filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância
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the Mediterranean Association for Philosophy with Children was recently founded by Soufiane Margoube (Morocco) and Arie Kizel (Israel).
The Mediterranean Association for Philosophy with Children (MAPwC) will provide a framework for those who research and practice philosophy for/with children in the Mediterranean countries and the surrounding area.
Os ODS e a Agenda 2030, adotados pela quase totalidade dos países do mundo, no contexto das Nações Unidas, definem as prioridades e aspirações do desenvolvimento sustentável global para 2030 e procuram mobilizar esforços globais à volta de um conjunto de objetivos e metas comuns. São 17 ODS, em áreas que afetam a qualidade de vida de todos os cidadãos do mundo e daqueles que ainda estão para vir.
após leitura atenta da informação disponível no website Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o BCSD Portugal gostaríamos de expressar o nosso compromisso com alguns dos ODS da agenda 2030.
mas o que é isso, o que é a agenda 2030?
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas é constituída por 17 ODS e foi aprovada em setembro de 2015 por 193 membros, resultando do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um novo modelo global para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas.
A Agenda 2030 é constituída por dezassete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que devem ser entendidos numa perspetiva holística, como se tratasse de “uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta”. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável têm como base os progressos e as aprendizagens resultantes dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecidos entre 2000 e 2015.
a educação de qualidade (#4)é um dos pilares da filocriatividade e é um dos motivos pelos quais invisto na minha formação, para poder proporcionar às crianças e jovens a melhor experiência possível no âmbito da filosofia para / com crianças e da criatividade.
além disso, procuro parcerias com entidades cuja actuação ressoa com o objectivo da educação de qualidade.
para conhecer melhor as entidades parceiras da filocriatividade, convido-a/o a visitar o website da filocriatividade.
no sentido de contribuir para o objectivo reduzir as desigualdades (#10) tenho levado a cabo acções de voluntariado, desde o início do projecto. o projecto philoTKD (de 2008 a 2017) aconteceu em regime de voluntariado, bem como a colaboração com a #sala5, da educadora Ana Dominguez (em 2009, 2010 e 2011).
mais recentemente, proporcionei formação das docentes da Escola Internacional de São Tomé e Princípe (ano lectivo 2020/2021) e colaborei com o Laboratório de (re)escrita de textos, da Escola Secundária da Trindade realizando oficinas (à distância) com apoio do Centro Cultural Brasil-São Tomé e Príncipe.
muito obrigada a quem acompanha este projecto e permite que eu possa prosseguir caminho no sentido de fazer acontecer estes objectivos!
"Sabem como odeio, detesto, não tolero mentiras: não por ser melhor do que os outros mas simplesmente porque me assustam. Têm um ar fúnebre, sabem a morte - exatamente aquilo que mais odeio e detesto no mundo - o que mais quero esquecer. Deixam-me infeliz e doente, como se tivesse trincado qualquer coisa podre."
a reflexão:
Esta obra é uma das obras da minha vida. O narrador é pouco credível, mas ainda assim acaba por fazer uma descrição detalhada da exploração humana no antigo Congo Belga. Esta citação não fala tanto de «quem conta um conto acrescenta um ponto», mas mais da falsidade deliberada, de que muita gente se alimenta. Isto perturba-me muito.
a pergunta:
Como é que podemos viver uma experiência extraordinária e ainda assim, (ou por isso mesmo) não conseguimos colocá-la organizadamente em palavras? Auto-sabotagem ou auto-defesa?
*
#LERePENSARcom é uma rubrica #filocri que pretende divulgar leituras, leitores, reflexões e perguntas. pretende-se também ampliar o entendimento de leitura: podemos ler e pensar com livros (literatura, filosofia, ciência, álbuns ilustrados...), com documentários, com imagens ou com jogos e até com séries. procura-se aquilo que nos faz pensar, pratica-se o voltar a pensar e termina-se (se bem que o fim é um começo) com uma pergunta.
gostaria de participar nesta rubrica? basta preencher este formulário.
tropecei num artigo de Terry Heick intitulado 50 crazy ideas to change education e dei por mim a pensar: WOW. aqui estão algumas ideias bastante provocadoras, que abalam as nossas ideias de sala de aula, de relação entre professores e alunos, de escola.
(...) most of these are about education as a system rather than learning itself, but that’s okay. It’s often the infrastructure of learning that obscures anyway. Few of them may work; even fewer would work together, and that’s okay too. As long as we’re dreaming anyway, let’s get a little crazy.
o que aconteceria à educação (e à instituição escola) se algumas destas ideias fossem implementadas?
vejamos algumas das ideias loucas (?) que o autor sugere:
📌 pedir aos alunos que estabeleçam os seus próprios critérios de qualidade;
📌 permitir que os alunos usem os smartphones em sala;
📌 a presença dos alunos deixaria de ser obrigatória e teríamos de fazer das salas de aula os lugares onde os alunos querem estar;
📌 praticar a honestidade e admitir quando as coisas não funcionam, são aborrecidas ou são uma perda de tempo;
📌 promover a literacia, a criatividade e a brincadeira no ensino básico;
📌 permitir que os professores desenhem o seu próprio desenvolvimento profissional;
📌 optar por canais do YouTube ou listas de reprodução digitais/vídeos actualizadas e seleccionadas, em vez de livros didáticos;
📌 abandonar a avaliação de 1 a 20 ou de 1 a 5; no máximo, mude para 0, 1, 2 – não concluiu o trabalho, concluído sem atender aos critérios de qualidade, concluído atendendo aos critérios de qualidade.
📌 permitir que os alunos decidam o que querem e o que não querem aprender; insistir apenas para que aprendam alguma coisa.
eis as minhas sugestões loucas (?):
📌 eliminar as mesas e cadeiras das salas de aula e adoptar cadeiras com rodinhas e mesa para permitir o movimento em sala;
📌 eliminar o ruído nos corredores e nas salas de aula, investindo em soluções de melhoria da acústica (o Manuel Faria fez uma ted talk sobre o tema);
📌 abandonar os manuais escolares, permitindo que cada turma crie o seu próprio manual (ou diário gráfico) colectivo e individual, ao longo do ano;
📌 eliminar os testes e introduzir outras formas de avaliação, de autoavaliação e de heteroavaliação;
📌 envolver as famílias sempre que possível;
📌 abandonar as festas de finalistas e de final de ano lectivo que servem de montra e não de encontro entre famílias e escola;
*
será que conseguimos transformar estas ideias loucas em realidade? será que podemos adaptar alguma destas ideias loucas e aplicar?
a partir do perguntário ¿hay alguien aí? (Ellen Duthie - Wonder Ponder) navegamos entre perguntas e respostas sobre... a humanidade.
não são só os seres bíbopes que têm curiosidade sobre a humanidade, a humanidade também tem curiosidade sobre si mesma
como surgiu esta oficina de filosofia, pensada para famílias com crianças entre os 7 e os 11 anos de idade?
o contexto do livro ¿hay alguien aí?
o livro de Ellen Duthie é todo ele comporto por perguntas. estas foram lançadas pelos seres bíbopes que, tal como os seres humanos, são muito curiosos e querem muito fazer perguntas.
ora, como criar uma oficina de filosofia a partir de um livro cheio de perguntas?
antes de mais, li o livro atentamente para servir de guia à possibilidades de perguntas que se podem fazer sobre a humanidade. neste livro, surgem áreas temáticas também elas identificadas em termos de perguntas, por exemplo: como é a vossa relação com outros seres terrícolas? / os seres humanos são boas pessoas? / como é ser um ser humano? / como sabem aquil que sabem?
esta leitura atenta fez-me perceber que seriam muitas as áreas filosóficas que poderiam surgir neste diálogo caso o grupo decidisse ler algumas perguntas do livro para responder. ora, como me posso preparar para tudo?
não posso. como sou já uma facilitadora experiente e tenho formação na área da filosofia, não fiquei demasiado preocupada com esta questão. porém, recomendo que uma pessoa facilitadora que esteja a dar os primeiros passos invista tempo na preparação da oficina passe por uma preparação também ela filosófica, no sentido de nos dar uma noção dos conceitos, dos pensamentos que cada área apresenta.
recordo que o conteúdo filosófico, ou seja, o pensamento que outras pessoas filósofas já pensaram, não é o foco da oficina de filosofia. pretendemos que se pratique o filosofar durante a oficina. cabe à pessoa facilitadora estar preparada para reconhecer elementos filosóficos no diálogo.
pensei: hum, será que esta oficina de perguntas poderá transformar-se numa oficina de respostas? será que tem de acontecer assim?
pensar a oficina e a proposta de pensamento
talvez a oficina possa ser um perguntário e um respondário, no mesmo espaço e tempo. por esse motivo, fiz uns cartões com P (de pergunta) e R (de resposta) para que as pessoas participantes pudessem escolher o que queriam fazer. decidi não impor nem uma coisa nem a outra e deixar que as pessoas decidissem o que fazer, em conjunto.
o meu plano passava por começar a oficina com uma breve partilha do livro, contando que os seres bíbopes nos tinham visitado numa nave em forma de donut e que tinham deixado este perguntário dirigido aos seres humanos.
perguntário ou as perguntas que os seres humanos presentes numa certa oficina de filosofia para famílias fizeram sobre a humanidade
"o que podemos fazer? vamos ler as perguntas do perguntário sobre os seres humanos e dar respostas? ou vamos fazer o nosso perguntário sobre os seres humanos?" - perguntei.
uma das crianças disse: "penso que podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo, é o que costuma acontecer na filosofia." esta participante tem sido uma presença assídua nas minhas oficinas online e já tem alguma experiência em diálogos filosóficos. as outras pessoas na sala estavam a participar pela primeira vez num diálogo deste género.
as outras pessoas participantes concordaram com a ideia e foi aí que distribuí os cartões com P ou R para que pudessemos usar ao levantar o braço para falar.
a dinâmica aconteceu da seguinte forma: podíamos escollher P ou R, podíamos responder às perguntas uns dos outros, podíamos perguntar a partir das perguntas uns dos outros.
acabou por ser bastante orgânica a forma como lançámos perguntas, algumas sem relação entre si, movidos pela curiosidade. nalguns momentos, voltámos atrás nas perguntas para avançar com respostas ou dialogar sobre as mesmas.
eis algumas das perguntas do nosso perguntário, partilhadas pelas crianças e pelas pessoas adultas na sala:
porque é que não há máquinas para substituir o cérebro?
como é que a pele foi criada?
porque é que temos sentimentos e como?
de que é feita a água?
como é que o ser humano apareceu?
há algo de especial no ser humano?
quando pensamos em animais, pensamos no ser humano ou nos leões?
será que o leão sabe que é um leão?
será que nós sabemos que somos nós?
como é que o mundo apareceu?
quem foram os primeiros pais de tudo?
como é que o buraco negro apareceu se havia nada?
se não houver ninguém para ouvir um barulho, esse barulho existe?
dizer pessoa é o mesmo que dizer ser humano?
os Homens das cavernas eram pessoas?
qual foi o primeiro planeta de todos?
como é que os filhos podem ser pais?
há cães que têm uma profissão?
porque é que o livro tem um cão na capa?
há piadas que só nos fazem rir a nós e a mais ninguém?
curiosamente, estas perguntas variam entre questões sobre o mundo (na expressão de uma das crianças, do mundo planeta terra e do mundo universo) e sobre a origem das coisas. passámos algum tempo a tentar imaginar quem teria sido o primeiro ser de todos, no planeta terra.
se havia nada como é que começou a haver alguma coisa?
*
esta é uma das possibilidades de trabalho em oficina filosófica pontual (isto é, com um grupo com o qual não terei trabalho de continuidade) a partir do livro de Ellen Duthie.
se pretende mentoria para criar um projecto de filosofia para / com crianças a partir de recursos como este, contacte-me.
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Aí é que reside o perigo, pois que dois homens nunca se sentem tão sozinhos e tão abatidos como um só. E desse primeiro <<nós>> nasce algo muito mais perigoso: <<eu tenho algum pão>> mais << eu, não tenho nenhum.>> E o resultado desta soma é: <<nós temos alguma coisa>>.
a reflexão:
Neste pequeno monólogo, entre dois lavradores que perdem as suas terras ao terem sido apreendidas pelo Banco, Steinbeck estabelece — a meu ver — a origem e a destruição da nossa relação em sociedade.
Se por um lado a dependência de uma rede maior de confiança, seja ela traduzida em relação económica e a subsistência, trouxe este desfortúnio aos dois lavradores, por outro é a empatia e compaixão que os leva a construir uma relação entre ambos naturalmente em torno da partilha e da confiança.
À margem de teorias económicas e políticas este é um problema fundamental nos dias de hoje. Embora o progresso em sociedade tenha arrancado das mãos dos demais a capacidade de trabalhar em prol da própria subsistência, ou seja, a terra; embora as organizações tenham construído melhores aparelhos de segurança social e garantia de subsistência; embora tudo isto, a humanidade vive — em pleno paraíso tecnológico e económico — o maior período de desigualdade de sempre. Se antes o problema era de subsistência, talvez hoje o problema seja de natureza de oportunidades do indivíduos e de auto-realização e propósito. Se antes os mais pobres se viam desprovidos de alimento, hoje, talvez, se vejam desprovidos dos meios para alcançar o seu potencial e realização. Talvez a desigualdade assente precisamente nisto, talvez a miséria em tempos modernos não seja de natureza material, alimentar ou palpável por alguma métrica económica que não: estamos a construir uma sociedade justa onde cada indivíduo está munido das melhores oportunidades para alcançar o seu potencial e propósito?
a pergunta:
Pode um indivíduo deixado à margem dos seus pares ainda confiar na ideia de “sociedade” quando é tratado de forma desigual nos proveitos e nas relações que estão na base da criação deste mesmo conceito?
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