M: joana, joana, já sabemos como é que aquilo se chama. (eu): aquilo, o quê? M: o mistério. chama-se ponto de interrogação! a nossa professora ensinou-nos. (eu): e agora? deixamos de lhe chamar mistério?
"Podemos dizer que é na pergunta que melhor conseguimos reconhecer o elemento da força criativa, porque, ao ser formulada e aceite como foco de diálogo, ela reforça três aspetos fundamentais do processo de inovação pedagógica.
Em primeiro lugar, a pergunta funciona como modo de abrir e dar ímpeto ao movimento de transformação. Quando se faz uma pergunta e a comunidade aceita procurar resposta para ela, estabelece- -se um compromisso com a ação, que fomenta o sentimento de esperança (Cooke, 2005). A força deste momento de partilha pode ser recuperada sempre que o processo de transformação encontra situações difíceis de ultrapassar e também quando o sucesso da transformação vem confirmar a esperança anunciada. Tanto os alunos como os professores retornavam com frequência à primeira sessão de pensamento do projeto e voltavam ao seu questionamento, mantendo a força das questões levantadas do princípio fim, como ilustra a intervenção de uma aluna que, numa sessão de avaliação, levantou a pergunta: «E agora, vai voltar tudo a ser como era?»
Em segundo lugar, a pergunta aparece como modo de promover o pensar em conjunto e a constatação de que se pensa melhor, ou de que se pode ir mais além na compreensão das coisas quando se pensa em voz alta em situação de partilha. Não há qualquer dúvida de que os professores reconheceram sem hesitação a importância de criar espaços de reflexão e questionamento na escola. Foi notória a transferência de algumas das estratégias utilizadas na dinamização das sessões de pensamento para o contexto das suas disciplinas. Foi revelador, por exemplo, o uso recorrente e sem medo da palavra «porquê?», como forma de reconhecer a individualidade de cada um na explicitação das razões subjacentes às suas diferentes opiniões.
Em terceiro lugar, e não menos importante, a pergunta possibilita o sur-gimento de opiniões contrárias que, quando exploradas em grupo, não só funcionam como fator de união – na procura e no encontro de espaços de coerência –, como convidam ao reconhecimento das contradições da vida, convocando mecanismos do foro emocional e da dinâmica das relações humanas, e promovendo uma reflexão mais profunda sobre os assuntos em questão. Por exemplo, os alunos puderam expressar as suas insatisfações relativamente ao processo pedagógico sem que isso significasse desrespeito ou desconsideração relativamente à sua relevância.
O que o projeto 10×10 evidenciou – e que se assume como um ganho incontestável para a filosofia – é que a pergunta, quando está ao serviço do processo criativo, é um lugar fundamental do pensamento."
Trata-se de uma actividade que pretende levar a filosofia para junto das pessoas. Nem sempre acontece num café propriamente dito, é um facto. Acontece perto das pessoas que, independentemente dos seus conhecimentos no âmbito da filosofia, aceitam o desafio para praticar o "parar para pensar".
...para ler, investigar, reler, escrever, fazer rascunho, perguntar. dar dois passos em frente e um atrás. e dois atrás e um em frente.
é o caminho académico, que também faz parte da minha vida.
há uns anos, a minha afilhada Camila perguntou-me quando é que eu deixava de ir à escola. acho que foi quando ela entrou para o 1º ou 2º ano do 1º ciclo. a escola era uma novidade e ela achava graça ao facto de eu andar sempre de mochila. perguntou-me uma vez "quando é que começas a ser uma senhora como a minha mãe?"
na altura respondi à Camila - isto sobre a pergunta acerca da minha constante presença na escola - que ia ser difícil deixar de ir à escola, deixar de estudar. porquê? gosto muito de aprender.
Workshop: Os porquês da palavra porquê - filosofia para crianças e jovens
Conteúdos: - o que é a filosofia para crianças e jovens? - como se desenrola uma oficina de filosofia para crianças e jovens? - casos práticos, em Portugal
Formadora: Joana Rita Sousa Licenciada em Filosofia. Mestre em Recursos Humanos e Filosofia Aplicada. Facilitadora de oficinas de filosofía para crianças e jovens, desde 2008. Investigadora e estudante de Mestrado em Filosofia para Crianças. Formadora certificada (CCP e CCPFC). Info: http://joanarssousa.blogs.sapo.pt/ https://www.facebook.com/filocriatividade/
Destinatários: - Professores - Pais - Educadores - Auxiliares de Educação - Estudantes
a propósito deste post, aqui ficam algumas perguntas para pensar o carnaval. usem e abusem. e partilhem como correu, junto dos vossos filhos, alunos, netos, afilhados
nos próximos dias partilho algumas conversas à volta destas perguntas.
a partir de hoje, irei publicar um artigo semanal, com a recolha de alguns links de interesse na área da educação, do ensino e, sobretudo, da filosofia para crianças.
porquê?
para facultar informação a quem a procura e para servir de arquivo para o meu próprio trabalho.
hoje em dia a informação é imensa, atropela-nos, chega de todo o lado. espero que estes artigos servim para uma espécie de curadoria para os leitores habituais deste blog.
vamos a isso?
(I) sobre a ritalina e os perigos da prescrição leviana
neste domingo, foram vários os textos que li sobre este assunto. deixo-vos alguns excertos, com os links respectivos:
um dos exercícios mais interessantes de se fazer, no âmbito da filosofia para crianças, é o de avaliar criticamente o ponto de vista do outro, sob a forma de uma ideia ou de um argumento apresentado.
pegar na ideia do outro e explorá-la - ainda que não concordemos com ela - faz-nos assumir um ponto de vista diferente sobre o nosso próprio ponto de vista. é como se saíssemos de dentro de nós para nos colocarmos no lugar do outro, assumindo a sua ideia e deixando a nossa em suspenso.
em conversa com algumas pessoas com quem estou a desenvolver um projecto específico, falámos da forma como olhar a Terra, a partir do espaço, muda a forma de estar, de ser, de pensar das pessoas que têm essa experiência. lembrei-me do Mike Massimino, que ouvi no web summit 2016 a falar da sua experiência enquanto astronauta.
fica aqui a sugestão para um exercício de "assumir outro ponto de vista" - a partir de um dado adquirido para muitos de nós: o mapa mundo e a Europa que está ali mesmo ao centro.
pedia ajuda no twitter e no facebook e chegaram-me algumas imagens que desafiam o nosso ponto de vista habitual.
afinal, quantas formas há de olhar para o mundo?
como é que um mapa pode determinar a forma como vejo o mundo?
tenho o mundo todo à minha volta? serei o centro do mundo?
one of the most interesting exercises to do in the philosophy of children is to critically evaluate the point of view of the other in the form of an idea or a presented argument.
picking on the other's idea and exploiting it-even if we do not agree with it-makes us take a different view of our own point of view. It is as if we come out from within ourselves to put ourselves in the place of the other, assuming his idea and leaving ours in suspense.
in a conversation I had with some people with whom I am developing a specific project, we talked about how to look at the Earth, from space, changes the way of being, of being, of thinking of the people who have this experience. I remembered Mike Massimino, who heard on the web summit 2016 about his experience as an astronaut.
here is the suggestion for an exercise of "assuming other point of view" - from a fact acquired for many of us: the world map and Europe that is right there in the center.
I asked for help on twitter and facebook and some images came to me that defied our usual point of view.
After all, how many ways are you going to look at the world? How can a map determine how I see the world? I have the whole world around me? Will I be the center of the world?
(if the english is not so perfect, please excuse me. I asked for google translator's help)
algumas das turmas com as quais estou a trabalhar neste ano lectivo estão inseridas num concelho onde o carnaval é vivido e transpirado. vão participar no desfile e há algumas semanas que há máscaras a serem produzidas.
não sou adepta do carnaval. todavia, a malta mai'nova pergunta sempre se na filosofia não se fazem trabalhos do são martinho, do natal, do são valentim - e claro, do carnaval.
ok, vamos a isso. pusemos mãos à obra. e as perguntas podem ser, para já, vistas no instagram: procurem o perfil @filocriatividade
nos próximos dias partilho aqui convosco - as perguntas e alguns pedaços dos diálogos!
...já começa a ser um hábito daqueles bons! desta vez, em Benfica, no espaço Grow Up, com direito a oficina "à medida" de cada um. sim, o tema era uma pergunta, o que é ser tratado como uma pessoa?, mas o diálogo encaminhou-se noutro(s) sentido(s).
foi muito especial a oficina com os mais novos: o P. e a L, que são amigos. levaram consigo as suas mães e os manos. o mano da L. já tem 9 meses, "o meu mano chama-se G. e ainda não está cá fora" - pois não! o mano G. ainda está na barriga da mãe e a verdade é que já pode nascer a qualquer momento!
no dia 12 de março volto a filosofar em Benfica. o desafio será pensar "como conhecemos as coisas?"