perguntas comuns em torno do pensamento crítico
- o que é pensamento crítico?
vários autores definem o pensamento crítico de formas diferentes. apresento o entendimento com o qual mais me identifico, por integrar uma visão ética e de sensibilidade ao contexto que considero fundamental (e que deriva da minha prática e investigação na área da filosofia para / com crianças e no âmbito do diálogo filosófico).
“O pensamento crítico é a aplicação cuidadosa da razão para decidir em que acreditar e, portanto, como agir."
Destaque para as partes importantes da definição:
Pensamento cuidadoso (sensatez)
Uso da razão (lógica)
Julgamento sobre crenças (avaliação)
Aplicação a problemas reais (acção)”
(Lima, V., Lima. E, Ebook de Pensamento Crítico, 2020)
- o que é um argumento?
"(...) o propósito de um argumento é oferecer uma razão para sustentar uma crença apresentada por uma das partes num diálogo. Essa crença é, por vezes, aquilo de que duvida quem responde, no contexto do diálogo. É uma proposição que está em debate ou que não foi estabelecida. Supostamente, um argumento apresenta uma boa razão para que quem responde acabe por aceitar essa proposição como verdadeira, removendo assim a dúvida."
(Douglas Walton - via Crítica na Rede)
- o que é uma premissa?
"Uma afirmação usada num argumento para sustentar uma conclusão. Por exemplo, a premissa do argumento “O aborto não é permissível porque a vida é sagrada” é a afirmação “A vida é sagrada”. Ver entimema."
(Murcho, D - via Crítica na Rede)
- o que são falácias?
"Um argumento mau que parece bom. Os argumentos podem ser falaciosos 1) por serem inválidos e parecerem válidos, por 2) terem premissas falsas que parecem verdadeiras, ou por 3) não serem cogentes mas o parecerem. Por exemplo, o argumento seguinte é inválido mas parece válido: «Todas as coisas têm uma causa; logo, há uma causa para todas as coisas». O argumento seguinte tem uma premissa falsa, mas não parece: «Ou gostas de Picasso ou odeias Picasso; dado que não gostas, odeias.» O argumento seguinte pode parecer cogente, mas não é: «Se os cépticos tivessem razão, nada se poderia saber; mas como é óbvio que se pode saber várias coisas, os cépticos não têm razão».
A distinção entre argumentos maus que são enganadores porque parecem bons e argumentos maus que não são enganadores porque não parecem bons não é formal mas sim informal. Esta distinção é crucial, uma vez que são as falácias que são particularmente perigosas. Os argumentos obviamente maus não são enganadores e, se todos os argumentos maus fossem assim, não seria necessário estudar lógica para saber evitar erros de argumentação."
(Murcho, D. - via Crítica na Rede)
- há lugar para a ética no pensamento crítico?
sim. o pensar bem ou pensar melhor implica, a meu ver, um cuidado na prática desse pensamento. não vale de nada decorar regras lógicas e saber as falácias de cor se depois não sabemos avaliar os contextos e atender ao interlocutor com quem estamos a dialogar. vários autores referem a questão ética na prática do pensamento crítico - e do diálogo filosófico - tais como Vitor Lima, o colectivo Dialogue Works e Peter Worley.
“Facilitar investigações filosóficas envolve muitas decisões intuitivas e vai para além da aplicação mecânica da caixa de ferramentas filosófica. Requer juízos complexos, práticos, o equilíbrio entre os pensamentos crítico, criativo, cuidativo e colaborativo (...)”
(Haynes J., Murris., K., 2012)
- que relações há entre pensamento crítico e pensamento criativo?
"O pensamento criativo consiste na prática de uma atitude interessada em procurar alternativas. Implica originalidade (face a si mesmo, aos outros ou ao universo), coragem e sensibilidade ao contexto."
(Sousa, J., 2021)
“(...) o pensamento crítico como alternativa criativa ao pensar automatizado do dia a dia, por outro lado, o pensamento criativo como alternativa crítica a esse mesmo pensar automatizado, onde a palavra porquê não cabe ou parece não fazer sentido.”
(Sousa, J., 2014)
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