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filocriatividade | filosofia e criatividade

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

29 de Março, 2023

- vamos parar para pensar o futuro?

joana rita sousa

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🍏 recentemente fiz uma chamada de perguntas e respostas sobre o futuro através da newsletter filocriatividade.

🍏 o propósito desta chamada passa por convidar famílias / turmas a parar para pensar (perguntar e responder) o futuro. 

🍏 se recebeu a newsletter e preencheu o formulário para participar, verifique pf o seu e-mail (caixa de spam incluída), pois as propostas seguiram hoje.

🍏 gostaria de participar? se for esse ocaso, preencha este formulário de contacto

29 de Março, 2023

leituras capazes de abrir melões (*)

joana rita sousa

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📷 Oriol Portell / Unsplash

 

"O que torna aguçada uma leitura?" (**)

Antes de tentar desvendar os ingredientes ou mecanismos que provocam  uma leitura aguçada, vou começar por descrever a minha ideia do que pode ser uma leitura deste tipo.

A palavra "aguçada" remete- me à faca capaz de cortar. Uma faca que desassossega, que inquieta, que nos incomoda, que nos põe em apuros e que nos coloca contra a parede.

Mas gosto da ideia de que a mesma faca, com aquele gume, também pode ser usada para abrir um melão. E adoro leituras capazes de abrir melões.

Essa palavra “aguçada” também me leva, talvez por associação fonética, a outro tipo de faca muito interessante e muito diferente. Navalhas filosóficas, como a navalha de Ockham, que sugere que a explicação mais simples é a mais provável; ou a navalha de Hanlon (nunca atribuamos ao mal aquilo que se explica apelando à estupidez) ou a guilhotina de David Hume (o que deveria ser não se deduz do que é).

Essas navalhas são úteis, trazem luz são aguçadas, com certeza.

A palavra “aguçada” também me leva a pensar em “edgy” em inglês. Literalmente "agudo", mas com um duplo sentido que me interessa também pela leitura. Num de seus significados, "edgy" significa "inquieto, tenso, nervoso", mas noutro significa "provocativo, ousado, vanguardista".

Portanto, uma leitura aguçada para mim engloba todas essas virtudes: uma leitura que preocupa, que pica, que perturba e provoca, que comove e afasta, que nunca nos deixa indiferentes e que muitas vezes acaba por trazer luz. Outra forma de olhar, ligando com o título dessas conferências (***), seria dizer que a leitura aguçada é aquela que nos prende a atenção até à quietude e depois coloca-nos em movimento. Ou vice-versa. Também pode capturar-nos no movimento até levar-nos à quietude da atenção.

Acho que pode ser bidireccional.

Muito bem, mas a dúvida era sobre o mecanismo: o que torna uma leitura "aguçada"?

Escolhi quatro elementos que me ocorrem quando penso se uma leitura foi aguçada ou não. Sem dúvida haverá mais elementos, mas estes quatro constituem um bom ponto de partida.

O primeiro elemento relaciona-se com a escolha da leitura.

Pessoalmente, se eu quiser aumentar as possibilidades de uma experiência de leitura compartilhada se revelar aguçada,  procuro livros que activem a busca, a curiosidade, a intriga.

Evito livros que desencadeiam o reflexo de tentar adivinhar aquilo que o/a professor/a ou autor/a quer.

Procuro livros que deixem uma pergunta e evito livros que deixem uma mensagem.

Procuro livros que exijam um leitor activo e evito livros que pressupõem um leitor passivo.

Procuro livros que representam um conflito interessante e evito livros que afirmam resolver um conflito por nós, por exemplo.

O segundo elemento que importa é a atitude com que se chega a essa leitura e com que se nos propõe essa leitura. Vamos chamar essa atitude de “atitude de exploração”.

O terceiro elemento fundamental é o tempo que pode ser dedicado a essa leitua.

E o quarto é o espaço.

Na realidade, estou convencida de que qualquer leitura pode ser aguçada, mesmo que a priori possa prometer pouco, desde que haja uma atitude exploratória, bem como tempo e espaço suficientes.

 

 

(*) texto de Ellen Duthie, publicado no blog wonder ponder, em setembro de 2021, tradução de Joana Rita Sousa (dezembro de 2022)

(**) no original: ¿Qué hace de una lectura que sea “FILOSA”?

(***) o texto foi redigido no âmbito de uma conferência intitulada Lectura: quietud y movimiento”, organizada por CEDILIJ.

28 de Março, 2023

como criar condições para o diálogo

joana rita sousa

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👉 este curso de 25h oferece momentos de reflexão e de actividade sobre a temática Filosofia para/com Crianças e Jovens.

👉 pretende proporcionar aos educadores e professores ferramentas do  pensamento crítico e criativo, para criar momentos que permitam às crianças e aos jovens desenvolver competências de diálogo.

👉 25h / online (zoom & moodle) / início a 3 de Maio

👉 formadora: joana rita sousa

👉 acolhimento: Casa do Professor 

 

a 4.ª edição tem inscrições abertas - saiba mais AQUI

 

28 de Março, 2023

Curso Online 9 - A Mente Consciente

- iniciativa do Steven Gouveia

joana rita sousa

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As inscrições para o Curso Online 9 - A Mente Consciente, dedicado às perspectivas filosóficas e científicas sobre a mente, estão oficialmente abertas. 
 
O Curso contará com a participação de três dos maiores especialistas mundiais sobre o tema: o Professor Emérito Nicholas Humphrey (London School of Economics), a Professora Susan Blackmore (Uni. Plymouth) & o Professor Karl Friston (College London Uni.). 
 
O Curso está aberto ao público em geral de qualquer formação ou grau que tenha curiosidade de aprender de forma rigorosa alguns dos desafios colocados pela investigação sobre a mente consciente. 
 
Informações e Inscrições aqui.
28 de Março, 2023

o novelo de emoções: literacia emocional e inclusão

joana rita sousa

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🧠  Elizabete Neves e Natalina Cóias são as autoras deste livro que aborda o tema das emoções.

🧠 este não é um tema fácil: identificar uma emoção é uma competência que temos de praticar (e por vezes confundimos as emoções, faz parte; ou confundimos as emoções com os sentimentos, também acontece). 

🧠  a proposta O novelo de emoções cumpre esse papel, de dar ferramentas de literacia emocional e ainda proporciona o contacto com o código color add.

🧠 assim, este livro sobre emoções que são apresentadas em cores diferentes abre espaço para o diálogo sobre a forma como diferentes pessoas podem ver as cores. 

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🧠 a propósito de emoções e de cores, recordei-me do documentário Deus Cérebro (disponível na RTP Play) onde é abordado o tema das emoções (episódio 1: a maquinaria das emoções) e também nos é apresentado o primeiro homem reconhecido como ciborgue e que vê mais cores do que o ser humano comum. 

 

🧠  boas leituras e bons diálogos!

27 de Março, 2023

#marçoilustrado: um mês intenso de partilhas

joana rita sousa

📚 #marçoilustrado é uma iniciativa da Silvéria Miranda e do João Oliveira que nos convocam a ler e a partilhar livros ilustrados, durante o mês de Março, ali na rede do lado, o instagram. 

📚 se fizer uma pesquisa pela hashtag vai encontrar tantos e tão bons livros ilustrados, para miúdos e graúdos. tenho partilhado alguns, mas a lista é grande, pelo que decidi fazer esta publicação aqui no blog. 

📚 seguem-se algumas sugestões de livros ilustrados que já li e/ou que já me inspiraram para fazer perguntas ou para desenvolver oficinas de filosofia (são livros perguntadores - se quer saber o que é um livro perguntador, leia este artigo). 

 

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Selma, de Jutta Bauer (Gatafunho)

este livro é um tesourinho: pelo tamanho, pela simplicidade, pelo texto, pelas ilustrações. 

um super livro perguntador que nos convoca a pensar o sentido da vida, o tempo e a felicidade, por exemplo.

"o que farias se tivesses mais tempo livre?"

 

O livro do ano, de Afonso Cruz (Alfaguara)

aviso: sou muito enviesada no que diz respeito aos livros de Afonso Cruz e gosto de todos. gosto particularmente deste livro, pela viagem que que é possível fazer ao longo de um ano de vida. 

Afonso Cruz provoca-nos com observações e metáforas que carregam perguntas. parecem andorinhas:

"como é que as andorinhas - tão pequenas - podem carregar Primaveras tão grandes?"

 

Devo argumentar quão absurda é a escravatura?,

de Frederick Douglass e Cinta Fosch (Akiara)

estamos em 2023: tem sentido falar de escravatura? não será uma coisa do passado? 

 

E viveram felizes para sempre... em palácios separados,

de Virginia López, Inês Balinha Carlos

e Bruna Assis Brasil (Porto Editora)

este livro chegou-me às mãos recentemente. poderá ser bastante pertinente para abordar um tema difícil: a separação ou o divórcio. o livro conta com o apoio de uma psicóloga e no final há algumas recomendações para os pais. por esta razão, recomendo o livro também aos pais e às mães que estão a passar por um momento de separação ou de divórcio. 

 

Histórias de Nasrudin, de Halili Bárcena

e Mariona Cabassa (Akiara)

este livro da Akiara alimentou a rubrica #umaperguntapordiaFILOCRI (no instagram). 

neste livro encontramos várias histórias sobre Nasrudín, uma figura bastante peculiar do Oriente islâmico. este sábio louco desafia-nos a pensar através de uma lógica muito própria e de um grande sentido de humor.

 

Tao, de Manel Ollé e Neus Caamaño (Akiara)

nas oficinas de filosofia é comum pensar a partir de perguntas - mas não estamos condenados a fazê-lo somente a partir de perguntas. podemos usar afirmações, aforismos e até provérbios.

este livro da Akiara apresenta um conjunto de afirmações que podem provocar perguntas, que podem provocar diálogos, que podem levar-nos a pensar e a repensar.

 

De onde vêm as ideias?, de Jordi Amenós

e Albert Arrayás (Akiara)

De onde vêm as ideias? é por si uma pergunta filosoficamente provocadora. este livro pode constituir um bom trampolim para pensar o que é a curiosidade e como cuidar da curiosidade.

 

A Revolução, de Slawomir Mrozek e Tiago Galo (Alfaguara)

quando vi este livro chamou-me a atenção um selo que dizia "colecção Afonso Cruz". o livro é assinado por Slawonir Mrozek e conta com as ilustrações de Tiago Galo. convoca-nos a pensar nas revoluções que acontecem em cada um de nós.

pode uma revolução acontecer em silêncio? 

 

Pete's a Pizza, de William Steig (Penguin)

Pete's a pizza é um livro muito, muito divertido sobre o Pete, uma criança aborrecida por não poder ir jogar à bola. estava a chover. o que se faz em casa, em família, quando estamos aborrecidos? 

 

Migrants, de Issa Watanabe (Gecko Press)

Migrants é uma proposta crua e dura para pensar a vida das pessoas migrantes. é incrível como um livro sem palavras pode dizer tanto. 

 

Famílias destrambelhada, de Claudio Hochman e João Vaz de Carvalho

(Livros Horizonte)

um livro perguntador e provocador para pensar as famílias e as diferentes formas de ser e estar em família. as ilustrações de João Vaz de Carvalho casam lindamente com o texto de Claudio Hochman que também vive do humor.

 

Skin again, de bell hooks e Chris Raschka

(Little Brown and Company) 

descobri recentemente que bell hooks se tinha aventurado na escrita de livros infantis. este Skin again fala precisamente da questão da pele. este livro pode ser um excelente trampolim para dialogar sobre diversidade, identidade e racismo. 

de que cor(es) falamos quando dizemos "cor de pele"? 

 

*

(e ainda) sobre livros ilustrados: 

👉 outras sugestões de livros ilustrados & perguntadores 🔗 10 livros para trabalhar nas oficinas de filosofia;

👉 🔗  5 razões para que os adultos leiam livros infantis;

👉  🔗  3 coisas que podemos aprender com os livros ilustrados.  

 

 

23 de Março, 2023

os seis chapéus do pensamento no jardim de infância

joana rita sousa

#FILOCRInojardimdeinfancia_sala_balao_magico_2022_

 

os seis chapéus do pensamento acompanham-me há muito. já viajaram comigo para muitos lugares do país - e continuam a viajar. 

esta ferramenta de criatividade criada por Edward de Bono é presença assídua nas minhas formações, bem como no trabalho que desenvolvo em contexto de jardim de infância.

 

na sala do balão mágico (4 e 5 anos) estamos a conhecer os seis chapéus do pensamento à medida que desenvolvemos a ideia de criar uma "história bem feita". surgiu a necessidade de escrevermos uma "história bem feita", pois aquelas que eu tenho levado para a sala são "um bocadinho estranhas" (por exemplo, O Mundo ao Contrário, de Atak). 

esta necessidade manifestada pelo grupo criou o ambiente ideal para conhecer, um a um, os seis chapéus do pensamento. semana após semana, fomos aprendendo de que forma é que os chapéus (e as linhas específicas de pensamento) nos ajudam a pensar o que queremos fazer, como, porquê, bem como a avaliar o nosso trabalho; havendo ainda lugar para as emoções e a criatividade.

 

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agora temos de treinar este tirar e pôr de chapéus que nos ajudam a pensar. 

 

 

[se gostaria de saber mais sobre a técnica dos seis chapéus do pensamento

e considerar um trabalho de continuidade na sua sala, contacte-me via formulário]

 

21 de Março, 2023

os diálogos, a preparação e as expectativas da pessoa facilitadora

joana rita sousa

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um diálogo sobre escolhas

🗣 numa oficina com crianças entre os 11 e os 12 anos propus o jogo #EuPensoEuEscolho, editado pela The Happy Gang. 

🗣 uma das escolhas que nos saiu em sorte para dialogar foi "cumprir as regras da sala e ir ao intervalo?" ou "não cumprir as regras e não ir ao intervalo?" 

🗣  o diálogo foi bastante curioso e trouxe consigo ideias que não tinha contemplado quando preparei e pensei este diálogo sobre escolhas. 

 

não cumprir regras, mas só se chover 

🗣  exemplo disso: alguém apontou que não cumprir as regras e daí se seguir o não ir ao intervalo era uma escolha válida nos dias de chuva. o jovem prefere ficar na sala nesses dias e não ir ao intervalo apanhar chuva. foi interessante perceber que tipo de regras iriam ser quebradas para que ficasse na sala durante o intervalo - o que trouxe uma reflexão sobre regras graves e menos graves.

 

não cumprir regras para evitar alguém que me faz bullying

🗣  outro ponto de vista: a pessoa pode não querer ir ao intervalo por ser nesse tempo e nesse espaço que sofre bullying. assim, escolhe por não cumprir regras para poder ficar na sala durante o intervalo, por se sentir mais segura. também aqui foi importante pensar no tipo de regras que iríamos não cumprir para poder ficar na sala; teriam de ser regras "mais ou menos" graves, como atirar uma borracha ao ar. 

🗣 com este exemplo do bullying passámos a encarar a escolha de não cumprir as regras e não ir para o intervalo como algo que podemos aceitar como válido. afinal, pode haver uma razão forte para não cumprir as regras se isso me der um intervalo calmo e longe de alguém que me ameaça. 

🗣  o bullying surgiu por via de uma das crianças participantes e sublinho que já devem ter abordado o tema noutros momentos da sua vida, pois tinham ideias fortes sobre o que é o bullying e sobre a dificuldade que algumas pessoas podem ter em falar sobre o assunto, nomeadamente as vítimas. 

 

o mapa e o território

🗣 não tinha contemplado a chuva ou o bullying como razões fortes para não cumprir as regras e passar o intervalo na sala.

🗣  vivi um momento "nunca tinha pensado nisso" e agradeço muito ao grupo pela forma como fez a exposição das ideias e pela disponibilidade em pensar algo que poderia ser muito óbvio: "claro que temos de cumprir as regras sala, são as regras!".

🗣 esta oficina foi um bom "lembrete" de que tenho de estar disponível para ouvir ideias que não tinha contemplado na minha preparação do diálogo, pois essas ideias podem mesmo surgir.

🗣  só consigo escutar essas ideias se considerar a minha preparação para o diálogo como um mapa de um território que se constrói em tempo real, quando estamos a ginasticar a filosofia e o diálogo, uns com os outros. 

 

 

 

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