hoje estivemos a investigar o que são perguntas filosóficas (que tratamos por oportunas) e as não filosóficas (que tratamos por não oportunas).
e a discussão, perdão, debate ("joana, isto é um debate de ideias, não estamos a discutir uns com os outros") incluiu momentos assim:
F - eu acho que essa pergunta não é da filosofia, é do estudo do meio. "como nasceu a terra?" é um problema de que falamos no estudo do meio.
A - ah sim? mas a filosofia serve para quê? para resolver problemas. então, é uma pergunta da filosofia. além disso. é uma pergunta que nós gostávamos de saber mais coisas.
o G. levanta o braço:
- eu tenho um contra contra o A.
[o "contra" é o nome que se dá ao contra-argumento, nesta comunidade de investigação]
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o debate continuou. a comunidade de investigação está cada vez mais autónoma e segura no gesto de pedir a palavra, argumentar, contra-argumentar. os meninos fazem sugestões para que as aulas aconteçam de uma forma ordeira de forma a que todos possam falar. e estamos a falar de vinte e seis crianças numa sala e de uma hora de trabalho por semana.
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surgem critérios: uma pergunta não filosófica pode reconhecer-se se for uma pergunta pessoal.
encontramos perguntas nas quais nos demoramos: "joana, acho que esta pergunta é mesmo difícil de arrumar!" e os alunos criam formas de resolução de problemas: primeiro surgiu uma gaveta temporária, das perguntas que não sabemos onde arrumar. depois, o A. sugeriu que houvesse uma gaveta dupla, para perguntas que são filosóficas e que também não são (entenda-se, que podem ser objecto da aula de filosofia e de outras aulas, de outras "áreas", como sugeriram alguns)
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são muitos meninos, já o disse. e são muitos a querer participar de forma muito intensa.
o S. esteve uns minutos à espera e quando lhe dei a palavra: "joana, acho que perdi a minha pergunta! estive com o dedo no ar tanto tempo..."
também a F. acabou a aula de dedo no ar: não houve tempo para falarmos todos. no final da aula, foi para o corredor, com o dedo no ar. fui buscar o casaco e veio ter comigo.
- joana, podes ajudar-me a vestir?
ela continuava de dedo no ar.
- ó meu amor, mas e esse dedo no ar... vais assim para casa?
a F. riu-se.
- vou, para não me esquecer da pergunta que queria fazer. já imaginaste, vou assim para a aula de natação e tudo!