Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

filocriatividade | filosofia e criatividade

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

31 de Agosto, 2020

Mitos à volta da Filosofia

- desconstruindo erros comuns em torno da Filosofia

joana rita sousa

49705982_2458435367560474_1225117418066542592_n.jp

 

Três dos mitos mais comuns sobre a filosofia traduzem-se em "a filosofia é antiga, impenetrável e irrelevante."

Este guia actua como uma refutação a esses mitos comuns sobre filosofia e funciona como um guia para educadores que gostariam de incorporar a filosofia na sala de aula, mas que podem enfrentar o cepticismo dos alunos ou mesmo dos responsáveis da escola.
 

 

1. "Os filósofos são sempre homens velhos e, por isso é difícil identificar-me com essas pessoas."

De acordo com Sara Goering, as crianças com menos de 10 anos podem ser algumas das pessoas mais filosoficamente comprometidas, o que é evidenciado pelo seu perguntar contínuo. Goering também argumenta que a filosofia não tem idade mínima. Lone e Burroughs afirmam que todas as crianças têm inclinações filosóficas. Se as crianças são involuntariamente capazes de fazer perguntas sobre o seu estado de ser, segue-se que os alunos de todas as idades são capazes de discutir as mesmas questões. Isso significa que se você já foi uma criança, provavelmente fez algum tipo de filosofia na sua vida. É importante lembrar que a filosofia pode ser feita por qualquer pessoa que o queira; não há idade específica  na qual uma pessoa viu e sentiu tanto que, de repente, é capaz de fazer perguntas filosóficas.

 

 

2. “A filosofia é pedante e impenetrável.”

De acordo com Lone e Burroughs, a filosofia trata de fazer perguntas e analisar as respostas, além de uma única perspectiva. Isso é mais eficaz com pessoas novas na filosofia, através do diálogo. Contudo, a maioria das escolas não participa do tipo de diálogo necessário. A filosofia, quando apresentada através de palestras, pode parecer esotérica. Sean A. Riley e Goering observam que mesmo em salas de aula onde é dada a oportunidade aos alunos para participar activamente da filosofia por meio do discurso, a filosofia pode ser ainda difícil de aprender. Os alunos podem desconsiderar o valor de investigar certas conversas, porque acreditam que “tudo é relativo de qualquer maneira”. Para responder a esses casos, os professores precisam ser persistentes de forma a que o diálogo continue. Uma forma de dar continuidade a esse diálogo passa por isolar uma afirmação particular e pedir ao aluno para esclarecer um determinado ponto.

 

20200714_124832.jpg

 

3. “A filosofia é irrelevante para a minha vida.”

Desenvolver um investimento pessoal em filosofia pode ser um dos maiores desafios para os alunos, especialmente para quem não quer estudar filosofia no nível universitário. No entanto, a filosofia tem benefícios para cada um dos alunos. De acordo com um relatório partilhado por Goering e Robert Figueroa sobre um instituto de verão, de filosofia, num colégio do Colorado,  os alunos que participaram nessa actividade de verão receberam melhores notas nos testes. Os alunos em situação de risco que participaram do programa também apresentaram notas finais mais elevadas. Riley também observou que, depois de implementar a filosofia nas suas aulas de história, os alunos revelaram mais habilidade para encontrar maneiras de incorporar a filosofia  na sua vida quotidiana e também em campos de estudo de nível universitário, independentemente da área em que estão a estudar. 


Artigo do Philosophy Outreach Project, disponível para leitura (em inglês) AQUI

As fotografias que ilustram o artigo pertencem ao projecto #filocri. 

Bibliografia do artigo:

Lone, Jana Mohr, and Michael D. Burroughs. Philosophy in Education: Questioning and Dialogue in Schools. Lanham, Maryland: Rowman & Littlefield Publishers, 2016.

Goering, Sara. “Finding and Fostering the Philosophical Impulse in Young People: A Tribute to the Work of Gareth B. Matthews.” Metaphilosophy 39, no. 1 (2008): 39–50. Riley, Sean A. “Building a High School Philosophy Program.” Teaching Philosophy 36, no. 3 (2013): 239- 252.

Figueroa, Robert and Sara Goering. “The Summer Philosophy Institute of Colorado: Building Bridges.” Teaching Philosophy 20, no. 2 (1997): 155-168.

30 de Agosto, 2020

Roda da Filosofia

- uma iniciativa de Elisa Oliveira e Joana Rita Sousa

joana rita sousa

 

5.png

 

o que é a Roda da Filosofia?

são encontros informais, online, para partilha e debate de temas relacionados com a filosofia

 

quem pode participar? 

a Roda da Filosofia está pensada para pessoas relacionadas na área da educação e da filosofia, bem como da filosofia para crianças e jovens

 

como participar?

o próximo encontro acontece a 25 de Setembro (sexta) às 17h (Brasil) e 21h (Portugal). as inscrições são limitadas e exigem confirmação prévia. em breve anuncio o link para inscrição.

 

 

28 de Agosto, 2020

P4C in the Time of Corona

- filosofia para crianças e jovens em contexto #covid19pt

joana rita sousa

i287104489302255714._szw1280h1280_.png

 

um conjunto de facilitadores e investigadores na área da filosofia para crianças e jovens criou este documento que poderá ser muito útil em tempos "cóvidianos". 

o propósito do documento é bastante claro na primeira página; nunca é demais lembrar que é importante sabermos quais são as regras WHO/DGS nos espaços onde vamos trabalhar. 

a partir deste documento, podemos adaptar algumas das ideias à realidade que encontrarmos no regresso às aulas e/ou aos contextos onde habitualmente levamos a cabo as oficinas de filosofia. 

 

 

 

 

26 de Agosto, 2020

Believers and Doubters - Steve Williams

joana rita sousa

tumblr_8d48e8f96df2ab32ac3de6d7de4fc01a_ec447b54_5

 

The believing and doubting game was invented by Peter Elbow (‘Writing Without Teachers’, Oxford University Press, 1974). I’ve used it many times in an adapted way for P4C and in other educational contexts.



IN GROUP DIALOGUE


1. A view is advanced by pupils or the teacher. First, all members of a group work together to support the view. They try to come up with the best justifications they can. The are ‘believers’. Then they all switch perspective and turn into ‘doubters’. They try to list the best reasons to doubt the view in question.

2. After the whole group has worked together, individuals can then consider the points raised and seek clarification and understanding by asking questions. Then put forward their own judgements and give
reasons. Those reasons often involve an explanation of which justifications, doubts and criticisms were most important to them.


ADVANTAGES


1. Finding a worthy rival. Many facilitators of group dialogue will say: “Imagine what someone who disagreed with you might say”. This is a good move but rarely one that is taken seriously enough. It’s a worthwhile challenge to make the best argument you can against your own. The believers and doubters game is a structured activity to make sure rival ideas are explored.

2. Delaying the influence on the outcome of the most dominant, respected or articulate members on the group. Those members begin by putting their influence and abilities to use trying to support arguments other than their own.

3. Taking the pressure off one member of the group who is might otherwise be arguing alone for a point of view.

The believing and doubting game is a simple and effective activity that can be used for small-group breakouts or in whole-group discussions.



IN READING

When reading texts, students can be encouraged to read first as 'believers' (wanting to understand fully what a writer has to say) and then as 'doubters' (with their own flow of critical questions in response to the text).



IN WRITING

Writers can be encouraged to read their own writing as they would read texts written by others – first, by making their own arguments and perspectives as strong as possible and second, by doubting and
questioning what they write in order to uncover weaknesses and imagine responses from other readers with different perspectives.

 

Steve Williams

24 de Agosto, 2020

[novas datas] oficina A perguntar é que a gente se entende

para pessoas interessadas em aprender sobre a arte de fazer perguntas

joana rita sousa

 

oficina-arte-fazer-perguntas-final (1).png

 

A pergunta é a porta de entrada para tantas coisas na nossa vida. Quando conhecemos alguém pela primeira vez perguntamos: “Como se chama?”. Depois segue-se o “Como está?” e a conversa de circunstância que começa com perguntas.

No quotidiano precisamos de perguntas para trabalhar, para estudar, para nos relacionarmos com os outros à nossa volta. Como fazer perguntas simples? O que fazer para tornar as perguntas mais claras?

 

Nesta oficina vamos praticar a pergunta, exercitando o pensamento crítico e o pensamento criativo, bem como o pensamento colaborativo.

 

A quem se destina? A entrada é permitida a quem quer perguntar.

 

 Tópicos:

  • O que é uma pergunta?
  • Como perguntar de forma simples?
  • O que torna uma pergunta clara e distinta?
  • O que pergunta uma pergunta?

 

 Autores de referência:  René Descartes, Platão, Edward de Bono, Robert Fisher

 Duração: 10h (sessões síncronas e assíncronas) 

 Funcionamento da oficina:  Haverá sessões online, via zoom e síncronas, para a parte mais teórica da formação e para permitir o pensamento colaborativo e trabalho em grupo.

Também vamos trabalhar colaborativamente através da Google drive, havendo acompanhamento de trabalho através da Google classroom.

 

 Sobre a formadora:

Joana Rita Sousa é filósofa, formadora e mestre em filosofia para crianças. Trabalha na área da filosofia aplicada desde 2008.

 

 Calendário: 

1.ª sessão síncrona 2h – 17 de Agosto, quinta, 18h30/20h30

2.ª sessão assíncrona 2h

3.ª sessão síncrona 2h – 24 de Setembro, quinta, 18h30/20h30

4.ª sessão assíncrona 2h

5.ª sessão síncrona 2h – 1 de Outubro, quinta, 18h30/20h30

 

 

Informações e inscrições junto da Bertrand Livreiros

24 de Agosto, 2020

Dark e o eterno retorno de Nietzsche

- artigo de Leandro Raphael

joana rita sousa

xdark-tempos.jpg.pagespeed.ic.8xf2fyGsIM.jpg

Série de grande sucesso da Netflix, Dark nos surpreende com suas diversas reflexões acerca do modo como nos relacionamos com o tempo, com as nossas escolhas e percepções diante da vida. Ao longo da estória, as personagens se envolvem em diversas situações dilemáticas e conflitantes, nos levando a pensar sobre como nós agiríamos se pudéssemos modificar o passado, o presente e o futuro.

Do ponto de vista filosófico, por exemplo, muitas questões podem ser observadas ao longo das três temporadas e filósofos como Zenão, Heráclito, Platão, Kant, Nietzsche e tantos outros, facilmente identificados. Desta forma, a série Dark apresenta-se como fonte fecunda de pensamento e indagação a respeito das leis da física e da natureza humana, partilhando teorias e ideias advindas de grandes pensadores como é o caso de Nietzsche e o seu conceito de eterno retorno. Mas, o que significa “eterno retorno”?

 

 

...”Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem – e assim também essa aranha e esse luar entre as árvores, e também esse instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente – e você com ela, partícula de poeira! Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal em que respondereis: “Tu é um deus, e nunca ouvi nada mais divino!”

- Nietzsche, Gaia Ciencia, §341

 

 

Como se pode observar, Nietzsche nos convida a reavaliar a forma como nos posicionamos diante da vida e encaramos nossa existência, ou seja, aceitamos a vida como ela se apresenta, com suas dores e alegrias, ou vivemos em negação, fugindo de tudo? Desta forma, o conceito de eterno retorno nos serviria para repensarmos o modo como percebemos a vida, já que tal possibilidade, de repetição eterna dos acontecimentos, nos provocaria para tal reflexão.

Mais do que uma metáfora para avaliarmos a nossa postura diante da vida, o conceito nietzschiano também pode ser interpretado como possibilidade cosmológica para descrever o funcionamento cíclico do universo. Tal perspectiva, se fundamenta na ideia de que o devir temporal seria infinito enquanto a matéria do universo seria finita, ou seja, em algum momento, seja o tempo que isso levar, tudo inevitavelmente teria que se repetir no universo, inclusive as nossas próprias existências. Neste sentido, o conceito de eterno retorno também compreenderia aspectos físicos da natureza, algo que pode ser verificado no movimento cíclico dos astros, das estações do ano e assim traduzidos por vida e morte, dia e noite e tudo mais que se repete na natureza.

Na série, tanto seu aspecto metafórico, para se repensar posturas diante da vida, quanto sua dimensão cosmológica são explorados, nos colocando num verdadeiro labirinto que desafia o raciocínio lógico e mental. Desta forma, Dark caracteriza-se como excelente recurso para a compreensão de diferentes questões filosóficas, tais como: Somos realmente livres? Quais são os limites e as possibilidades de nossas ações? O que é possível para o homem conhecer? Quais são os impactos de nossas escolhas? Aceitamos a vida como ela é ou gastamos nosso tempo e energia tentando mudar tudo a nossa volta?

 

*

 

conheci o Leandro no instagram e após o seu LIVE sobre Dark e Nietzsche desafiei-o a escrever um artigo sobre o assunto para publicar aqui no blog. 

obrigada, Leandro! 

23 de Agosto, 2020

#FilosofiaAoVivo convida Christine de Pizan

- ep. 15

joana rita sousa

christine-moldura-1.png

tal como Hildegarda, Pizan não consta dos livros de referência da história da filosofia, como a enciclopédia Logos. porquê? o que é que uma mulher tem de fazer para constar na história da filosofia? quantas obras tem de escrever? que temas tem de abordar? que percurso académico tem de ter?

ficam as perguntas que mobilizam as investigadoras e os investigadores do projecto Uma Filósofa por Mês, com quem tenho aprendido tanto.

 

agora é tempo de dar a voz a Pizan.

Christine de Pizan foi uma poetisa e filósofa, bem como uma acérrima defensora do papel das mulheres na sociedade. 

nasceu em 1363, em Veneza e cedo passou a viver em França, em conjunto com a família (o pai trabalhou na corte francesa). o ambiente no qual cresceu e foi educada alimentou os seus interesses intelectuais. casou aos 15 anos e teve três filhos (um deles faleceu ainda em criança). quando se vê viúva e com dívidas começa a trabalhar como escritora de forma a sustentar-se e à família. 

Esta filósofa medieval, uma das primeiras mulheres a viver de sua pena, é amplamente conhecida pelas feministas, mas escassamente trabalhada no campo disciplinar da filosofia. Imerecidamente, já que suas obras desenvolvem rica argumentação filosófica, política, utópica e educacional. Uma de suas principais obras, A Cidade das Damas, constitui uma impressionante coleção argumentativa em prol da autonomia e independência racional, cognitiva, moral e política das mulheres. (Uma Filósofa por Mês)

 

neste contexto não seria comum uma mulher viver do seu trabalho da escrita, tal como refere Ana Rieger Schmidt:

De modo geral, era muito incomum que mulheres desenvolvessem a prática da escrita na Idade Média fora dos contextos monásticos, onde a educação religiosa vinha acompanhada de certa instrução. Cabe notar que esse fato se reflete na iconografia da época, onde são raras as representações de mulheres autoras ou como autoridades intelectuais. Nesse sentido, as ilustrações de Pizan estudando entre os livros, escrevendo e discutindo com homens em nítida posição de autoridade são surpreendentes e pouco comuns (Cf. Renck, 2018). 

Pizan era conhecedora de várias obras de referência da filosofia

De fato, as evidências documentadas do seu conhecimento de obras filosóficas são vastas. Por exemplo, no Livre des faits et bonnes moeurs du sage Roy Charles V (1404), Christine escreve um espelho dos príncipes (espécie de guia moral para o soberano) em resposta ao  Livre du gouvernement des Princes de Gilles de Rome, onde encontramos referências à Ética à Nicômaco de Aristóteles (na tradução de Oresme). No Livre de l’advision Cristine (1405), Pizan se inspira na Consolação da Filosofia de Boécio, mostrando conhecimento detalhado do De trinitate de Agostinho e de diversas obras de Aristóteles, bem como longas citações do Comentário de Tomás de Aquino à Metafísica de Aristóteles, traduzidas provavelmente pela própria autora do latim (Dulac e Reno, 1995;  Mews, 2005).  

 

A Cidade das Damas constitui-se como uma narrativa alegórica para defeda dos direitos das mulheres. nesta narrativa, Pizan é visitada por três senhoras, a Razão, a Rectidão e a Justiça, que em conjunto visam construir uma cidade para protecção das mulheres virtuosas que são injustamente caluniadas pelos homens. este texto procura aprofundar as evidências que permitem olhar a natureza feminina como sendo compatível com a prática da razão. 

para Pizan, os homens e as mulheres partilham de uma mesma natureza e a diferença que se aponta, a inferioridade intelectual da qual são acusadas as mulheres têm como base algo que é circunstancial e não essencial. 

tanto a mulher como o homem apresentam a possibilidade de seguir um caminho de prática das virtudes no campo social, intelectual ou espiritual. em 1405 Pizan escreve uma obra intitulada o Livro das Três Virtudes que se constitui como um manual prático de conduta moral dedicado às mulheres laicas provenientes das mais diversas classes sociais. 

sublinhamos as palavras de Schmidt:

A conclusão segundo a qual homens e mulheres compartilham da mesma natureza é condição necessária para Pizan mostrar que supostas diferenças no desenvolvimento intelectual de ambos os sexos não se devem a uma inferioridade natural, mas a uma razão circunstancial. Tais considerações nos permitem atribuir a Pizan uma tese que representa um antecedente feminista, a saber, a condição de submissão das mulheres pode ser explicada pela desigualdade de oportunidades e a certo condicionamento social. Ainda que o feminismo que encontramos em Pizan possa não ser imediatamente atraente para feministas modernas – na medida em que sua defesa das mulheres é baseada em valores tradicionais cristãos e pela ausência de uma crítica contundente à dominação masculina na sociedade medieval – a obra de Pizan é de modo geral celebrada pela crítica sem precedentes à misoginia nos meios intelectuais. 

Através de seus argumentos e do recurso a uma variedade de aparatos retóricos que visam em última instância a edificação moral de seus leitores, Christine de Pizan encontra um modo de legitimar seu discurso filosófico. Suas motivações para engajar-se nos debates de seu tempo emanam de uma visão transformadora e emancipadora do que significa ser uma filósofa. 

 

o texto A Cidade das Damas está disponível para leitura em português AQUI. trata-se de um trabalho de pesquisa de Luana Calado (Universidade Federal de Pernambuco).

 

 

21 de Agosto, 2020

dois meses de escola de verão #filocri

joana rita sousa

tumblr_4de8b0e42c9c3311e581ecf3dfc314a2_b2a3b6b6_5

 

 entre o final de junho e agosto, aconteceram mais de 50h de formação (incluindo as actividades para miúdos e para graúdos) na escola de verão #filocri.

 muito obrigada a quem se inscreveu uma, duas e três vezes, de sorriso aberto e vontade em aprender pelo gosto de aprender.

 por agora a escola de verão #filocri manterá apenas a oficina do platão em funcionamento, pois estou a preparar uma acção de formação de 10h sobre a arte de fazer perguntas, bem como a terceira edição da pós-graduação em filosofia para crianças e jovens

 

a escola de verão #filocri não conhece um ponto final, apenas um ponto e vírgula.

fique atento aqui ao blog e à newsletter #filocri!

 

Copy of escola de verão #filocri.png

 

 

20 de Agosto, 2020

(mais) 10 livros para trabalhar nas oficinas de filosofia (para crianças e jovens)

joana rita sousa

o livro é um objecto que estimo e que não dispenso. gosto particularmente do gesto de abrir o livro e ir descobrindo as suas páginas.

e o cheiro dos livros?

há mais alguém fascinado com o cheiro dos livros, por aí?

depois do artigo 10 livros para trabalhar nas oficinas de filosofia (para crianças e jovens) surge a sequela, onde apresento um outro conjunto de 10 livros. garantidamente, continuarei a escrever sobre o tema e a fazer recomendações sobre os livros provocadores. 

 

*

 

20200308_170718.jpg

 

 

  • A Máquina dos Ses - Peter Worley, Edições 70

o Peter Worley pertence à The Philosophy Foundation e tem bastante trabalho publicado na área da filosofia (para crianças e jovens). este é um dos seus livros que me acompanha na construção de jogos e de propostas para filosofar. já tinha a versão original e fiquei bastante contente com a decisão das Edições 70 em publicar a tradução portuguesa. 

 

  • A Contradição Humana - Afonso Cruz, editorial Caminho

para mim, enquanto leitora, os livros do Afonso Cruz são sinónimo de provocação. enquanto facilitadora de oficinas de filosofia (para crianças e jovens), o sentimento é o mesmo. A Contradição Humana é um livro com várias histórias, que podem ser trabalhadas individualmente, pelo grande grupo. também podemos dividir o grande grupo em grupos mais pequenos e cada um trabalha uma história, para partilha posterior.

as possibilidades de trabalho são várias e o processo pode ser uma verdadeira descoberta de contradições que nos fazem humanos (demasiado humanos?).

 

  • 29 histórias disparatadas - Ursula Wolfel e Neus Bruguera, Kalandraka

foi o título que me chamou a atenção para este livro. histórias disparatadas parece-me provocador, em si mesmo. ao abrir o livro confirmei a minha intuição: que delícia de livro! não quero ser spoiler, por isso não vou contar os disparates das histórias. digo apenas que dão que pensar. 

 

  • A Grande Questão -  Wolf Erlbruch, Bruaá Editora

o que mais gosto neste livro? não tem perguntas e chama-se "a grande questão". é bom para fazer um exercício de "rewind": que pergunta pode ter dado origem a esta resposta? qual é, afinal, a grande questão?

 

  • Uma Mesa é uma Mesa. Será? - Isabel Martins e Madalena Matoso, Planeta Tangerina

este livro apresenta-nos uma diversidade de perspectivas sobre um objecto tão comum como uma mesa. afinal, o que é uma mesa? o que pode ser? 

 

  • O livro negro das cores - Menena Cottin e Rosana Faría, Bruaá Editora

o título fala por si. a descoberta deste livro, por parte das crianças, é uma experiência que vale a pena. 

 

  • O Livro da Avó - Luís Silva, Edições Afrontamento

não são muitos os livros infantis que eu conheço que falam da morte e o livro da avó consegue fazer isso de uma forma belíssima.

 

  • A história que acaba bem, a história que acaba assim-assim, a história que acaba mal - Marco Taylor

o Marco Taylor provoca-nos a escolher o final de uma mesma história. dá mesmo muito que pensar este "acaba bem", este "acaba mal" e o assim-assim. estou com muita vontade de trabalhar este livro (ou este 3 em 1) em oficina de filosofia. já estou a preparar oficinas nesse sentido.

 

  • O dia em que os lápis desistiram - Drew Daywalt e Oliver Jeffers, Orfeu Negro 

há já alguns anos que este livro me acompanha. recordo-me de uma oficina de filosofia em que fizemos a leitura do livro, eu e uma turma de 2.º e 3.º anos do 1.º ciclo e a conversa durou várias semanas. o que aconteceria se os nossos lápis de cor desistissem? que razões apresentam eles para desistir: são razões válidas? 

 

  • O que vês, o que vejo - Inês Marques e Madalena Moniz

este livro não será propriamente um livro, no sentido clássico do termo. encontrei-o por acaso, pois a edição foi limitada. trata-se de um livro que permite uma abordagem diferente da própria leitura e que ajuda a responder e a experienciar a pergunta: quantas formas há para ler um livro?

 

*

 [para as famílias] sugestão de trabalho a partir de um livro:

- leitura partilhada do livro: cada pessoa lê uma página do livro, por exemplo;

- no momento seguinte, cada uma das pessoas da família constrói um mapa mental da história. os mind maps - tal como Tony Buzan os concebe - devem ter desenhos e símbolos, pelo que se recomenda a prática do "dar asas à imaginação".

nota: vão precisar de folhas lisas (A3 ou A4) e de lápis de cor ou canetas de feltro.

depois de terem os mapas mentais individuais, podem partilhar com todos, para ver quantas perspectivas sobre a história existem. 

 

image3.jpeg

 

*

 

 tem sugestões de livros infantis que sejam filosoficamente provocadores? partilhe nos comentários.

 aproveite para ler o artigo Como trabalhar perguntas filosóficas com o seu filho?

 

 subscreva a newsletter do projecto #filocri

 

19 de Agosto, 2020

ecos da oficina do Platão

joana rita sousa

 

os diálogos - ou melhor, as discussões de maneira boa - continuam na próxima terça,

dia 25 de agosto, das 11h30 às 12h20 (via zoom).

 

há vagas! INFO AQUI

 

Pág. 1/3