agenda #filocri - abril 2022
cafés filosóficos, formação acreditada de 25h, formação inicial sobre diálogo criativo e oficinas de filosofia para crianças e jovens. consulte a agenda detalhada AQUI.
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cafés filosóficos, formação acreditada de 25h, formação inicial sobre diálogo criativo e oficinas de filosofia para crianças e jovens. consulte a agenda detalhada AQUI.
Giuseppe Cambiano é licenciado em filosofia e professor emérito de história da filosofia antiga em Itália. no livro Sete razões para amar a filosofia, Cambiano descreve essas sete razões de forma simples e acessível para quem não tem uma bagagem de conhecimento na área.
o índice anuncia as sete razões: fazer perguntas, usar palavras, procurar respostas, apreciar a discordância, abrir os horizontes, compreender os outros: outros tempos e compreender os outros: outros mundos.
identifiquei nestas razões aquelas que me levaram a estudar filosofia, a fazer uma licenciatura, e também as razões para desenvolver oficinas de filosofia para crianças e jovens (e também para adultos).
numa oficina de filosofia as perguntas são ferramentas essenciais para a dinâmica do diálogo. perguntamos para saber, para esclarecer, para colocar hipóteses, para problematizar. nesse processo de pergunta, as palavras são pensadas, esmiuçadas, definidas e são um instrumento que nos permitem posicionar-nos sobre algo.
além de colocar perguntas, arriscar respostas é outro elemento chave da oficina, pois não ficamos satisfeitos/as só com o perguntar. uma oficina pode acontecer só com perguntas? pode, sim. porém não excluo as respostas deste contexto, pois estas permitem experimentar cenários e até colocar outras perguntas.
num diálogo é natural que haja discordância. não promovo diálogos que tenham como fim último que todos concordem uns com os outros. não é esse o meu foco. também não tenho como foco a discordância. o ambiente deverá ser capaz de acolher tanto uma coisa como a outra, os concordo e os não concordo, pois esta tensão permite ver outros pontos de vista em torno do problema.
abrir os horizontes, diz Cambiano. sem dúvida, ampliar sentidos e contemplar possibilidades que até então eram impensáveis: eis um dos efeitos secundários dos diálogos filosóficos.
compreender os outros: outros tempos e outros mundos, diz Cambiano. o que pretende dizer com isto?
vou dar a palavra ao autor:
(...) Graças aos restos arqueológicos e às produções artísticas do passado, consegue-se entrever como se vivia no passado, onde se morava, quais eram as atitudes religiosas, como eram representados os deuses, pessoas e coisas e que sons eram apreciados.(...)
(...) compreender os outros não significa automaticamente, sempre e em todo o lado, justificar tudo aquilo que os outros dizem ou fazem (...) a filosofia procura também identificar se existe e em que consiste a dignidade humana, para a salvaguardar em cada um e em todo o lugar.
a compreensão dos outros tempos e dos outros mundos são fundamentais para, por um lado salvaguardar a memória, e por outro lado, a dignidade humana.
quanto a mim, a oitava razão para amar a filosofia passa por ter a possibilidade de filosofar lado a lado com crianças e jovens, escutá-los, renovar a minha atitude de espanto.
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se quiser comprar este livro, entre AQUI e use o meu link afiliados. desta forma está a apoiar a filocriatividade e a permitir que eu possa continuar a produzir e a partilhar conteúdo para a comunidade.
lembre-se que também poderá requisitar este livro numa biblioteca.
subscreva a newsletter #filocri e receba no seu e-mail sugestões de exercícios de diálogo, recomendações de leitura e de eventos relacionados com filosofia e educação.
é conhecida a minha admiração pelos materiais Wonder Ponder. a filosofia visual proposta por Ellen Duthie e Daniela Martagón veio ao encontro da minha prática de diálogo filosófico, uma vez que os recursos visuais (imagens, fotografias, livros ilustrados) foram desde o início uma das minhas opções no momento de escolher algo que servisse de pontapé de saída para o diálogo.
¿Hay alguien ahí? convoca-nos a pensar na humanidade. já parámos para pensar na humanidade? o que faz de nós humanos? o que será que outros seres podem pensar sobre nós?
hum? como é possível os seres bíbopes terem tanto a dizer sobre os humanos? espera aí. e o que dizem é em forma de perguntas? perguntas e mais perguntas?
de que forma é que um conjunto de perguntas, um guião de perguntas muito perguntadeiras pode dizer TANTO sobre a humanidade?
este livro é perguntador, não fosse ele um conjunto de perguntas que parece não ter fim. convida a responder, a tentar sossegar o desassossego provocado pelas perguntas. podemos partilhar a leitura com outras pessoas e assim dialogar a partir das perguntas do livro, das respostas que queremos arriscar e de outras perguntas que as perguntas nos possam provocar.
ainda há espaço para mais perguntas? sim.
há espaço para respostas? sim.
esse trabalho agora é connosco, os seres humanos que têm nas suas mãos o livro que é um preguntario interplanetario para terrícolas inteligentes. há que abrir o livro lançar as perguntas e as respostas. é bem possível que nos demoremos algum tempo em cada uma das páginas - e esse é um dos pontos que tanto aprecio nos materiais Wonder Ponder. são materiais egoístas, no sentido em que exigem a nossa total atenção ao detalhe e uma atitude nada apressada na leitura. definitivamente, este livro é um livro para pessoas sem pressa - e que podem ou não gosta de donuts 🍩
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👉 numa oficina de filosofia um livro (ou outro recurso) não faz o trabalho por nós, porém um livro como este ajuda muito a contemplar pontos de vista diferentes, a colocar em causa o que pensamentos, a criar um espaço de incerteza e a alimentar a curiosidade.
¿Hay alguien ahí? é um livro pensado para crianças a partir dos 9 anos (para leitura autónoma) e poderá ser lido por crianças de outras idades, com mediação de leitura.
(também é altamente recomendado para pessoa adultas curiosas.)
de janeiro a março as oficinas #filocri celebraram o #CentenarioSaramago.
na oficina do Platão (dos 7 aos 12 anos) trabalhámos a partir d'A Maior Flor do Mundo e nas oficinas philoTEEN (dos 13 aos 17 anos) trabalhámos a partir de palavras de José Saramago compiladas no livro Nas Suas Palavras.
uma das oficinas pensadas a partir d'A Maior Flor do Mundo, jardim de pensamentos, teve como ponto de partida uma miniestufa (ou waffle estufa, como foi chamada por um dos participantes).
se fosse possível semear palavras ou pensamentos, que palavras ou pensamentos gostarias de semear? que flor ou fruto iria crescer? e porquê semear essa palavra ou pensamento?
vários foram os pensamentos e as palavras que semeámos na miniestufa: alegria, o bom dia, os amigos, as amigas, tristeza, espectacular, ideia das hipóteses, viva, saudade.
nesta oficina trabalhámos a escuta, de forma a apurar se os pensamentos se assemelhavam de alguma fora, justificámos as escolhas e até discordámos. algumas pessoas não concordaram com a ideia de semear a tristeza por ser algo associado a maus momentos, outras consideram que esta faz parte da vida e temos de saber que existe, para aprender a lidar com ela.
uma nota
a oficina sofreu uma variação nas duas vezes que aconteceu: numa das oficinas pedi para semear palavras, na outra pensamentos. porquê a diferença? para compreender se o ponto de partida (palavra / pensamento) provocava mais ou menos dificuldade no processo. foi curioso que pedindo palavras ou pensamentos, os participantes eram muito sintéticos na sua escolha: indicavam uma palavra apenas ou três (como "ideia das hipóteses").
também falámos de pokémons, mas esta foi uma conversa paralela à oficina. temos fãs de pokémons na sala zoom e eu tenho um conjunto de tazos pokémons. é quando os participantes se repetem que vou tendo possibilidade de conhecer um pouco melhor os seus interesses e assim vou criando relação com estas crianças que só conheço via zoom.
tenho pedido às pessoas que se inscrevem nas oficinas online para partilhar o local onde se encontram e desta forma compreender o alcance geográfico destas oficinas. até à data de hoje já participaram crianças de vários pontos do... mundo!
em Portugal: Lisboa, Porto, Coimbra, Bombarral, São Miguel, Braga, Maia, Almada, Cascais, Montemo-o-Novo, Vale de Cambra, Mafra, Oeiras, Vila Nova de Gaia, Oliveira de Azeméis, Sintra e Oeiras.
fora de Portugal: Luxemburgo, Brasil (Belo Horizonte), Cabo Verde (Praia).
a experiência das oficinas online tem permitido levar a filosofia junto de crianças que estão distantes umas das outras, aproximando os seus pensamentos e criando diálogo. que bela aventura!
já há datas para Abril e Maio, o que inclui datas nas férias da Páscoa.
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estas oficinas #filocri / #CentenarioSaramago estão disponíveis para viajar até ao centro de estudos, à biblioteca escolar e municipal. para o efeito, basta que me contacte através deste formulário.
estes e outros poemas no canal youtube do LUCA
👀 durante o dia recolha 5 palavras a partir daquilo que observa e registe-as num papel ou nas notas do telemóvel. procure que essas palavras tenham origem em contextos diferentes (por exemplo, o metro, a rua, a casa de banho, a repartição de finanças...).
sugestão: recolha essas palavras a partir das lombadas dos livros aí de casa. abra a despensa e olhe para o que lá tem. pense nos objectos que têm nos armários da cozinha ou da casa de banho.
📝 já tem as 5 palavras?
👉 escolha uma dessas palavras para ser a palavra CENTRAL.
🔗 passo seguinte: crie uma relação entre essa palavra (a central) e as outras quatro palavras. registe essa relação, escrevendo num caderno (aquele que comprou ou fez a partir de folhas soltas e que, a partir de agora, é o seu caderno para os exercícios de criatividade).
🏋🏼♂️ repita o exercício 1x por semana.
[exercício de Edward de Bono (livro How to have creative ideas)]
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se quiser juntar-se a uma comunidade de prática da criatividade, espreite as comunidades criativas #filocri.
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artigos complementares:
🔗 motivos para ter um unicórnio na mesa de trabalho
#chatP4C é uma iniciativa da Gina e da Jane que convida pessoas relevantes na área da educação e da filosofia para/com crianças para uma conversa no twitter. durante 1h a comunidade #p4c junta-se em torno da hashtag #chatP4C para perguntar e arriscar respostas.
hoje acontece mais uma edição, às 20h (hora de Lisboa) e vamos falar de necessidades educativas especiais.
junte-se à conversa!
outras edições do #chatP4C
- integração da #P4C nas escolas
- #P4C e as palavras maravilhosas
hoje as 3 da manhã falavam das conversas que tiveram com os seus filhos durante esta semana e um dos temas foi a morte. a Ana Galvão, a Joana Marques e a Inês Lopes Gonçalves têm filhos de distintas idades e foi curioso ouvir como uma pessoa de 6 anos e uma pessoa de 12 anos perguntam ou falam sobre a morte.
a morte é um tema comum nos diálogos que tenho com as crianças. por vezes é um tema que surge a propósito da vida e do tempo, outras vezes é trazido para o diálogo de forma muito directa. em julho de 2020 quando iniciei as minhas oficinas de filosofia online aconteceu o seguinte: iniciei a oficina perguntando se alguém tinha uma pergunta que incomodasse e da qual gostassem de falar. após um bocadinho de silêncio surgiu um braço no ar.
"há uma pergunta que me incomoda há muito tempo e gostava mesmo de saber a resposta. o que é que acontece depois de morrermos?"
o jovem justificou o interesse pela pergunta e o grupo alinhou na investigação da pergunta. acabámos por, a partir da pergunta, abordar a importância da resposta para a pergunta (para esta e para outras). o motivo? compreendemos que é impossível responder a esta pergunta por nos faltar um "especialista" - que neste caso seria alguém que tivesse falecido e pudesse relatar a experiência.
motivada pela conversa de hoje na rádio e por considerar que os livros podem dar uma boa ajuda para abordar temas difíceis como a morte, resolvi partilhar alguns títulos (para crianças, jovens e adultos) que podem ser um trampolim para pensar o impensável que é a morte.
este livro chega-nos do Brasil e é assinado por Lia Zatz, com ilustrações de Inácio Zatz. o título, em forma de pergunta, é provocador e inesperado, assim como o desenrolar da narrativa. conheci-o através de uma professora bibliotecária e a livraria Travessa (Lisboa) trouxe um exemplar até à minha aldeia.
Ana Pessoa é autora de livros que adoro, como o Coisas que acontecem ou o desvio. o Supergigante (Planeta Tangerina) fala de uma perda e... bom, já agora que tal ouvir a Ana Pessoa, em pessoa, a falar do livro?
a temática da morte encontra-se intimamente ligada à temática do tempo e por isso este livro é tão pertinente. como se desenrola o fio da vida? David Cali e Serge Bloch respondem neste livro editado pela Bruáa Editora.
conheci este livro há muitos anos, através da Ana (educadora de infância). Luís Silva é responsável pelo texto e pelas ilustrações do livro publicado pelas Edições Afontamento. uma narrativa que nos convoca a pensar nas pessoas que nos fazem faltam.
quantas semanas temos para viver? e como vamos vivê-las? Oliver Burkeman pergunta e arrisca respostas neste livro que, sem tratar da morte de um modo directo, trata da gestão do tempo que temos para viver e que não dura para sempre. recomendo este livro aos adultos que querem sentir-se mais preparados para dialogar sobre a morte e o tempo com crianças , jovens e outros adultos.
recomendo o livro do ano pois considero que os livros que tratam da vida também tratam da morte. este livro é uma narrativa simples e complexa, bela e cruel, sobre a vida, da qual a morte faz parte. o autor é o Afonso Cruz:
O meu avô passa muito tempo no parque. Diz que o problema de envelhecer não é esquecermo-nos das coisas, é que tudo se esqueça de nós. (p. 134)
autora de Uma vindicação pelos Direitos da Mulher a filósofa nasceu em 1759 e faleceu em 1797 e é considerada uma das fundadoras da filosofia feminista. a sua vida privada foi alvo de vários comentários, por ser pouco convencional para o seu tempo. Wollstonecraft é descrita como uma filósofa política e moral cuja obra versa sobre a condição da mulher.
uma razão para ler esta filósofa passa por aqui:
Wollstonecraft acreditava que a educação poderia ser a salvação das mulheres: “o exercício do entendimento é necessário; não há outro fundamento para a independência de caráter. Eu afirmo explicitamente que elas devem se sujeitar somente à autoridade da razão, ao invés de serem humildes escravas da opinião”. Ela insistia que as mulheres deveriam estudar assuntos sérios, como leitura, escrita, aritmética, botânica, história natural e filosofia moral; ela recomendava também exercícios físicos vigorosos para auxiliar o estímulo da mente. (via wikipédia)
curiosidade: Wollstonecraft é a mãe de Mary Shelley, a autora de Frankenstein.
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para saber mais sobre Wollstonecraft:
- stanford encyclopedia of philosophy.
para saber sobre mulheres filósofas, espreite a playlist que preparei no spotify e no youtube.
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