa própria cabeça. Porém, se optarmos por expressá-las em voz alta, penso que temos a responsabilidade de as estribar em lógica e factos, partilhando com os outros o nosso raciocínio e mudar de opinião quando aparecem melhores provas. (Adam Grant, Pensar Melhor, p. 95)

24 de Maio, 2023

quem quer viver para sempre?

- debate sobre a imortalidade

joana rita sousa

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30 de Maio, 18h30 - Coliseu do Porto

o meu amigo Steven Gouveia vai sentar-se à mesa com Ana Sofia Carvalho, Jorge Teixeira da Cunha e Paulo Borges para um diálogo sobre a imortalidade:

No dia 30 de maio, o Coliseu Porto Ageas organiza o debate "Quem quer viver para sempre?", em torno da imortalidade. Um conceito que, durante séculos, se colocou em exclusivo no campo da espiritualidade e da ficção científica mas que vai tornar-se realidade. O tema da emulação total do cérebro, ou mind uploading, é cada vez mais importante no meio académico e na indústria tecnológica, mas ainda pouco conhecido e debatido em Portugal. Será dos mais importantes do século XXI, e para o qual urge convocar a sociedade a refletir e participar.

+ info aqui

uma nota sobre o tema:

a morte e o "viver para sempre" são temas bastante comuns nas oficinas de filosofia, com crianças e jovens. há uma forte curiosidade em saber o que acontece depois de morrermos.

quando se abordam os temas da Inteligência Artificial também surgem questões relevantes sobre a forma como a IA pode ser integrada num ser humano.

ainda há dias trabalhámos [eu e uma turma do 7.º ano] em torno da pergunta: devemos usar ferramentas tecnológicas para afinar capacidades humanas? veio à baila o exemplo do Neil Harbison, uma pessoa que ouve cores graças a uma antena. 

enfim, perguntas e mais perguntas. 

*

 

artigos relacionados:

- sugestões de livros para falar da morte com crianças e jovens;

- propostas vitais para pensar sobre assuntos mortais (Wonder Ponder);

- como devemos enfrentar a morte? 

18 de Maio, 2023

“Eu não sei a resposta, portanto vamos procurá-la juntos.”

joana rita sousa

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Perguntei a Deresiewicz o que fazia o seu professor para despertar as perguntas.
“Ele tinha a capacidade de reenquadrar as coisas, de fazer perguntas que diziam respeito a qualquer coisa fundamental. Por vezes, as perguntas quase pareciam estúpidas. Há a ideia do “louco da aldeia”, que faz as perguntas que mais ninguém faz, e isso era também o que ele fazia”, descreve Deresiewicz. Era uma situação em que o seu professor “estava a mostrar-nos que tudo pode ser perguntado, em especial as coisas que nós pensávamos que já sabíamos.
E era também importante que o professor estivesse disposto a fazer perguntas sem saber a resposta. Como professores, em todos os graus de ensino, pensamos que a nossa autoridade reside nas respostas que temos. Mas os estudantes acham que é mesmo libertador ter um professor capaz de dizer: “Eu não sei a resposta, portanto vamos procurá-la juntos.”
 
(Warren Berger, A Arte de Fazer Perguntas, pp. 96-97)
17 de Maio, 2023

filosofar com crianças e jovens

a partir de David Shapiro, autor de Plato was wrong!

joana rita sousa

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se tem interesse em desenvolver momentos de diálogo (*) com o seu grupo, tenha em consideração estas ideias de David Shapiro, autor de Plato was wrong!

 

- o foco deve estar em ajudar as crianças e os jovens a desenvolver o seu próprio pensamento

e não em levá-los a dizer o que o adulto na sala acha que é o correcto ou adequado

 

- permitir que o diálogo aconteça a partir das suas questões ou ideias é uma forma de envolver os participantes no diálogo

o que muitas vezes nos faz abandonar o plano de trabalho que tínhamos preparado

 

- uma forma de iniciar o diálogo é: "este [texto / vídeo / imagem] fez pensar nalguma coisa? pensaram nalguma pergunta?

evitar conduzir o grupo no início: "acho que este texto fala de amizade, não acham?"

 

- fazer ligações entre as intervenções dos vários participantes, ajudando a que pensem e criem pensamento a partir das ideias uns dos outros

evitar ter pressa e parar para assinalar pensamentos que derivam de outros pensamentos

 

- partilhar com os participantes a novidade do seu pensamento recorrendo ao "nunca tinha pensado nisso" ou "acho que ainda ninguém tinha referido essa ideia. podemos explorar?"

é importante estar disponível para um novo olhar sobre o mesmo e para isso é preciso, por vezes, abdicar do plano de sessão que fizemos

 

- incentivar os participantes a dialogar uns com os outros e não somente para o adulto.

evitar que o adulto na sala seja o centro das atenções e focar as atenções no diálogo, que pode acontecer entre participantes, sem mediação do adulto

 

(*) caso não tenha formação na área: considere fazer formação, ler sobre o assunto e preparar-se para tal: 

"Os professores têm de preparar-se, filosoficamente, para irem para uma sessão de Filosofia para Crianças, que implica, claro, conhecer técnicas, exemplifica.” (Gabriela Castro, Diário Insular, 13 de Maio 2023)

 

 📷 Biblioteca CEAN, Maio 2023

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15 de Maio, 2023

Clube de Leitura da Casa da Marioneta

joana rita sousa

 

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O Clube de Leitura da Casa da Marioneta convida pessoas leitoras de  todas as idades a ler e a pensar com livros. Pretende-se que o Clube seja intergeracional e por isso sugerimos livros para diferentes leitores de diferentes idades para cada um dos encontros. Nos encontros vamos falar dos livros e também ler em voz alta. A curadoria dos livros e a mediação da leitura está a cargo de Joana Rita Sousa, filósofa e mediadora da leitura e do diálogo.

 

Datas dos encontros: 

21 de Maio | 16H00

23 de Julho | 16H00

17 de Setembro | 16H00

19 de Novembro | 16H00

Para cada encontro serão sugeridos 3 livros diferentes (infantil, juvenil e adulto)

 

Livros seleccionados para Maio:  

Petit, o monstro, Isol (Orfeu Negro)

Coisas que acontecem, Inês Barata Raposo (Bruáa Editora)

A Elegância do Ouriço, de Muriel Barbery (Editorial Presença)

 

Livros seleccionados para Julho: 

Os três bandidos, Tomi Ungerer (Kalandraka)

Desvio, Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho (Planeta Tangerina)

O Vício dos  Livros, Afonso Cruz (Companhia das Letras)   

Setembro e Novembro a indicar.

 

Lotação: 20 participantes

ENTRADA LIVRE, mediante marcação para o e-mail: reservas.casadamarioneta@gmail.com

15 de Maio, 2023

Aplicação do Jogo de Lógica de Lewis Carroll para promover a Lógica na Filosofia

joana rita sousa

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A lógica é uma das unidades mais difíceis de ensinar do currículo de filosofia do ensino secundário em Portugal. Isto acontece devido à natureza abstrata do assunto e ao modo como este facto dificulta a adesão dos alunos ao tema. No entanto, questões meta-teóricas aumentam a sua dificuldade tanto para os alunos como para os professores. As questões como o pluralismo lógico, o problema da relação entre uma lógica e sua justificação, a reflexão sobre a possibilidade de revisão dos procedimentos lógicos e a forma como a lógica está na base do que legitima o raciocínio como racional, podem atormentar a sala de aula sem nunca serem abordadas diretamente.

Lewis Carroll é uma figura-chave na história da lógica, cujos contributos podem amplificar estratégias pedagógicas. NoThe Game of Logic(1886), Lewis Carroll mostra como através de um jogo é possível promover a prática de exercícios lógicos com menos resistência. O objetivo ambicioso é aumentar as ferramentas pedagógicas lógicas acessíveis tanto a professores como a alunos. Em primeiro lugar, o jogo pode ser usado e aplicado fora da sala de aula, dando aos alunos uma maneira de ver o uso efetivo da lógica na vida real e, em segundo lugar, dá aos professores a oportunidade de fornecer um resumo do quadro histórico do desenvolvimento da lógica. O jogo de Carroll pode ainda ser usado noutros contextos para testar a argumentação em diferentes unidades temáticas do currículo, como no problema da indução de Hume ou no argumento cosmológico de São Tomás de Aquino, com o intuito de identificar a sua estrutura formal.

Concluímos reforçando a qualidade luminosa da lógica que, como asAventuras de Alice no País das Maravilhas já haviam mostrado, ajuda as pessoas a pensar bem justamente nos momentos em que o mundo se faz sentir como mais absurdo. (fonte: site IFIL NOVA) 

 

+ informações AQUI

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