vamos continuar a filosofar em Benfica
já temos novas datas para maio e junho:
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já temos novas datas para maio e junho:
hoje levei o jogo para trabalhar com um outro grupo de meninos. tendo em conta a disposição física desta sala, foi fácil todos se colocarem à volta do puzzle (que estava em cima da mesa, sem uma das peças) para averiguar "Como podemos saber se estão aqui as peças todas?".
"falta pelo menos uma peça"
"temos que montar o puzzle, só assim é que sabemos"
"eu acho que falta uma peça dos cantos e mais três"
e partimos para a construção do puzzle. o primeiro menino que tentou acabou por desistir. "é muito difícil, pois não tem imagens, nem cor, nem palavras. está todo branco"
houve outra menina que se ofereceu para montar. "eu acho que é fácil, é só encontrar os cantos".
até chegarmos aqui eu peguei descontraídamente na caixa de cartão, de onde tinha retirado o puzzle e onde estava UMA peça, por acaso uma dos cantos. peguei na caixa e enquanto falava (como gesticulo muito) abanava a caixa. e ninguém, ninguém perguntou pela caixa. ninguém deu como hipótese a abertura da caixa para verificar. e senhores, eu andei pela sala com a caixa na mão, fi-la abanar. e fiquei à espera que o grupo reparasse nela.
os meninos ficaram focados na ideia de haver um puzzle completamente diferente do habitual - por isso, recuperamos um exercício que já tínhamos feito no 2º período em torno dos "contrários" e do significado do "mas" numa frase. exemplo: o puzzle que está ali é branco, mas normalmente os puzzles têm cores.
descubri uma coisa nova: este puzzle permite-se a ser montado de forma diferente àquela que podemos encontrar na sua base (que levo na mochila para o caso de ser necessário ter uma ajuda para montar o puzzle - já me aconteceu com dois grupos). e se for montado assim como a D. fez (cf fotografia) faltam mesmo quatro peças - "é só ver os espaços que faltam".
entretanto, estava na hora de espreguiçar, recolher os cadernos da filosofia e rumar para o descanso merecido após um dia de escola.
combinamos continuar o jogo. vamos ver se a hipótese da caixa vai ser colocada (ver o que lá está dentro) e verificar quantas maneiras há de montar o puzzle quando não sabemos qual é o número total de peças ou estamos a "navegar sem referências", sem imagens ou desenhos para nos apoiar na montagem.
até agora todos os grupos, sem excepção, tinham colocado a hipótese de ver na caixa, a seguir a montar o puzzle. a minha experiência há muito me diz que cada criança é diferente - e cada grupo de crianças também o é, necessariamente.
foi super giro descobrir que há outras formas de montar o puzzle - o trabalho de perícia da D. levou algum tempo mas fê-la chegar a bom porto). foi giro vê-los hipnotizados com um objecto totalmente estranho, até então.
desliguei-me do "plano do jogo" e guardei os passos do jogo na mochila. é bom dar espaço e tempo para estas descobertas, espontâneas. afinal, quem "manda" nas sessões, oficinas e aulas de filosofia são as pessoas que nelas participam. o rumo é decidido por eles. nós temos que garantir que aquilo que se faz é filosoficamente interessante e se presta ao aprofundamento - também ele filosófico. de hoje a oito dias voltamos a este grupo e prometo contar como continuou esta investigação.
(recordo que este jogo foi inventado e partilhado pelo Tomás, que entretanto apresenta novas propostas de trabalho com este jogo para ler AQUI)
o Tomás Magalhães Carneiro partilhou um exercício sobre conhecimento que rapidamente se transformou num jogo. na semana passada alguns dos grupos com os quais trabalhei experimentaram este desafio. o Tomás reviu o exercício e apresenta AQUI uma nova versão, mais lúdica.
na sexta-feira recebemos uma amiga nova na sala, que nunca tinha ido a uma aula #filocri
estivemos a explicar o que acontece nestas aulas e depois deste "mapa" registado no quadro, a C. acrescentou:
"é verdade, L., a joana escreve os nossos pensamentos e o que dizemos no quadro e tira sempre fotografias. é como se fosse o caderno dela, sabes?"
Oficinas de filosofia para crianças e jovens (entre os 4 e os 14 anos)
10h - pais e filhos - crianças 4/6
11h - pais e filhos - crianças 7/10
12h - jovens entre os 11 e os 14 anos
Facilitadora:
Joana Rita Sousa | filocriatiVIDAde
Local:
GROW UP
(Benfica)
Inscrição: *
8,50 eur / criança
12,50 eur / criança + acompanhante
16,00 eur 2 irmãos + acompanhante
Pf enviar e-mail para joanarssousa@gmail.com com os seguintes dados:
- nome da criança e data de nascimento;
- contacto telefónico do pai/mãe/avó (...).
A inscrição é válida após recepção de e-mail de confirmação.
Todos os participantes deverão levar consigo meias anti derrapantes: vamos sentar-nos no chão, em almofadas.
* valor sujeito a IVA, à taxa legal em vigor
obrigada, Sara Rodi, por partilhares no teu facebook esta conversa maravilhosa e cheia de sumo no que ao perguntar diz respeito
Oficina
- escolher é fácil ou difícil?
10 de abril
Horários:
Pais e filhos (crianças 4/6 anos)
10h-10h50
Pais e filhos (crianças 7(10 anos)
11h-11h50
Jovens (11/14 anos)
12h-12h50
Local: Experiências Get Zen, em Loures (Fanqueiro)
Inscrições e informações: 968925968 | eventos@getzen.pt
Oficina
- os adultos sabem tudo?
17 de abril
Horários:
Pais e filhos (crianças 4/6 anos)
10h-10h50
Pais e filhos (crianças 7(10 anos)
11h-11h50
Jovens (11/14 anos)
12h-12h50
Local: GROW UP, em Benfica
Inscrições e informações: joanarssousa@gmail.com
FB: https://www.facebook.com/events/1643767765887521/
...das férias da páscoa.
no último dia de oficinas de filosofia - e após uma semana de jogos e diálogos à volta do pensar - perguntei à criançada se queriam dizer alguma coisa sobre a experiência de participar nestas oficinas. apenas alguns quiseram partilhar. aqui fica o registo:
grupo do JI:
P: gostei.
I: gostei, por que era tudo muito fácil.
M: foi fácil mas também um bocadinho difícil.
grupo do 1º ciclo:
F: eu gostei e aprendi coisas novas que nunca me vieram à cabeça antes.
D: eu gostei por que aprendi coisas novas. foi divertido. gostei dos jogos.
M: acho que na filosofia há coisas que nunca pensei dizer a alguém.
J: aprendi a distinguir várias coisas.
L: gostei das oficinas, em todos os dias
J: aprendi muito e foi uma actividade muito participativa
espero encontrar-vos de novo, pequenos-grandes-filósofos!
como é do conhecimento de todos vós, sou fã do trabalho do Tomás Magalhães Carneiro. sigo o seu trabalho no blog e há dias vi um exercício que me pareceu interessante e adequado para trabalhar com um dos grupos com os quais estou a trabalhar numa das escolas.
o exercício é sobre "o que é conhecer uma coisa" - podem espreitar AQUI
e lá fui eu comprar um puzzle de 7 peças para o efeito e preparei as perguntas que o Tomás refere no exercício, em folhas coloridas, para ter "na mochila", como costumo dizer. entretanto, encontrei um puzzle em branco, daqueles onde podemos desenhar (à venda na TIGER) e achei que era ainda melhor para o exercício (em vez de um puzzle com desenhos, por exemplo).
o puzzle foi colocado no quadro, as várias peças foram "coladas" no quadro com bostik. e surgiu a pergunta.
"como podemos saber se estão aqui as peças todas?" - a M. sugeriu que se contassem as peças para ver se faltava alguma. vários alunos sugeriram que montássemos o puzzle. e assim foi.
o R atrapalhou-se um pouco na montagem. o puzzle é todo branco e torna-se difícil de montar - foi neste momento que pensei que talvez não tivesse feito a melhor opção em termos de puzzle. o grupo não ficou muito preocupado com isso, pois estavam todos muito intrigados com a caixa.
a C. queria ir ver a caixa que estava em cima da mesa, de onde eu tinha retirado o puzzle - acontece que essa caixa não era daquele puzzle, era daquele que eu inicialmente tinha comprado. havia muitos braços no ar para responder. às tantas o JP disse que "a maioria de nós já sabe que aí está uma peça, pois quando tu abanaste fez barulho". pediram-me que abanasse a caixa, mais algumas vezes. queriam apurar se seria uma ou mais peças. aliás, levantou-se a questão de ser outra coisa, de vidro por exemplo.
lancei a segunda pergunta: "Podemos saber o que está dentro da caixa sem abrir a caixa?”. o grupo dividiu-se entre SIM e NÃO. o JP reformulou a sua ideia: afinal, não tem a certeza do que lá está dentro. podem não ser peças: "percebemos que há alguma coisa lá dentro, mas não sabemos O QUE É"
e depois?
depois tivemos que parar para dar os parabéns à F., espreguiçar e arrumar os cadernos da filosofia.
o tempo útil da aula foi curto, tendo em conta a "invasão" de umas "coisas aquáticas" no início da aula. passo a explicar: a criançada compra umas bolinhas pequeninas, feitas de não-sei-bem-o-quê nas lojas chinesas. ao colocar essas bolinhas em água, crescem. ficam do tamanho de berlindes, por exemplo. hoje toda a minha gente tinha essas "coisas aquáticas" (foi assim que lhes chamei) nas garrafas e inclusivamente num saco de plástico. depois da azáfama de guardar esses "bichos da água" num local seguro, depois de conversarmos sobre a troca ou não de lugares, só aí é que começámos o nosso trabalho do pensar.
para a semana continuamos a nossa investigação.
obrigada, Tomás!
(nota: turma do 4º ano, 1º ciclo)