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filocriatividade | filosofia e criatividade

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

oficinas de filosofia e de criatividade, para crianças, jovens e adultos / formação para professores e educadores (CCPFC) / mediação da leitura e do diálogo / cafés filosóficos / #filocri

28 de Março, 2019

filosofia é coisa para miúdos! - filosofia na Rádio Miúdos

joana rita sousa

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a Rádio Miúdos é um projecto com o qual colaborei desde o primeiro momento. tenho muito orgulho nisso, devo confessar. é uma rádio feita para e por miúdos; é um projecto que influencia e muda a vida de quem passa por ele. 

o empenho das "mini-'ssoas" é evidente na qualidade dos conteúdos que constroem, que partilham e também pelas emissões em directo que podemos acompanhar no site da Rádio

e a filosofia também marca presença na programação. YEAH! 

 

25 de Março, 2019

há perguntas proibidas? - e assim aconteceu mais um café filosófico

joana rita sousa

os cafés filosóficos são espaços de diálogo e onde se procura praticar a filosofia.

não é necessário qualquer tipo de conhecimento filosófico, basta estar disponível para parar para pensar. além de pensar, procuramos trabalhar ferramentas que nos permitam pensar sobre o pensar.

observamos o pensamento:

o que acontece quando penso?

o que digo quando assumo o compromisso com uma ideia?

o que me faz mudar de ideias?

 

pensar é agir. e é também uma brincadeira muito séria.

 

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e no final do café filosófico, estas foram as apreciações feitas pelos participantes: 

"obriga-nos a pensar"
"permite-nos chegar a uma conclusão"
"obriga-nos a tomar uma posição"
"é dolorosamente bom"
"faz-nos perguntar a nós próprios"
"permite-nos ver outros pontos de vista"
"saímos da nossa concha"
"às vezes não dizemos nada de jeito, mas não foi o caso, aqui"
"vimos uma multiplicidade de caminhos"

 

- voltamos a filosofar na Casa da Avenida no dia 28 de Abril, às 18h30

18 de Março, 2019

café filosófico: 24 de março, em Setúbal

joana rita sousa

há perguntas proibidas?

 

o simpático espaço Casa d'Avenida acolhe pela segunda vez um Café Filosófico. a convite da Maria João Frade irei estar em Setúbal para moderar um Café Filosófico cujo mote é "Há perguntas proibidas?".

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o que são os cafés filosóficos?

 

os Cafés Filosóficos são uma forma de levar a filosofia às pessoas e as pessoas à filosofia - e é aqui que cito o meu amigo Tomás Magalhães Carneiro que tem realizado eventos como este na zona do Porto:

"Os Cafés Filosóficos procuram proporcionar uma pequena pausa para pensar discutir educadamente temas do universo filosófico recorrendo às competências e atitudes cultivadas na filosofia académica e pondo-as à disposição dos participantes que, dessa forma, são convidados a melhorar a forma como pensam e articulam os seus raciocínios com a ajuda do grupo e, por vezes, do moderador."

 

quem pode participar num café filosófico?

 

não é necessário qualquer tipo de conhecimento filosófico para participar: basta estar disponível para parar para pensar, para exercitar os músculos do pensamento crítico, do pensamento criativo e também do pensamento colaborativo. aqui, o pensar acontece em grupo, em colaboração: eu trabalho com as ideias que os outros me dão e vice-versa. o diálogo acontece num vai e vem de análise, de crítica, de síntese e de boa disposição - é que isto de pensar, meus amigos, é divertido. 

 

 

quando acontece o próximo café filosófico? 

 

temos encontro marcado para o dia 24 de março, em Setúbal, às 18h30.

 

 

09 de Março, 2019

"joana, tenho uma pergunta que é um bocadinho difícil" - filosofia no jardim de infância

joana rita sousa

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[sala dos 3/4 anos]

 

nem sempre o que planeamos para a oficina de filosofia acontece durante a mesma. o motivo? dou prioridade aos interesses do grupo, às suas perguntas, às situações que apontam e que podem vir a ser tratadas filosoficamente. nada como praticar o "vamos ver onde é que isto nos leva". 

na semana passada, na sala dos 3/4 anos e entre alguma agitação típica das crianças que tinham vivido dias agitados e carnavalescos, eis que surgiu um dedo no ar acompanhado de uma cara muito interrogativa. o A. disse:

"tenho uma pergunta".

ah sim? então conta lá.

"e se calhar é uma pergunta um bocadinho difícil. porque é que isto  se chama filosofia?"

e por que é que achas que a pergunta é difícil?

"joana, acho que vai ser difícil para tu responderes"

 

e antes mesmo de abrir a provocação ao grupo, o pequeno A. fez uma viagem no tempo às primeiras oficinas de sempre e contou o que tínhamos feito no primeiro dia. o que fizemos depois disso e como chegámos até aqui. com a minha ajuda e de outros amigos, fizemos o percurso até chegar aqui, como se estivessemos a contar uma história. 

 

falámos de perguntas e de dizer coisas: e assim começámos a investigar a diferença entre perguntar e dizer uma coisa. 

 

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[sala dos 4/5 anos]

 

quando entrei na sala do reino da fantasia já a criançada estava sentada em círculo, à minha espera. resolvi abandonar o que tinha pensado trabalhar, pois lembrei-me de pedir ajuda  a este grupo para investigar a pergunta do A. 

eis algumas razões para "isto" se chamar filosofia:

tu [ou seja, eu] fazes muitas perguntas

ajudas a pensar [referindo-se a mim]

nós também fazemos perguntas

nós aprendemos coisas 

tu escreves o que nós dizemos e depois podemos ver o que aprendemos contigo

 

depois de avançarmos no diálogo, no sentido de explorar as perguntas e o perguntar, ficámos com esta investigação para dar continuidade:

"há alguma coisa de especial nas perguntas da filosofia?"

 

para acompanhar o trabalho no jardim de infância 2018/2019:

oficina #1

oficina #2

oficina #3

oficina #4

oficina #5

oficina #6 

oficina #7

oficina #8

oficina #9

 

 

 

 

 

07 de Março, 2019

100 ideias para professores do primeiro ciclo: questionamento

joana rita sousa

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o questionamento em sala de aula é algo que poderá ser praticado sem que haja propriamente um filósofo em sala. para tal, o professor tem de se preparar e ir além da atitude pergunta-resposta, tão comum no ensino, há tantos anos.

 

o livro de Peter Worley é uma ferramenta útil para quem quer abrir as portas da sua sala à atitude de perguntar, de procura de alternativas, de exploração de hipóteses e de (Ta-DA!) respostas inesperadas.

 

muitos dos diálogos que acontecem nas oficinas de filosofia são aporéticos. são verdadeiros caminhos sem saída, tal como acontecia nos diálogos platónicos, que nos relatam a vida de Sócrates. para poder agir como os motores desse diálogo, os facilitadores devem reconciliar-se com essa aporia, com a possibilidade de não chegar a UMA conclusão definitiva. é uma situação de desconforto, pois os alunos têm o professor como alguém que diz a resposta certa, que a valida; e os professores praticam essa mesma expectativa, pois foi para isso que foram treinados, enquanto professores.

 

100 ideas for primary teachers - questioning está publicado na bollomsbury.

 

07 de Março, 2019

Sandra Fonseca e Elsa Alves: "A Fpc (...) permite (...) o confronto com a diferença, a descoberta da riqueza da pluralidade (...)"

joana rita sousa

Conheci a Sandra e a Elsa através da Pós-Graduação da Universidade dos Açores. Trabalham na Escola Portugueesa de Macau (EPM), onde dinamizam oficinas de filosofia junto das crianças e adolescentes. 

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Para acompanhar o seu trabalho, podem visitar a página de facebook do Clube de Filosofia da EPM

 

 

Lembram-se da primeira vez que ouviste falar de filosofia para crianças?

Sandra: Sim, lembro-me como se fosse hoje. Ouvi falar pela primeira vez de Fpc em 2007, quando terminei o curso de Filosofia. Na época a área ainda era pouco conhecida e poucas escolas sabiam da sua existência. Fiquei muito curiosa, tentei saber mais sobre os seus percursores e fundamentos e achei que seria um desafio para o futuro.

Elsa: A primeira vez que ouvi falar de FpC foi através da Sandra, que já dinamizava um Clube de Filosofia juntamente com um dos nossos colegas. Interessei-me pelo projeto, pois as ferramentas de pensamento que desenvolviam eram precisamente aquelas que faltavam na generalidade dos alunos. A partir daí foi um caminho em conjunto: fizemos a Pós-Graduação em 2014/15 e, nesse mesmo ano, iniciámos a prática regular e alargada de FpC na Escola Portuguesa...até hoje!

 

Como é que começaram a trabalhar nesta área?

O Projeto de Fpc foi está implementado na Escola Portuguesa de Macau desde o início do ano letivo de 2013/2014. O Projeto foi muito bem recebido no seio da comunidade escolar, quer pelos professores, encarregados de educação, quer pelos alunos. A adesão tem sido muito significativa, temos crescido e trabalhamos com turmas do 1º ao 9º ano. Já se realizaram várias atividades bastante enriquecedoras, que revelam que os objetivos traçados para o Projeto estão a ser cumpridos.

 

Consideram que a fpc é necessária para as crianças? Porquê?

Sim, defendemos a ideia de que a Fpc é muito necessária e deve ser iniciada o mais cedo possível. A atividade do filosofar ajuda a manter vivas nas crianças e jovens a curiosidade, a disposição para investigação em conjunto e permite o desenvolvimento competências de raciocínio, comunicação, socialização e desenvolvimento do espírito crítico.  Através do diálogo entre alunos, da realização de debates e de trabalhos em conjunto, a Fpc procura fomentar nos alunos a sua curiosidade natural, a capacidade de verbalizar aquilo que pensam, a sua cooperação na resolução de problemas, a respeitar a diferença sob a égide de valores morais e éticos humanos fundamentais para a felicidade, responsabilidade e liberdade individual e coletiva.

O acompanhamento deste projeto tem permitido observar que o contexto  multicultural da Escola Portuguesa de Macau tem atuado como um estímulo ao desenvolvimento da linguagem, pois os participantes necessitam de enunciar, exemplificar, clarificar, definir, justificar aquilo que consideram significativo. Numa escola com estas características, a procura de significado em comunidade de investigação filosófica estimula, também, a construção do pensamento criativo através de analogias e o desenvolvimento da (contra)exemplificação. A prática do diálogo, da descoberta de conexões entre conceitos e da sua verificação através de critérios lógicos tem encorajado o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo.

 

Hoje em dia as crianças, em Portugal, têm muitas actividades na escola e depois da escola. Por que havemos de levar a filosofia para as escolas?

Pelas razões mencionadas acima.  

A Fpc é um espaço que permite às crianças e jovens o confronto com a diferença, a descoberta da riqueza da pluralidade, a aprendizagem de como lidar com a conflitualidade e de como fazer escolhas responsáveis e consequentes no exercício da liberdade individual.

 

O que faz com que uma pergunta seja uma questão filosófica – do ponto de vista da fpc?

Uma pergunta que nasça do espanto, aberta à reflexão, que permita o diálogo, a investigação e a descoberta em conjunto.

 

Quais são os maiores desafios que a Fpc enfrenta, nos nossos dias?

Estimular a curiosidade, o diálogo dentro e fora das salas de aula e combater a conformidade, o desinteresse e a ideia de que a Filosofia não tem utilidade.

 

Podem dar alguns conselhos aos professores e aos pais para os ajudar a lidar com as perguntas das crianças?  

Os conselhos que damos são nunca ignorar uma pergunta de uma criança, saber ouvi-la com muita atenção, dar espaço ao diálogo, quer em casa quer fora de casa e fomentar o espanto, a curiosidade e o diálogo na criança.

 

Alguma vez foram surpreendidas com uma pergunta de uma criança? Podem partilhar connosco que pergunta foi essa?

Sempre que participamos em sessões de filosofia para crianças surgem perguntas que nos surpreendem, seja pela profundidade que revelam, seja por quem as coloca, seja ainda pela forma como estimulam o diálogo. Estes são alguns exemplos:

- O que é que as pessoas pensam do mundo?

- Será que sonhar é pensar?

- Há regras para pensar?

- Justiça quer dizer igualdade?

- O que significa admiração?

- Qual a relação entre a raça humana e o egoísmo?

- A minha sabedoria é o teu orgulho?

- Porque temos medo de coisas de que os outros não têm?

Mas também há analogias admiráveis:

- Se eu fosse um livro, seria sempre um livro incompleto, porque começamos sempre com ideias diferentes daquelas com que terminamos.

- Se não houvesse liberdade, eras como um puzzle diferente dos outros: faltava-te a peça mais importante.

 

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03 de Março, 2019

filosofia no jardim de infância: "eu tenho a mesma ideia da i., mas eu não quero concordar com ela"

joana rita sousa

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[joana] preciso da vossa ajuda para me lembrar do que fizemos da última vez que estive aqui...
[a.] oh joana, tu dizes isso só para a gente aprender!
[joana] humm? podes explicar?
[a.] tu sabes o que fizemos da última vez, mas fazes essa pergunta do lembrar só para a gente aprender as coisas. tu lembras-te, eu vejo pela tua cara!

- jardim de infância, sala dos 3 / 4 anos

 

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já na sala dos 4/5 anos o diálogo foi outro, ainda em torno do jogo "o que é uma pessoa?".  sim, demoramos algum tempo nos trabalhos da filosofia pois não temos pressa. além disso, há várias coisas que precisamos observar, com atenção, por exemplo:

quando alguém afirma X e depois Y: o que significa isso? que mudou de ideias? ou que está confuso?

quais as consequências de escolher entre o SIM e o NÃO?

o que significa concordar com alguém? ou não concordar?

 

a propósito do concordar / não concordar, aqui fica um bocadinho do nosso diálogo:

[joana] a i. diz que a fotografia do félix deve ser arrumada no "não é uma pessoa" e tu?

[o.] eu também acho que está bem arrumada.

[joana] e a razão da i. para arrumar no "não é uma pessoa" é que o félix não fala a língua das pessoas. tens uma razão diferente?

[o.]  o félix fala cadelês e não fala a língua das pessoas.

[joana] então concordas com a i.?

[o.] não.

[joana] humm, se tu arrumavas o félix no mesmo sítio e dizes que a razão é igual à da i...

[o.] é assim: eu tenho a mesma ideia da i., mas eu não quero concordar com ela...

 

 e este foi o mote para trabalharmos o concordar / não concordar e o papel da vontade neste raciocínio...

 

para acompanhar o trabalho no jardim de infância 2018/2019:

oficina #1

oficina #2

oficina #3

oficina #4

oficina #5

oficina #6 

oficina #7

oficina #8