semelhanças e diferenças
depois de dialogarmos sobre o que é uma pessoa, sobre as diferenças e semelhanças ("as coisas iguais") entre o cão e a pessoa, chegou a hora de investigarmos melhor a diferença e a semelhança
recorrendo ao manual de apoio do livro Hospital das Bonecas, adaptei um jogo sobre esta temática. levei cerca de uma dúzia de cartas com coisas para compararmos e investigarmos. na primeira aula, trabalhamos "apenas" as diferenças e semelhanças entre uma boneca e um bebé.
"joana, isto dá mesmo muito trabalho. há tanto tempo que estamos a falar nisto", dizia-me a I. é verdade, há mesmo muitas coisas para investigar. concordas? "sim".
no final da aula tive direito a um abraço do R., cujo comportamento no final do 1º período e no princípio do 2º foi um bocadinho desagradável, por não permitir que a aula acontecesse com tranquilidade. dialogámos, a mãe interviu, a professora titular e o colega de educação física - em equipa - conseguimos "trazer" o R. de novo para as aulas. de tal forma que, agora, é dos meninos que mais participa oportunamente. e no final, até trocamos um abraço.
é (por) isto que vale a pena.
o trabalho em regime de aec é gratificante pelo contacto com os meninos, pelo facto de termos o privilégio de fazer parte das suas vidas. hoje sei que o G. adora perguntas, que a M. é um bocadinho tímida, mas gosta de me dar um beijinho de fim de semana. sei que a B. tem um mano de 4 anos e que queria muito uma bicicleta no natal - e sei isso porque a B. veio falar comigo no intervalo, só para me contar estas coisas. sei que o F. não gosta muito das minhas aulas, mas faz um esforço para participar. sei que o G. não gosta das minhas aulas, nem de trabalhar as perguntas. sei que a G. não gosta muito da franja - e tem dificuldades em escolher, tal como a maioria dos adultos que eu conheço.
o desafio é diário: todos os dias faço 40 km para estar com os meninos na ingrata hora das 16h30/17h30. ingrata pois o cansaço deles já vai adiantado. na hora de caminho que me demora a ida e a volta, penso em estratégias para os surpreender, para os cativar, para lhes estimular a curiosidade. e quando regresso, tenho a alma "carregada" de abraços.