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filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças | formação (CCPFC) | cafés filosóficos | mediação cultural e filosófica | clubes de leitura | filosofia, literatura e infância

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12 de Abril, 2016

ainda sobre o jogo do conhecimento...

joana rita sousa

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hoje levei o jogo para trabalhar com um outro grupo de meninos. tendo em conta a disposição física desta sala, foi fácil todos se colocarem à volta do puzzle (que estava em cima da mesa, sem uma das peças) para averiguar "Como podemos saber se estão aqui as peças todas?". 

"falta pelo menos uma peça"

"temos que montar o puzzle, só assim é que sabemos"

"eu acho que falta uma peça dos cantos e mais três"

 

e partimos para a construção do puzzle. o primeiro menino que tentou acabou por desistir. "é muito difícil, pois não tem imagens, nem cor, nem palavras. está todo branco" 

houve outra menina que se ofereceu para montar. "eu acho que é fácil, é só encontrar os cantos". 

 

até chegarmos aqui eu peguei descontraídamente na caixa de cartão, de onde tinha retirado o puzzle e onde estava UMA peça, por acaso uma dos cantos. peguei na caixa e enquanto falava (como gesticulo muito) abanava a caixa. e ninguém, ninguém perguntou pela caixa. ninguém deu como hipótese a abertura da caixa para verificar. e senhores, eu andei pela sala com a caixa na mão, fi-la abanar. e fiquei à espera que o grupo reparasse nela. 

os meninos ficaram focados na ideia de haver um puzzle completamente diferente do habitual - por isso, recuperamos um exercício que já tínhamos feito no 2º período em torno dos "contrários" e do significado do "mas" numa frase. exemplo: o puzzle que está ali é branco, mas normalmente os puzzles têm cores. 

 

descubri uma coisa nova: este puzzle permite-se a ser montado de forma diferente àquela que podemos encontrar na sua base (que levo na mochila para o caso de ser necessário ter uma ajuda para montar o puzzle - já me aconteceu com dois grupos). e se for montado assim como a D. fez (cf fotografia) faltam mesmo quatro peças - "é só ver os espaços que faltam".

entretanto, estava na hora de espreguiçar, recolher os cadernos da filosofia e rumar para o descanso merecido após um dia de escola.

 

combinamos continuar o jogo. vamos ver se a hipótese da caixa vai ser colocada (ver o que lá está dentro) e verificar quantas maneiras há de montar o puzzle quando não sabemos qual é o número total de peças ou estamos a "navegar sem referências", sem imagens ou desenhos para nos apoiar na montagem. 

 

até agora todos os grupos, sem excepção, tinham colocado a hipótese de ver na caixa, a seguir a montar o puzzle. a minha experiência há muito me diz que cada criança é diferente - e cada grupo de crianças também o é, necessariamente.

foi super giro descobrir que há outras formas de montar o puzzle - o trabalho de perícia da D. levou algum tempo mas fê-la chegar a bom porto). foi giro vê-los hipnotizados com um objecto totalmente estranho, até então.

desliguei-me do "plano do jogo" e guardei os passos do jogo na mochila. é bom dar espaço e tempo para estas descobertas, espontâneas. afinal, quem "manda" nas sessões, oficinas e aulas de filosofia são as pessoas que nelas participam. o rumo é decidido por eles. nós temos que garantir que aquilo que se faz é filosoficamente interessante e se presta ao aprofundamento - também ele filosófico. de hoje a oito dias voltamos a este grupo e prometo contar como continuou esta investigação. 

 

(recordo que este jogo foi inventado e partilhado pelo Tomás, que entretanto apresenta novas propostas de trabalho com este jogo para ler AQUI