"...é uma descoberta de ideias!"

das coisas boas desta vida itinerante da filosofia é poder voltar aos locais onde já fomos felizes: entenda-se, onde já estivemos a filosofar. nestas semanas de férias da páscoa estou a ter o privilégio de voltar a estar com alguns meninos e meninas com quem filosofei no verão passado. verifico que estão mais crescidos e que se lembram de algumas coisas do que fizemos, há já alguns meses: a importância da palavra "porquê" e de justificar o que dizemos, os quantos-queres com perguntas, os jogos que envolviam cartas dos baralhos. 

para além do trabalho filosófico que estamos a desenvolver, a partir de jogos (ou descobertas de ideias, como dizia um dos meninos, hoje), é bom vê-los a crescer, na sua inteireza do ser. 

a M. conheceu-me na segunda-feira. estivemos - eu e o grupo ao qual ela pertencia - a trabalhar várias competências filosóficas, em conjunto. entenda-se, a fazer oficinas de perguntas, em que o mote para o pensar é dado através de jogos / desafios para o pensar.

no dia em que me dirigi à escola para fazer a última oficina com o seu grupo, a M. encontrou-me a subir na rua. ia na companhia da mãe.

correu para mim e deu-me um abraço.

- joana, hoje não vou trabalhar contigo na filosofia. mas já sei o que é!

- já sabes o que é o quê, querida? - perguntei.

- a filosofia. é uma disciplina que estuda as coisas da vida, disse a M., com um ar cheio de certezas.

mal sabe a M. que esta pergunta dá tanto que falar aos filósofos. o que é, para que serve, que valor tem, qual o seu sentido... 

despedi-me da M. com outro abraço:: "gostei muito de te conhecer, joana. e à filosofia!"