a Gina Cláudia Lemos assistiu, no dia 10 de Fevereiro, ao debate organizado pela FMMS e que reuniu vários especialistas da àrea da educação.
nesse mesmo dia, a Gina partilhou algumas ideias no seu mural de facebook. pedi-lhe autorização para partilhar e aqui ficam as suas ideias:
Durante a manhã de hoje pude ganhar mais consciência do meu lugar na Educação. Primeiro, sessenta minutos alemães com Andreas Schleicher. Sob a coordenação do Professor Eduardo Marçal Grilo, seguiu-se uma ronda de dez minutos portugueses a cada um dos ex-ministros, por ordem de governação: Professor David Justino, Professora Maria do Carmo Seabra, Professora Maria de Lurdes Rodrigues, Professora Isabel Alçada, e Professor Nuno Crato.
Escutei atentamente e guardo notas sobre as quais vou refletir nos próximos dias e consultar noutros por vir. Apesar da curta carreira, tenho noção de que os papéis que já exerci na esfera da Educação são suficientemente diversos para me conferir abrangência e o sentido de missão com que os abracei, garantidamente exemplar para me permitir profundidade de análise.
Coisas desta manhã que levo na minha bagagem:
1# Em Portugal, a generalidade dos estudantes tende a associar o sucesso a Matemática a uma espécie de "talento", ao passo que noutros países como Singapura o estudante típico tende a perceber o sucesso a Matemática como resultado do seu árduo trabalho e do apoio dos seus professores.
2# Em Portugal, a generalidade dos professores tende a percecionar a sua profissão como pouco respeitada e pouco valorizada.
3# Em Portugal, 93% dos professores reporta que o seu papel enquanto professor é o de facilitador da aprendizagem do estudante; e 91% reporta valorizar mais a elaboração de pensamento e o raciocínio do que o conteúdo curricular. Ao mesmo tempo, são também estes que, não obstante a defesa retórica da abordagem construtivista no processo de ensino-aprendizagem, fazem prevalecer nas suas práticas pedagógicas a memorização, os exercícios rotineiros, e o treino pela repetição.
4# São apontadas pela OCDE como ferramentas-chave para o sucesso no processo ensino-aprendizagem: a observação regular de aulas por pares, com partilha de feedback para melhoria contínua; as atividades conjuntas; e o ensino em equipa através de trabalho colaborativo sistemático. Mais do que intervir na formação inicial de professores, a OCDE destaca a autonomia dos professores e sobretudo o trabalho dos professores em rede.
"Through teachers' cooperation and colaboration we can change rather quickly."
Pese embora os resultados que Portugal obteve no PISA 2015 serem os melhores resultados de sempre, "the road from good to great is still in front." Recordo ainda uma das declarações com que Andreas Schleicher abriu a sua palestra: "From good to great, strategies are very different."
ainda algumas ideias de Schleicher, em entrevistas:
Sim, a percentagem de alunos com insucesso ainda é muito elevada e penso que a resposta passa por conseguir que os professores percebam melhor que os alunos aprendem de forma diferente, e que consigam apoiar os alunos de forma mais individualizada. A retenção baixou ligeiramente mas continua a ser muito alta. E retenção é um sintoma de que o professor não consegue ajudar o aluno, deixando-o fazer a mesma coisa outra vez. É caro, ineficaz e estigmatiza. E, no caso de Portugal, os alunos que repetem o ano nem sempre são os que têm mais dificuldades de aprendizagem, mas tendem a ser os mais desfavorecidos. O que se deve desejar é um sistema que diagnostica precocemente as fraquezas dos alunos - e os professores são muito bons a reconhecê-las - e intervém. No Vietname, os 10% de alunos mais pobres, que vêm de contextos muito difíceis, têm resultados tão bons como o aluno médio.
(...)
Andreas Schleicher não tem dúvidas que o ensino terá de mudar. Ou melhor: a forma como se ensina. O futuro terá de ser, obrigatoriamente, “centrado no aluno”, mais “integrado”, mais “colaborativo” e “participativo” e assente nas experiências de cada aluno, trabalhando não só as competências cognitivas, mas as emocionais e sociais.
(...)
O ensino no passado estava baseado em matérias. O ensino no futuro terá de assentar nas experiências de aprendizagem que ajudam os alunos a pensar além dos limites das disciplinas. O passado era hierárquico, o futuro terá de ser mais colaborativo.