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filosofia para/com crianças e jovens | mediação cultural e filosófica | #ClubeDePerguntas | #LivrosPerguntadores | perguntologia | filosofia, literatura e infância

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29 de Fevereiro, 2012

Da Filosofia Aplicada às necessidades filosóficas das pessoas, nas empresas e organizações : publicação do projecto de tese

joana rita sousa / filocriatividade


«Descartes inaugura a ideia de método na Modernidade através da sua reflexão epistemológica. Dispor de uma ferramenta básica para realizar o caminho com segurança e certeza, para descobrir “com claridade e distinção” o melhor dos trilhos, constituiu um leitmotiv que nunca abandonou. A Filosofia Aplicada, parafraseando outro racionalista sem comparação, ajuda a orientar-nos na vida. Saber orientar-se, afirmava Ortega y Gasset, requer uma detenção sobre aquilo que somos e sobre o nosso “cicun-mundo” ou a nossa “circun-stância”. As metodologias de Filosofia Aplicada que constituem este livro são um passo mais para que a Filosofia Aplicada se compreenda a si mesma, e uma via para que a luz continue a entrar nas suas fendas eclipsadas.»

ainda durante o ano de 2011 tive oportunidade de ver o projecto de tese (defendido no passado dia 28 de Fevereiro) publicado numa obra editada pelo Professor José Barrientos Rastrojo e da qual constam trabalhos no âmbito da filosofia aplicada.

o livro encontra-se disponível AQUI.
29 de Fevereiro, 2012

Da Filosofia Aplicada às necessidades filosóficas das pessoas, nas empresas e organizações - justificação do papel do consultor filosófico

joana rita sousa / filocriatividade




ontem, no ISLA Lisboa, apresentei (e defendi) a dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Gestão em Recursos Humanos; trabalho que teve a orientação do  Professor JoseBarrientos  Rastrojo (Universidade deSevilha, Espanha). o júri foi composto pelo orientador da investigação, bem como pelo Professor Rocha Machado e o Professor Luís Teixeira.

porque a defesa é pública, considero que os agradecimentos também o podem (devem?) ser. aqui ficam.


«- Estás a pensar outra vez? – perguntou a Duquesa, enterrando mais fundo o queixo bicudo.
- Tenho direito a pensar – ripostou Alice com aspereza porque começava a perder a paciência.»
CAROLL Lewis – As Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho. – Relógio D’Água: Lisboa, 2000, p. 104


Ao Professor Doutor José Barrientos Rastrojo, por aceitar esta orientação na hora, sem hesitar; pelo incentivo em dar este pequeno passo na Filosofia Aplicada; pelas partilhas, pelo apoio na investigação e na tomada de decisão; e sobretudo pela amizade.

Aos meus professores um muito obrigada pelas noites (por vezes longas) de aulas e de aprendizagem, de partilhas, de questionamento e de bons momentos.

Aos meus colegas de mestrado: companheiros de viagem, «we’ll always have vodka em tubos!»

Em especial, à Isabel, à Vera, à Ana, à Carla e ao Jorge: o melhor do mestrado implica-vos a todos em momentos mais ou menos académicos.

Um obrigada muito especial à Alexandra: ainda bem que me sentei ao teu lado na primeira aula do mestrado; quem diria que essa escolha iria determinar a conquista de uma amizade e de um lugar junto da tua família? Mas como diz o povo, nada acontece por acaso e «às vezes o amor dá chorar» (e a tese também!).

Aos amigos «do coração» pelo apoio incondicional. Nisto, como em tantas outras coisas.

Aos pequenos-grandes Bernardo, Camila e Santiago. A uma «B-ervilhinha» que está a caminho!

 À Ana Cila e à Ana Dominguez pela compreensão, pelo apoio bibliográfico e de conteúdo. E pelas mãos dadas nesta «coisa do filosfofar».

À Celeste Machado, com quem partilho outras «guerras» no âmbito da Filosofia Aplicada. E uma amizade «muito enorme».

Ao Tomás Magalhães Carneiro, à Zaza Carneiro de Moura, à Dina Mendonça, à Graça Lopes, pela paixão pela filosofia e pelo trabalho sério que me inspira.

Ao Professor Óscar Brenifier pelos seminários vivos e de profundo questionamento.

Ao Nigel Laurie e à Shlomit Schuster, pelo apoio e partilha de artigos. Thank you very much!

Aos formandos; aos amigos e conhecidos das redes sociais pela generosidade de partilha, pela palavra amiga perante o desabafo. E acreditem que desabafei MUITO.

Obrigada a todos os que me fizeram acreditar que era possível, mesmo que não fosse perfeito.

Obrigada, também, a quem não acreditou neste trabalho. A vossa descrença constituiu-se como um incentivo fundamental.

 
Ouvi dizer numa das aulas do mestrado que a realização da tese era um processo solitário. Confirmo. E é um processo que promove a ausência de quem por ele passa junto das pessoas mais importantes. A mamãe Sabel (é assim que o mundo a conhece) e o meu irmão, João, são as pessoas que mais sabem como é que se consegue estar presente e ausente ao mesmo tempo. Dedico-lhes este trabalho, como tudo aquilo que faço na minha vida.
19 de Fevereiro, 2012

Os Eléctricos | Tour de Inverno - uma banda em busca do melhor concerto... o próximo!

joana rita sousa / filocriatividade

 
Os eléctricos fazem parte da estética da cidade de Lisboa. São um meio de transporte que nos permite viajar daqui para ali. Os Eléctricos fazem parte do mais recente panorama musical português. São um meio de transporte que nos permite viajar até aos anos 50. «Imagina que nós, músicos,  com o know how do presente, somos capazes de viajar até aos anos 50. Como seria uma banda dessas?» - pergunta Miguel Castro. Essa banda chama-se Os  Eléctricos. E se eles têm electricidade para dar e para vender!
O primeiro álbum da banda foi produzido por Miguel Castro, o homem da guitarra eléctrica, e editado pela Sony Music. Dele constam alguns originais e muitos temas revisitados e reinventados. Maria João Silva, Miguel Castro, Nuno Faria, André Lentilhas e Luís Gaspar abriram o armário da pop de ouro, dos anos 40 e 50, sacudiram o cheiro a naftalina e transformaram êxitos de outrora em temas actuais. E o som d’Os Eléctricos faz-nos duvidar se aquilo que estamos a ouvir são efectivamente músicas de outro tempo ou de agora.
A tour de inverno tem conhecido momentos calorosos, junto de um público que a própria banda desconhecia: «tem sido uma agradável surpresa descobrir quem é o público d’Os Eléctricos; conseguimos perceber que chegamos a pessoas de todas as idades» - partilharam connosco o André Lentilhas e o Luís Gaspar. Se as músicas são conhecidas dos graúdos, o ritmo mexe com os miúdos e dá-lhes a conhecer a música de nomes como Tony de Matos ou João Villaret.
Para Nuno Faria, Os Eléctricos traduzem-se efectivamente numa viagem ao passado e connosco recordou as matinés no Ginásio Clube de Português. Basta ouvir a música «Boite do Estoril» (que contou com a participação especial do Rui Reininho) para regressarmos a um ontem que, à conta desta banda, acontece hoje e amanhã. 
«Anda um cupido a voar por aqui» - canta Maria João Silva, acompanhada por quatro músicos que carregam consigo influências como o jazz, o rock e os blues. E é essa mistura que nos revela uma banda a quem reconhecemos uma identidade portuguesa, sobretudo quando se pega em músicas como Suspicious Minds, do «fadista» Elvis Presley e se canta com o sentimento de quem usa o xaile aos ombros e diz «obrigada, obrigada».
A banda tem vindo a percorrer o país em concertos, tendo no dia 10 de Fevereiro visitado o Centro Cultural Olga Cadaval, aquecendo as almas,as mãos e as vozes do público presente. André Lentilhas dizia-nos que Os Eléctricos são, sobretudo, uma fonte de divertimento e de convívio. Considerem que a missão, no Olga Cadaval, foi cumprida: entretenimento e diversão foram as palavras de ordem.



Próximas datas da Tour de Inverno:
Dia 02 de Março  às 22h00 - Lisboa, Auditório Carlos Paredes (J.F.Benfica)
Dia 03 de Março  às 22h00 – Sesimbra, Cine Teatro João Mota


Quem são Os Eléctricos?

Voz Maria João Silva
Guitarra Miguel Castro
Banjo e Guitarra Dobro André Lentilhas 
Contrabaixo Nuno Faria 
Bateria Luís Gaspar


11 de Fevereiro, 2012

Da irmandade à sede de poder e de ambição | Sobre AGORA, de Alejandro Amenabar, 2009

joana rita sousa / filocriatividade

Amenabar tem tido uma carreira muito própria na realização, tendo-nos presenteado com  verdadeiras obras de culto como Thesis (1996) ou Abre los Ojos (1997 – este filme foi a base do êxito Vanilla Sky, uns anos mais tarde).  2004 é o ano  da consagração com o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, pela película Mar Adentro. Em 2009 regressa com um filme em inglês, baseado na vida de Hipácia de Alexandria.

Hipácia foi uma filósofa e astrónoma de Alexandria, de quem nos chegaram apenas as palavras dos seus discípulos e o reconhecimento da importância do seu pensamento.  Preocupava-a o porquê das coisas e as respostas que não tinha para aquilo que lhe era desconhecido. E essa inquietação do ser é muitíssimo bem representada pela actriz que lhe dá corpo e alma em Agora, a britânica Rachel Weisz. 

O filme tem a mestria de nos colocar no centro do mundo, mundo esse que tem vindo a fazer justiça às palavras de Heraclito, que terá afirmado que a guerra é a mãe de todas as coisas. E é precisamente a guerra entre pagãos, cristãos e judeus que Amenabar ilustra em Agora. É revoltante assistir à destruição da biblioteca de Alexandria (quantos e quantos ensaios e estudos e pensamentos não terão sido perdidos no saque do ano 389). 

Hipácia interrogava-se (e conduzia quem a rodeava nesse caminho interrogativo) sobre o espaço que a Terra ocupava no mundo, interrogando-se sobre a imperfeição das coisas e a perfeição do círculo. Que forma perfeita subjaz a tudo isto? Esta pergunta era partilhada com os seus discípulos, mas também com os escravos que a acompanhavam.

A filósofa foi vítima dos fanatismos que opunham os cristãos, os judeus e os pagãos; foi ainda vítima da sua condição de mulher que incomodava por ter um lugar como conselheira de Orestes, o prefeito.
Não tem a espectacularidade nem o orçamento de Avatar; não tem as super star de Sherlock Homes; Agora apresenta-nos de forma simples, lúcida, como uma faísca de ódio pode destruir uma Biblioteca, vidas humanas, pensamento, relações, emoções, vontades, perguntas e inquietudes. É um retrato fiel e cru da forma como a humanidade tem vindo a «evoluir»: quando há receio perante o  que não conhece, a resposta é a violência.  

(trabalho realizado para a Webzine Muro)
11 de Fevereiro, 2012

Chorar e Secar | Teatro Turim

joana rita sousa / filocriatividade

Duas mulheres, duas cadeiras, uma mesa, dois monólogos. Não há conversa em cena. O diálogo  não existe. À primeira vista, pois na vida real estes monólogos cabem muito bem naquela conversa que eu ou tu ou aquele ou o outro temos com alguém.
Os lábios (de vermelho pintados) contam-nos duas estórias de vida, de adaptação ao mundo. Estórias contadas na primeira pessoa, aliás, nas primeiras duas pessoas que são as actrizes Anabela e Margarida Moreira. Vive-se nesta peça um interessante jogo de diferenças e semelhanças com a particularidade das actrizes serem gémeas. Esse é um dos pontos de união entre estas duas mulheres que, segundo o autor Fernando Villas-Boas, não se conhecem.
Conversamos com Raquel Dias, a encenadora, que nos falou da origem da peça. «Este texto foi uma «encomenda» que fiz ao Fernando, há já algum tempo. Mas ficou na gaveta, pois era um projecto para se ir fazendo.». A oportunidade de trabalho e parceria entre o Teatro Turim e a Voz Humana fizeram com que Chorar e Secar ganhasse corpo para ver a luz da estreia no passado dia 3 de Novembro.
Raquel Dias falou-nos, ainda, da forma convencional, mas eficaz, do processo de encenação e salientou o espírito de generosidade da equipa envolvida neste projecto. O teatro é um espaço onde a generosidade é comum e contagiosa (no bom sentido).
Chorar e Secar é uma peça sobre a dor. As dores de todos nós. E todos nós temos dores, ainda que as sintamos de forma diferente. O texto de Villas-Boas evoca essa semelhança e diferença, num cenário circunstancial de encontro entre duas mulheres. Mulheres decorativas, mulheres antagónicas, mulheres que procuram, mulheres que se acomodam. Mulheres que usam a máscara para fora e para dentro, vivendo a ilusão e a auto-ilusão, como quem se maquilha à pressa, para não chegar tarde áquele encontro.
O teatro pode muito bem ser definido como um convite à entrada num outro plano de existência. Até ao dia 27 de Novembro, o Teatro Turim convida-vos a entrar na existência confessional  de Mena e Luísa.

(trabalho realizado para a Rua de Baixo | Novembro de 2011)

11 de Fevereiro, 2012

Isto não é um filme. É a prisão domicilária (ou um domícilio de um prisoneiro).

joana rita sousa / filocriatividade

Micky é o cão da vizinha do segundo andar, do prédio de Pahani, cuja presença se revela insuportável. De tal forma, que ninguém quer tomar conta dele, nem que seja por apenas dois minutos. Conhecemos Micky no documentário de Pahani  que nos revela alguns momentos da vida do realizador, enquanto aguarda a resposta ao recurso da sentença que o condenou a 6 anos de prisão e a 20 anos de proibição em filmar ou escrever argumentos.

Nesse documentário, Pahani conta-nos a história de uma pequena actriz,  Mina, que a meio de um momento de representação grita: «eu já não estou a representar». Mina está a ser filmada num autocarro e exige que este páre e que a porta seja aberta para sair. Isto não é um filme é o momento em que Pahani, tal como Mina,  faz parar a cena, ao tornar a  sua prisão domiciliária num momento de criação daquilo que não pode existir: um filme realizado por si. O governo iraniano esquece-se que nem sempre aquilo que pode existir coincide com aquilo que existe. Pahani cria uma brecha de existência entre o que pode ser e aquilo que é, dando vida à contradição de liberdade que se respira entre quatro paredes. 

Voltemos a Micky. O cão que representa aquilo que é não devia ser. É o regime que amarra os seus cidadãos e os impede de criar, criticar e ser. Micky é um cão irritante que ninguém suporta, mas que todos conhecem. É um cão a quem alguns fazem frente. Como Pahani e  Mirtahmasb.

Pahani é, também, aquela rapariga que fica fechada em casa, porque a sua família não a pretende deixar seguir um percurso académico – é precisamente a estória desta rapariga que o realizador iraniano nos relata no seu último filme (por realizar, entenda-se). Pahani é (e não é), as personagens dos seus filmes, que buscam a essência do ser ser livre e criativo.

 O que Pahani propõe a Mojtaba Mirtahmasb é «criar uma imagem para que o espectador veja o filme que não foi feito».  O que restava a um realizador que estava proibido de realizar filmes? Que foi acusado de crime por realizar filmes? «Resta-lhe» representar  e ler argumentos (as únicas coisas que não foram consideradas crime  pela «justiça» iraniana).

Isto não é um filme ficou «famoso» por ter sido ultrapassado as fronteiras, em direcção a  Cannes, numa pen escondida dentro de um bolo. A mensagem dos cineastas, ao Festival de Cannes, foi: «A essência reveladora da arte ajuda o artista a vencer os problemas, mas também a transformar qualquer limitação em tema de trabalho artístico através do processo de criação».

Este filme, que não o é, foi apresentado no DocLisboa, no Cinema São Jorge, no dia 23 de Outubro de 2011. A sua exibição, a nível nacional, está agendada para o dia 3 de Novembro. 


(trabalho realizado para a Rua de Baixo | Novembro de 2011) 

11 de Fevereiro, 2012

Ovelappings - da arquitectura do lugar e das sobreposições do pensar|criar

joana rita sousa / filocriatividade

Estivemos à conversa com Ricardo Carvalho, um dos arquitectos cujo atelier está presente na exposição Overlappings. Uma ideia que nasceu em Londres, a convite do RIBA – Royal Institute of British Architects  e que se encontra, agora, em Lisboa.  Jonathan Sergison, o Comissário da exposição,  sublinha a capacidade de colaboração e de partilha de ideias que está por detrás desta exposição.  Do individual ao colectivo – eis o caminho que podemos percorrer em modo «overlapping», no Museu da Electricidade.

Quem se lembra  das arcas que eram utilizadas pelos nossos avós para guardar, entre outros, o enxoval? E que eram tão úteis para  transportar coisas, em momentos de mudança? Overlappings apresenta-nos seis ateliers de arquitectura «religiosamente» guardados em arcas, que já viajaram de Londres para Milão, Barcelona, Loulé e agora permanecem em Lisboa. Esta é uma exposição itinerante e verdadeiramente portátil.

Seis arcas, seis ateliers, seis capítulos de um mesmo livro em que se expõe a arquitectura portuguesa do agora.  Como é que se pensa uma exposição a seis? Ricardo Carvalho responde-nos, lembrando que a arquitectura é, por si, uma actividade partilhada e que exige uma equipa em torno de um projecto. «Os sete arquitectos aqui presentes  usufruem de um conhecimento mútuo e de uma proximidade pessoal que facilitou este trabalho, para além da cumplicidade conceptual em torno da arquitectura».  E nesta exposição encontramos um espaço de representação da arquitectura, sob seis formas diferentes. Os visitantes são, assim, convidados a ver a representação daquilo que existe algures por aí e que foi concebido pelos sete arquitectos. A ver e a reflectir, pois a arquitectura surge da reflexão permanente sobre o colectivo; é pensada e construída para o colectivo. 

Aires Mateus, Bak Gordon, Bugio.João Favila, I. Lobo, Paulo David, Ricardo Carvalho + Joana Vilhena: seis ateliers portugueses que nos solicitam um momento para ver aquilo que se faz, no momento, em arquitectura.  Cada arca transporta em si a ideia da arquitectura portuguesa e convoca o visitante a descobrir as diferenças que os ateliers apresentam na sua visão do mundo. A construção da exposição  também exigiu, por parte dos arquitectos, um momento de «parar para pensar, sobretudo para mudar a nossa relação com o próprio objecto da criação», disse-nos Ricardo Carvalho. 

Será surpreendente o facto desta exposição, de arquitectos portugueses,  ter nascido em Londres? Não. Na arquitectura, como em outras áreas, os portugueses e os seus trabalhos são frequentemente valorizados lá fora, quando em Portugal não passam de desconhecidos. A arquitectura portuguesa é acarinhada no estrangeiro, diz-nos Ricardo Carvalho, pelo facto de comportar três aspectos que a tornam única: é uma arquitectura situacional (enraizada nos lugares), é low tech e manifesta uma força poética muito forte. É essa força que nos distingue, enquanto portugueses, habituados a lidar com inúmeros obsctáculos quando queremos fazer algo. Sim, podemos afirmar com alguma segurança que  a arquitectura portuguesa terá o seu caminho internacional assegurado; mas o mesmo não podemos dizer do caminho em Portugal, uma vez que nos aproximamos de um estado em que a arquitectura será algo ao qual só alguns terão acesso, pelas óbvias dificuldades económicas que o país atravessa, bem como consequência da extinção do Ministério da Cultura. Exemplo desse caminho internarcional é a presença dos nossos arquitectos em exposições como Tradition is Innovation,  patente de 29 de Setembro a 11 de Outubro no Living Design Gallery Ozone,  em Tóquio.
Pedimos uma nota de optimismo: Ricardo Carvalho sugere que se abandone uma vivência superficial e construamos uma reflexão profunda, tendo por base a pergunta «o que é que eu posso fazer?».   
Antes que as arcas se fechem e rumem a um novo destino, convidamo-los a incluir na  vossa reflexão uma paragem no Museu da Electricidade, para ver o que de melhor se faz, nos dias de hoje, na arquitectura portuguesa. De escolas a hoteis, a grutas e casas, um museu e uma faculdade: encontrará de tudo um pouco, sempre em modo «overlapping».

O Museu de Electricidade, em Lisboa, acolhe a exposição de seis ateliers de arquitectura portugueses, até 11 de Dezembro. Não perca a oportunidade de presenciar uma leitura partilhada sobre a arquitectura portuguesa. 

(trabalho realizado para a Rua de Baixo | Novembro de 2011) 

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