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filocriatividade | #filocri

filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

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27 de Fevereiro, 2015

aprender a pensar?

joana rita sousa / filocriatividade

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o cenário: uma turma do 1º e 2º anos do 1º ciclo, cerca de 25 crianças em sala.

não me conheciam. disse-lhes apenas o meu nome. a conversa começou em torno do "o que é que vamos fazer aqui hoje?" 

"uma aula de aprender a pensar", disse um dos meninos.

a Matilde disse que não precisa de aprender a pensar, porque já sabe pensar. todavia, no decorrer do diálogo, ela mudou de ideias. "afinal eu já não sei pensar" - e pediu ajuda aos colegas, trocou ideias. apresentou exemplos. o Rafael partilhou uma história que envolvia trocar de brinquedos - descobrimos que não trocamos só de ideias, também podemos trocar de coisas. 

 

quando anunciei que a aula ia acabar a Matilde levantou-se e disse: "mas não podes passar o dia aqui connosco?"

infelizmente, não. mas prometi voltar, assim a professora da turma me abra as portas para continuarmos a investigar coisas sobre o pensar e o saber.

 

até já, Matilde 

 

27 de Fevereiro, 2015

da filosofia para crianças

joana rita sousa / filocriatividade

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a filosofia para crianças está (ainda) longe de ser um assunto pacífico. a própria filosofia também está longe de ser um assunto pacífico - parece-me natural que o mesmo aconteça à filosofia para crianças.

as metodologias vão muitas vezes DE encontro àquilo que acontece em sala de aula e o choque acontece. os meninos são os primeiros a sentir quando lhes é pedido que descubram, inventem, procurem, investiguem respostas em vez de lhes mostrarmos qual é a resposta certa. 

os pais. os pais também estranham: mas afinal do que é que se fala nas aulas? às vezes de coisas como "o que é uma pessoa", "os bonecos têm vida". joga-se aos "se". faz-se teatro a partir de perguntas. brinca-se com perguntas que aparecem em forma de cartas do baralho. temos um caderno onde podemos escrever aquilo que queremos. e os conteúdos? e a avaliação? e os critérios de avaliação? e o que significa aquele "não satisfaz"'? e o que é aquele "muito bom"? dizer que a criança revela pouco sentido crítico significa dizer que não tem sentido crítico? qual é o peso da avaliação na forma de entendimento da aec por parte das crianças? 

os professores também estranham. 

os outros colegas da filosofia também estranham.

faz parte do processo. enquanto a filosofia para crianças não se constituir como uma disciplina curricular, com um programa definido, com regulamentação a nível da formação - o caminho será sempre menos fácil para quem está no terreno. 

 

ficam as palavras de quem saúda o facto de haver filosofia para crianças, nas escolas públicas - as vozes da discórdia terão sempre lugar e com essas temos que aprender a lidar, esclarecendo, exemplificando, abrindo as portas para que entrem, estranhem e entranhem.

 

há dias um pai queixava-se que o seu filho não gostava das aulas de filosofia. "é uma seca", diz ele. esta noção de que os meninos só podem fazer aquilo que gostam parece-me demasiado cor de rosa e não os prepara para uma realidade onde temos que fazer coisas de que gostamos e coisas das quais não gostamos. não posso prometer a este pai ou a outro qualquer que os seus filhos vão gostar, sempre, do princípio ao fim, das minhas aulas. posso comprometer-me com as metodologias e com a relação de confiança que cultivo nas aulas, e que lhes dá espaço para que eles possam dizer o que gostam, o que não gostam, o que aprendem e o que sentem - desde que saibam dizer "porquê". 

27 de Fevereiro, 2015

comunidade de investigação: ON!

joana rita sousa / filocriatividade

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 kit preparado? vamos a isso! 

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os voluntários organizam as senhas que dão a vez para falar. sim, o entusiasmo é tal que o grupo decidiu criar senhas. e parece-me que está a correr muito bem!  

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 momento para troca de ideias - e argumentos. 

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 também há um voluntário para escrever o sumário, no final da aula 

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 há lá quadro mais interactivo do que este? 

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passo a passo: uma comunidade de investigação. 
há voluntários para gerir a vez de falar, voluntários para arrumar a sala, para escrever o sumário.
e há ideias que se partilham, surgem argumentos, contra argumentos. e o quadro improvisado torna-se interactivo.

- joana, as aulas assim são muito fixes.

pois são. e a responsabilidade é vossa, por estarem a aprender tão bem a gerir, a estar e a ser neste espaço de liberdade. 

sim, os meus alunos são os maiores